[NARRADO POR MURILO FERREIRA]
A porta rangeu.
E eu entrei.
Devagar.
Como se cada passo fosse um estalo no peito.
No começo, eu não reconheci.
Era uma mulher.
Sentada.
Firme.
Terno escuro, cabelo preso, olhar afiado.
Mas o coração reconheceu antes dos olhos.
Porque quando ela levantou a cabeça… o mundo parou.
Melissa.
Meu mundo inteiro num só olhar.
Mas não era a menina da mochila colorida, nem a garota do brigadeiro, nem a mulher que me rasgou com palavras.
Era outra.
Era ela, inteira.
E diferente.
Mais forte.
Mais braba.
Mais linda.
E eu... eu travei.
Fiquei parado na porta como se tivesse levado outro tiro. Só que agora, no peito.
Ela me olhou.
Sem abaixar a cabeça.
Sem pedir desculpa.
Sem chorar.
E por um segundo, tudo dentro de mim gritou: CORRE.
Corre até e
