Chapter XVIII

3069 Palavras
Episódio: Can you feel the pain - Bem, achei essa sua ideia fantástica, mas infelizmente ainda não temos verbas suficientes pra isso. Uma biblioteca sairia extremamente caro para o que está disponível nos reparos da universidade. - Nem se eu desse um jeito de achar patrocinadores? Sabe, acho que várias bibliotecas públicas de Pittsburgh se sentiriam lisonjeadas de estarem atreladas a um projeto tão honrado. Sem contar que não precisaríamos de um quantidade excessiva de livros, poucos leriam eu acho. Mas é importante que esteja ao menos disponível ali pra eles.  - Entendo e aprecio sua preocupação, meu querido sobrinho. No entanto ainda não é conveniente que a administração financeira libere recursos para a construção da biblioteca em si, entende? Projetar toda uma estrutura, comprar materiais e contratar engenheiros sairia uma facada mesmo tratando-se de uma universidade tão bem renomada.  - Oh. - Louis bufou entristecido. - Não fique assim, Louis. Prometo que levarei essa proposta a diante. Conversarei com os outros reitores e tentarei chegar a um consenso... Até lá, fico feliz que esteja sendo participativo em sua experiência hands-on. - Obrigado, tio. - Tomlinson sorriu gentil. - Mas nada seria assim se não fosse por Harry. Ele é um paciente incrível. - Harry? Harry Styles? - Henry arqueou uma das sobrancelhas. - Você está cuidando dele? - Sim, estou sim. Por quê? - Nada. Ele era um paciente brilhante, lia bastante. Vejo o porquê de seu interesse em construir uma área com livros agora. Só... Tome cuidado com ele, sim? - Cuidado? Por quê? - Ah.. - Henry mordeu o lábio inferior piscando rapidamente, buscando alguma escapatória rápida em sua mente. - Ele só é frágil demais. Tivemos algumas certas ocorrências que o envolviam no passado, embora creio que já foi superado. Harry tem isso de se.. Apegar. - o adulto era minucioso em sua escolha de palavras. Louis rolou os olhos e suspirou audivelmente. - Juro que não entendo por que todos o tratam assim. O garoto m*l pode se aproximar de alguém que vocês já acham que ele está se apaixonando. Não deviam julgar tanto as ações e sentimentos dos pacientes, na verdade. - Louis disse com certa entonação irritada, apressando-se em levantar da poltrona e sair daquela sala antes que fosse rude ou algo do tipo. Longe dele falar qualquer maldade para o tio que tanto amava. - Eu não compreendo o porquê de vocês dizerem isso, mas eu e Harry nos damos bem. Eu odeio a ideia de ser só um assistente pra ele. Nós somos amigos. Eu me ofereci pra ser seu amigo. Tomlinson estava caminhando em direção a porta. - Louis, espere! Não fique chateado, rapaz, foi só um alerta inocente. - Sim, tio. Talvez inocente para nós, mas certamente se ele escutasse isso acharia que estão tratando-no como uma aberração que m*l pode conversar com alguém antes de morrer de amores. Ele pode ser carente, mas não é desesperado.  E com isso o moreno fechou a porta e marchou para longe do prédio principal. ... Três dias depois... - Okay... E o que eu deveria comentar a respeito disso? - Nada. - Louis revirou os olhos. - Certo.. Então espera que eu te veja levando um buquê de rosas para o hospital psiquiátrico e não pergunte nada? Embora já saiba exatamente pra quem elas irão pertencer... - Liam sugeriu com um sorriso malicioso. Louis o deu um soco no ombro pouco se importando se ele estava dirigindo em plena rua movimentada dentro do campus ou não. - Ouch! - Pra sua informação... Um: não, elas não são para o que você pensa.. São para Sky. Sky ama flores. - Louis mentiu. - Dois: tire essa merda de sorriso do rosto antes que eu o lamba inteirinho com o resto de café que tem na minha língua. - Okay. Então um: desde quando você é tão específico para comprar rosas vermelhas para um inseto quando ele pode se alimentar das flores que têm no canteiro do pátio... E dois: EW! - Só dirija, Payne. Só dirija. ... Assim que arrumou todas as fichas e se vestiu corretamente com seu jaleco, Louis descobriu que Harry não estava já em seu quarto.. E sim levando sua "borboleta" para passear nos corredores do hospital. Levou algum tempo extra até Louis finalmente encontrá-lo vagando sem rumo no quarto andar com o bichinho no meio de sua palma... Era tão estranho a ideia de Harry estar conseguindo domesticar uma borboleta quando dizem que na verdade esses insetos morrem de medo do humanos. Mais uma prova de que Harry não era humano, e sim algum tipo de divindade com corpo de anjo e alma de homem. Louis estava prestes a chamar seu paciente dos cachinhos chocolate com um buquê escondido em suas costas quando trombou sem perceber em algum corpo. Levou alguns segundos para recobrar a noção das coisas até notar que quem estava ali com um sorriso na sua frente era Matthew. E bem, não era só um sorriso, era um sorriso extremamente grande que cobria toda sua face, sem contar que seus olhos brilhavam olhando algo abaixo. Louis não entendia o porquê do corredor inteiro estar observando-os - inclusive Harry - enquanto ele estava estático e apenas esbarrara sem querer no amigo. Bom, até Matthew meio que dar pulinhos de alegria. - Ow, Lou! São pra mim?? Não precisava! Quê? Do que ele est- - Eu amo rosas! - Matthew disse com um suspiro, puxando para si o buquê da mão de Louis que antes estava escondido atrás de suas costas mas durante o ato de manter equilíbrio pra não cair no chão acabou por revelar-se na direção de Matthew. Louis queria muito dizer não e tomar o ramalhete que o custou dezesseis dólares de volta, entretanto um conjunto de suspiros e "Own!" emitidos por todos os funcionários que os observavam deixara a tarefa impossível. Ele não iria fazer essa desfeita logo com alguém tão gentil e aparentemente estonteado diante o pequeno agrado de flores que "recebera". - Eu não acredito! - comentou sorrindo. - Pensei que não iria me chamar pra sair nunca e muito menos me mandar qualquer mensagem de celular. Estou tão contente! Sério! - Matt sussurrou para ele, ignorando o tanto de olhares alheios que ambos recebiam. - Esse talvez não seja o melhor lugar para demonstração afetiva... Talvez podemos nos encontrar mais tarde? Depois do expediente? - Ér.. É... - Louis já não tinha palavras em sua boca. Tudo o induzia a dizer um belo "isso foi um engano, desculpe" mas ele também se odiaria se magoasse mais uma alma que cruzara seu caminho. Depois de traumatizar tantos garotos e garotas na faculdade, além de Nick, quem era ele pra rejeitar mais uma pessoa? - Claro? Er.. Claro, quis dizer. Depois nos encontramos... - Okay. Estacionamento às 18 e lá trocamos uma ideia sem estar em público, o que acha? - Legal... - Ótimo! - Matthew sorriu animado piscando discretamente com um dos olhos. - Vou indo, obrigado pelo presente.  Louis assentiu e continuou andando na direção do que agora era um Harry acuado que focava seus olhos e atenção somente na borboleta, sem esboçar emoções externas. Apesar de não demonstrar muito de suas feições, em seu rosto havia vestígio de tristeza ou chateação, embora Styles nunca fosse admitir isso. Louis se aproximou dele sorrindo. Estava perturbado por seu plano de fazê-lo uma surpresa ter dado completamente errado, entretanto ele sabia que poderia recompensar isso algum outro dia. - Olá Cachinhos. Olá Sky! Harry, que até então estava extremamente decepcionado e entristecido meneou levemente a cabeça e vestiu um sorriso muito falso no rosto. Seria mentira se Louis dissesse que não ficara um pouco assustado com o olhar intimidante de Harry. Ele não estava com o sorriso brando de sempre e nem com os olhinhos verdes brilhantes. Pelo contrário. Sua express parecia forçada e até certo ponto intimidadora. Depois de tanto conviver com Harry Louis poderia reconhecer suas expressões de longe, e agora, apesar do sorriso grande e falso, os olhos de Harry denunciavam o vazio. Era claro que ele não estava bem. Mas também não queria se mostrar m*l. E o resultado foi um sorriso muito falso e uma tentativa árdua de mostrar o seu melhor.. O que no final denunciou seu contrário. - Olá Louis. - Harry puxava cada vez mais os lábios. Suas pupilas estavam tão vazias que Louis praticamente enxergava um vácuo dentro deles. - Er, tá' tudo bem? - Sim.  - O que está fazendo? - Ahm.. - Harry suspirou profundamente, como se procurasse forças pra continuar ali, pra não fazer com que essas novas barreiras se desmoronassem naquele instante. - Sky me disse que queria ver o hospital. Estamos passeando desde manhã.  Louis se sentia estranho ao lidar com Harry sendo estranho. Sim. Estranho é a palavra ideal. - Ow, saquei. Já já será hora do almoço, vamos?- Louis ofereceu ao cacheado. O sorriso falso que amostrava perfeitamente sua linha dentária falhou um pouco, mas ele tratou de piscar rápido para retoma-lo e forçar sua voz mais agradável para responde-lo: - Não precisa vir. Eu vou com Sky. - e dito isso Harry acenou brevemente com a cabeça e "fugiu" rapidamente dali. ... Louis estava frustrado. Todas as suas tentativas de conversar com Harry ou ao menos ficar perto dele têm sido em vão desde manhã. Ele não se sentia bem pra ficar no quarto com a presença de Tomlinson então estava sempre andando pelos corredores e área livre com sua borboletinha.  Toda vez que eventualmente se esbarravam e Louis o avisava que era hora dos remédios ou de preencher sua avaliação médica Harry era excessivamente simpático com ele. Mas não saía da cabeça de Louis que essa simpatia era vazia. Ele escutava o tom excessivamente contente de Harry como um grito de desespero mascarado em alegria. Ele olhava dentro das íris esverdeadas e não encontrava absolutamente nada. E muito menos aquele sorriso que não o agradava nem um pouco, pois não era uma amostra de felicidade, e sim uma nova barreira forçada que ele montara em volta de si. E Louis estava honestamente exausto destas barreiras. Porque se Harry não estivesse escondendo seus sentimentos, então ele estaria demonstrando os errados.  Quando Louis conseguia tirar aos poucos tais tijolos, Harry os colocava mais uma vez. Entretanto Tomlinson nunca foi um rapaz de desistir fácil, e ele estava disposto a desmontar esse "forte". Nem que tivesse que tirar os tijolos com a própria mão. Um por um. ... Hora de colocá-lo contra a parede. No bom sentido. - Louis pensou. Era o momento de banhar-se. Harry não pudera achar mais desculpas para evitar Louis porque, bem, ele só poderia tomar banho com Louis no mesmo cômodo. Louis esteve esperando o dia inteiro por agora. Ele iria enfrentar Harry. Styles fingia que tudo estava bem, nada errado. Sorria a toa com seus dentes aparecendo. Esbanjava uma alegria contestável. Logo que entraram na casa de banho e Louis trancou a porta do recinto, Harry tratou de se apressar e se afastar o máximo que podia dele. Louis revirou os olhos. - Okay. Então pode me dizer agora? Harry arqueou as sobrancelhas e expressou confusão. - Perdão, dizer o que? - falou com a voz muito mais mansa do que geralmente usava, e claro, acompanhada de um sorriso despreocupado. - Dizer o que tem de errado.. - Mas não há nada de errado, Louis. - Harry disse fingindo algum tipo de choque. Encenação. Isso para Louis não passava de encenação. Afinal, suas aulas de teatro durante o High School serviram para distinguir quando as pessoas estavam atuando, quando elas estava vivendo e quando elas estavam existindo. Harry se encontrava cambaleando em uma linha tênue entre estes três tópicos. - Harry, é sério. O que foi que deu em você? - Louis questionou um pouco sem paciência. Aquela versão robótica e falsa de Styles o incomodava horrores. - Deu em mim? Não estou entendendo, Louis. - Harry negou enquanto se despia e entrava debaixo do chuveiro, não se importando se Louis estaria observando-o ou não, o que era uma resposta óbvia já que Louis sempre teve respeito pelo maior e sempre se virava de costas durante seus banhos. - Você está errado.  - Errado? Do que diz? - questionou abrindo a torneira e esperando a água esquentar. Argh! Harry se fazendo de desentendido provocava uma vontade imensa de Louis arrancar todos os fios de seu cabelo, porque ele sabia que no fundo Harry entendia exatamente do que se tratava. Aquilo era pura tortura para a paciência curta de Louis. Enquanto Harry se ensaboava e se enxaguava rapidamente (querendo vazar dali a todo custo), Louis respirava fundo a fim de recuperar sua consciência antes de falar merda. Ele tinha que lembrar que Harry era extremamente sensível e vulnerável, mesmo que estivesse tentando se passar como "o indestrutível". Assim que Styles desligou o registro e o barulho de água parou de escoar pelo local, Louis resolveu retomar o assunto. Ao girar seu corpo em 360 graus, deparou-se com um Harry de cachos pingando com uma toalha branca enrolada desde seu peito, da maneira que garotas fazem ao sair do banho e enrolar suas toalhas no corpo. Isso fez o coração de Louis derreter um pouco.  - O que tem de errado contigo, Haz? - Louis perguntou suavemente, aproximando-se do maior enquanto este desdobrava uma veste azul bebê nova. Não era como se fosse de sua escolha a cor da veste, todos os internos usavam a mesma de acordo com seus níveis de doença. O rosa era para as pessoas fáceis de se lidar. O azul claro para aquelas calmas mas que esporadicamente ficavam agressivas. E o vermelho para as consideradas mais propensas a ataques de agressão e histeria. Harry passou a roupa por cima de sua cabeça e ajeitou-na no corpo, podendo remover a toalha úmida presa a si já que estava todo vestido. - Não sei ainda sobre o que diz, Louis. - Harry comentou com a mesma bosta de voz. Aquilo foi o suficiente para Louis retornar a sua agonia. Não era nem que ele estivesse bravo, porém sim frustrado. Muito frustrado. Ele queria seu cacheado de volta e não essa cópia robótica dele. - Digo que você está errado. Mais errado que o normal! - Louis praticamente berrou. Isso fez com que Harry se encolhesse um pouco, desmanchasse durante frações de segundos sua imagem de inabalável e recuasse meio passo. Seu sorriso falso vacilou e suas pálpebras tremeram.  Ele não queria demonstrar o quanto as palavras do moreno o chatearam- que foi muito. No entanto ao que Louis arregalou os próprios olhos digerindo o que acabara de fazer, Harry se endireitou e retomou a pose, fingindo que nada havia acontecido. - Me desculpe. - Louis proferiu sincero.  Ele havia sido rude. Muito rude. E isso fora uma facada no meio do peito de ambos. Harry o encarou diretamente e esboçou mais um de seus sorrisos sem emoção.  - Tudo bem. - disse-o com a voz carregada de sutileza. Merda. Louis queria bater com a cabeça na parede e depois bater a cabeça de Harry na parede. Ele resolveu tomar uma atitude mais drástica antes que fizesse os dois. Aproximou-se mais do encaracolado que estava prestes a sair e segurou-o firme nos pulsos. Harry estava claramente assustado com o ato e contato físico repentino, dando um breve pulinho. - Harry, me ouça. Pare. Pare de fingir que não há nada de estranho acontecendo porque você está sim estranho. E eu sei que você quer esconder a p***a dos seus sentimentos pra demonstrar que é forte e não tem nenhuma fraqueza. Então pare de me desafiar. - Desafiar? - Harry arqueou uma das sobrancelhas. Ambos estavam muito próximos. Louis o puxava para mais perto. - Sim. Eu sei que você tem varias fraquezas como qualquer outro. Você só não entende que não há problema algum em torna-las transparentes. Eu enxergo bem dentro dos seus olhos esses sentimentos tristes. Você está triste. E eu me atreveria a dizer que tens até segurado algum choro. - Louis disse em tom convicto e firme. Esse era o único modo de despertar alguma reação não falsa em Harry, de acordo com seu pensamento. Harry por sua vez parou de sorrir e se inclinou, levando seus lábios para próximo da orelha de Louis. - Eu não preciso me esconder atrás de falsas feições. Sabe por quê? Porque eu não tenho sentimentos. - disse fria e monotonamente, afastando seu rosto o suficiente para fazer contato visual com Louis, encarando-o como se o desafiasse. Labaredas podiam expelir de suas íris. Tão intenso. - Oh, não? Jura? Vai dizer que eu ter te falado para parar de ser errado, mais errado que o normal, não o feriu?  Louis estava indo longe demais. Cada palavra era um corte novo no estômago de Harry, que a cada segundo considerava a tarefa de respirar mais difícil. Ele se forçava a manter os muros que o protegiam ali, embora estivessem prestes a serem demolidos. Essa era a única defesa que Harry acreditava ter contra si próprio e outros. Ele respirou e utilizou o resquício de força que resguardava no fundo de seu peito para responder Louis. - Não me feriu, Louis. Porque eu estou acostumado a ser tratado como a pessoa errada. Eu não estou mais errado ou menos errado, eu simplesmente sou errado. Você é só mais um que está jogando isso na minha cara. Alguém que acha que tem algum tipo de i********e comigo. Mas vamos deixar uma coisa bem clara pra nós dois: você é como todos os outros. E com isso Harry se desvencilhou do aperto de Louis em seus pulsos e os puxou para si. Bastou um último olhar para Louis em que Harry queria mostrar sua superioridade. Entretanto o que aconteceu foi o contrário. Porque por mais que seus lábios se curvassem naquele sorriso grande e falso, seus lábios tremiam levemente, seus olhos já não estavam mais tão vazios e sim preenchidos de mágoa - marejados, além da leve tremedeira de seus ombros. Harry havia sim conseguido destruir Louis, mas acabou se destruindo junto.  E os dois sentiam como se tudo estivesse prestes a acabar. Harry que não suportava mais a falta de oxigênio em seus pulmões começou a andar em passos apressados para fora do cômodo, deixando que a porta se fechasse bruscamente ao sair.
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