Episódio: You Found Me
- Certo, eu ainda não acredito nisso. - Liam comentou enquanto descalçava seus chinelos e se lançava no sofá macio da sala, sentindo o cansaço enlaça-lo enquanto se afundava no estofado cor de caramelo.
O apartamento de Louis e Liam era basicamente grande. Mais do que o necessário para abrigar apenas os dois, entretanto Payne sempre teve esse favorecimento econômico e seus pais insistiram para que ele o alugasse em um dos melhores prédios de repúblicas.
O que no final não foi de fato uma república, porque Louis e Liam decidiram morar sozinhos lá ao invés de rachar o aluguel com outros filhinhos de papai esnobes.
A mobília era incrivelmente bonita, a maioria dos móveis tinham uma pegada retrô em tom carmesim ou caramelo. Desde as cortinas cor creme com rendas até o conjunto de mesa e cadeiras com tampo de vidro.
Se dependesse de Louis tudo estaria uma bela bagunça. Ele simplesmente não ligava pra essas frescuras e não se importava de evitar desordem.
Mas, graças a Liam, que contratava uma diarista ao menos duas vezes por semana ou mesmo limpava o lugar por si próprio quando sobrava tempo, o apartamento continuava impecável.
( menos o quarto de Louis, claro )
- Nem eu estou acreditando! - Louis murmurou e se jogou no outro sofá já pegando os consoles do Playstation4 para jogarem Fifa. - Achava Harry tão bonzinho!
- O quê?! - Liam comentou incrédulo. - O que na verdade eu não estou acreditando é o quanto você pode ter sido i****a! Você é um o****o, Louis, falou essas merdas pro garoto e esperava que ele continuasse o que? Sorrindo?
Louis bufou dramaticamente.
- Não! Nem me fale a palavra "sorrindo"! Aquele sorriso forçado dele estava me assustando!
- Argh! Já pensou que você pode ter cagado com tudo e ele nunca mais vai voltar a te tratar igual?!
- Nossa, Liam. Muito obrigado mesmo, agora me sinto bem melhor e mais confiante! - ironizou. - Sim, eu sei que eu caguei, só não entendo por que que do nada Harry ficou estranho pela manhã!
- Louis, você é burro ou te pagam pra isso? c*****o, não tá' na cara que Harry ficou morrendo de ciúmes de você com Matthew?!
- Ciúmes? Isso é ridículo! Aliás como você soube dessa parte da história??
- As notícias correm rápido por aquele hospital, aliás eu estava no mesmo andar quando aquela baboseira aconteceu. Eu vi tudo. Principalmente o olhar machucado de Harry enquanto ele observava você entregando as flores pra Matthew.
- O quê? Não, eu não entreguei! Ele que pegou e se auto-dispôs pra sair comigo! Não planejei nada e não foi a minha culpa... E, argh, cale a boca, Harry não estava com ciúmes, ele deve ter ficado chateado porque eu não trouxe flores pra ele também.
- Seu i****a, isso se chama ciúmes! - Liam acusou rindo provocando um revirar de olhos de Louis que não hesitou em mostrar o dedo do meio para ele. - E também, você nem me contou como foi esse tal encontro de vocês? Me conte tudo!
- Pra quê, Liam? - Louis questionou desinteressado em passar informações.
- Porque sim, oras. Vocês saíram juntos depois do expediente. Pra onde foram?
Tá. Louis aceitou que não conseguiria escapar da entrevista chata que seu amigo curioso o faria, portanto deu pausa no jogo e se sentou direito no sofá.
- Bem, a gente se encontrou no estacionamento e eu o perguntei pra onde ele queria ir. E ele estava envergonhado demais pra falar, então eu o levei no Starbucks-
- Starbucks? Louis você é a pior pessoa pra levar pessoas a encontros!
- Eu só queria ir em qualquer lugar perto, ok? Na minha mente quanto mais rápido voltássemos melhor seria. - resmungou. - Achava que seria uma merda de qualquer forma, queria me livrar daquela situação.
- Espera. Então você usou o "achar" no pretérito imperfeito... O que significa que talvez você tenha mudado de ideia?
- Pare de ser nerd. E sim. Eu mudei. - Louis sorriu de canto. - Acabou que foi legal.
- Oh my! Me relate mais! Agora! Vocês se beijaram?!
- Não, Liam. Eu acho que julguei Matthew m*l. Pensei que ele seria desesperado igual todos os outros, mas Matt foi gentil e simpático o tempo inteiro. Arriscaria em dizer que ele seria um bom amigo, temos um gosto parecido também. Sentamos no mezanino, cada um pediu um Frappucino diferente e passamos o tempo zoando as pessoas bizarras que já cruzaram nossos caminhos. Ele me contou de várias experiências engraçadas que o manicômio o proporcionou. Foi divertido.
Liam estava com o queixo caído e literalmente pulou do sofá e fez uma expressão exagerada de surpresa.
Louis arqueou uma das sobrancelhas mas nem teve chances de falar nada porque Liam começou a apontar em sua direção.
- Você vai chamar ele pra sair de novo!
- O quê? Não, não vou.
- Louis, pare de mentir! A gente se conhece há anos e eu faço psiquiatria forense. Se tem alguém no mundo que conheço dos pés à cabeça esse alguém é você.
- Ta, e daí se eu quiser chamar ele pra sair de novo?!
- E Daí?? Não trate isso como nada, você sabe que significa bastante até. Faz tempo que você não sai com ninguém e não dá atenção a suas necessidades de homem.
- Eu sai com Nick...
- Não, você transou com Nick. Há uma grande diferença entre sair e t*****r. Mas enfim, me diga, o que te atraiu em Matthew??
- Deus, estamos parecendo garotinhas adolescentes conversando sobre crushes!
- Ai, deixe assim ser por um dia. - Liam revirou os olhos.
- Tá. Bem, eu não gosto de Matthew, mas tenho alguma simpatia por ele. Ele não é misterioso nem nada, o que deixa a desejar um pouco, porque é meio entediante não ter o que desvendar em sua personalidade. Matt é simpático e fisicamente bonito. Seus olhos não são verdes nem nada, sabe. Mas o que aprecio nele é seu sorriso. Tem covinhas. E eu acho covinhas muito adoráveis.
O sorriso de Liam foi gradualmente se transformando em uma expressão séria.
- Ué, que foi baleia Orca?
- Louis, você está me descrevendo como garoto ideal alguém que se parece com um rapaz que eu conheço...
- Ah, nem me venha com ess-
- Você está comparando ele com Harry, Louis. Se liga. E sabe o que isso me leva a concluir? Me leva a concluir minha teoria de que Harry não foi o único que se apegou em toda essa história...
- Espera, você está bravo agora?!
- Não, Lou. Eu só fico inconformado que você é tão confuso mas não admite pra si mesmo que no fundo já fez sua escolha, por mais errada e fora dos eixos que ela seja. Você escolheu Harry e está na fase de negação.
- Liam Payne sinceramente eu desisto de tentar te mostrar o contrário e mostrar pro resto do planeta o contrário. p***a, sair com Matthew não basta pra vocês? Esperam que eu peça ele em casamento pra finalmente entenderem que que eu não estou a fim do Styles?!! - Louis disse frustrado, quase berrando. Ele se levantou e se pôs frente a frente de Liam, encarando-o severamente.
- Sabe o que é mais triste nisso tudo, Lou? Você acha que está enganando a gente, mas na verdade só está enganando a si próprio.. E quando decidir aceitar a realidade, talvez quem não te aceite mais seja Harry.
E com isso Liam se ausentou da sala, indo para seu quarto.
...
Liam estava certo quando disse que a relação de Louis com Harry mudaria drasticamente.
Durante todo o resto da semana Harry não olhava pra cara de Tomlinson e muito menos dirigia uma palavra a ele.
Louis achou que seria fácil no começo. Ele disse a si mesmo que poderia lidar com essa atitude "birrenta" do cacheado.
Alias foi assim que Louis encarou as atitudes de Styles, como pura teimosia.
Ele achava que Harry eventualmente gritaria com ele e o diria o quão i****a ele é e assim ambos voltariam a se tratar como antes, no entanto isso nunca aconteceu.
No final Louis até desejava que Harry o fizesse...
Porque se existia um sentimento pior que raiva, é indiferença (o jeito que ele tratava para as coisas que o feriam).
E obviamente Harry não odiava Tomlinson. Ele jamais admitiria... Mas estava profundamente machucado.
E não era fácil ignorar a existência do moreno enquanto ele o dava os medicamentos, ou fazia as perguntas das fichas médicas.
Mesmo assim Louis sempre sorria internamente quando chegava no quarto e se deparava com Harry sentado fitando o horizonte com a borboletinha pousada na palma de sua mão. Tão bonito.
Infelizmente ele não saía mais do quarto nem ía passear ao ar livre pelo pátio do Hospital. Infelizmente ele passava o dia todo na mesma posição, sentado, olhos fixos e vazios, sem se comunicar com ninguém.
Infelizmente, Harry já havia se perdido de novo.
Nem mesmo Zayn era capaz de fazê-lo falar uma palavra.
Malik não o presenciava há um bom tempo assim.. Quebrado.
E isso cortava seu coração, principalmente porque sabia que esse comportamento tinha alguma relação com Louis, já que o mesmo também andava tristonho e não cumpria mais horas extras no trabalho.
Louis literalmente não tinha noção do que fazer, de como abordar Styles e pedir desculpas.
Então por receio e dúvidas deixou-se levar pela situação.
Era claro que Louis morria de vontade de balançar Harry pelos ombros e olhar no fundo de seus olhos, tentando encontrar alguma vida neles.
Mas sua falta de coragem o impedia.
E nem ele mesmo entendia o porquê.
No entanto Liam e Zayn entendiam.
Ambos entendiam que Louis estava sendo um covarde por opção. No fundo, Louis tinha medo de chegar em Harry para se abrir e acabar descobrindo de alguma maneira que sim, Harry estava gostando dele. E então ele não poderia lidar com isso pois se achava fraco demais para lidar com sentimentos verdadeiros.
Afinal cá entre nós, sua relação com Matthew era pura comodidade.
Em compensação ele e Matt vinham se encontrando diariamente após o expediente.
Eles íam a cafeteria, compravam café e conversavam. Era uma boa distração pra Louis. Entretanto nada além disso, uma distração. Apesar de que Matthew não encarava isso desse modo, e sim uma aproximação natural e saudável entre os dois.
Matthew tinha vinte e quatro anos e sempre foi um homossexual mais extrovertido e exagerado, entretanto conforme adentrou na vida adulta aprendeu a controlar esse seu lado todo colorido e vestir uma máscara mais séria.
De qualquer modo sempre que voltava pro próprio lar ele ficava mandando várias mensagens apaixonadas pra Louis - que bem, por sua vez respondia uma ou outra de maneira curta e precisa.
O que ninguém descobrira era que toda vez que Louis ia embora Harry encaixava seu rosto entre as grades da porta e observava-o esbarrar com Matthew até que os dois se cumprimentavam e saíam juntos.
....
- Harry, cansei. Podemos conversar como gente grande faz? - Louis pediu bufando enquanto Harry tomava banho em silêncio.
E foi o silêncio que persistiu em reinar no cômodo.
O registro do chuveiro foi desligado e Louis ainda não recebera uma resposta de Styles.
O de olhos azuis encostou sua testa na parede e descansou-a ali tendo esperanças de que logo o cacheado diria algo, qualquer coisa.
Harry vestiu sua roupa com a expressão vazia, fingindo não ter escutado nada.
Ele não permitiria Louis perceber que toda vez que ele falava alguma coisa isso o afetava e seu lábio tremia levemente.
Ele não permitiria Louis saber que o Harry de que ele conhecia sempre esteve ali, só estava escondido por trás de sua antiga fantasia.
Porque, sinceramente, antes de Tomlinson chegar existia Harry Edward Styles, o vazio. E então Louis começou a preenche-lo com vida, fez-o experimentar espasmos de alegria, mudou-o por inteiro.
E Harry já não conseguia de fato ser o mesmo de antes, talvez porque nem desejasse.
Ele poderia encarar a parede branca por horas e ainda assim teria pensamentos correndo por sua mente, sentimentos acelerando seu coração.
Não era como antigamente, em que ele se deixava em "transe" e desligava suas emoções, se acostumando a ficar inerte da realidade.
O problema de ser feliz é que a felicidade vem acompanhada da tristeza, porque desde que Louis se despedia e ia embora todas as tardes, o que restava era a solidão e as memórias boas de seu assistente sorrindo com ruguinhas nas laterais dos olhos.
E aí junto com a tristeza volta o receio de ficar mais triste ainda.
Ele queria confiar nas pessoas. Queria confiar em Louis e dá-lo a chave para destrancar sua alma. Mas não o fazia porque já fora despedaçado demais para entregar o poder de quebrarem-o de novo, mais uma vez.
Harry só queria no fundo que alguém pegasse esses pedacinhos e os colassem para que ele pudesse se recompor, recompor seu antigo e feliz "eu" de anos atrás.
Entretanto isso não passava de uma utopia. Uma ilusão.
E Harry não permitia que ninguém se aproximasse novamente porque ele conhecia a si próprio e sabia de seu dom de se abrir para os que discretamente confiava.
Ele confiou em Louis. E Louis o machucou.
Mas nada foi culpa do moreno. Harry sabia disso. Sabia que a culpa foi dele próprio por de repente esperar muito das coisas e colocar expectativa em sentimentos que jamais funcionariam. Harry era familiarizado com essa propensão de se auto-machucar.
Depois que se prova da felicidade o gosto permanece derretido na boca, contudo quando algo a destrói, esse sabor é substituído pelo amargo, azedo... E Harry tentava não esboçar
caretas ao provar dessa amargura. Ele queria mantê-la quieta bem debaixo de sua língua.
Portanto ao ouvir Louis tentando falar com ele, Harry apenas fechou os olhos espremendo bem suas pálpebras e respirou fundo.
Apoiou-se na bancada da pia mordendo o lábio inferior.
Mas ao que Tomlinson se virou em sua direção ele rapidamente retomou a pose de insensível e se endireitou, ocultando qualquer indício de dor de seu rosto.
- Harry, pare de me ignorar, sério. Por favor a gente passou os últimos dias assim e eu sei que você tem me evitado.. Só quero que você preste atenção em mim e interaja comigo.
Não obtendo reações do garoto estático que ocupava-se em encarar a própria imagem no espelho com os olhos fixos em qualquer ponto, Louis resolveu se aproximar.
E isso o dava a sensação de dèjá vu. Entretanto a diferença era que dessa vez ele não tinha a menor intenção de ferir ou ser rude com Styles.
Harry notou a aproximação mas fingiu não notar, apesar de ter engolido a seco audivelmente.
- Me desculpa, Harry. Eu não queria ter ferido seus sentimentos de modo algum.
Compreendendo que Louis não desistiria fácil, Harry tomou fôlego e se virou para ele.
Apesar de seus olhos terem um pingo de tristeza, ele persistia em mascarar isso, e vestiu o sorriso falso de antes, encarando Louis com intensidade e desafio.
Oh não. Louis detestava quando Harry ficava atuando.
- O que faz você pensar que me machucou? Não entendeu da última vez, Louis? Não pense que és alguma coisa ou alguém que consiga me atingir. Você não é nada pra mim. - Styles pronunciou com um tom forçado de superioridade.
Se esse era o único jeito de afastar Louis de si, então ele encenaria seu comportamento "v***a".
As palavras acertaram em cheio o coração de Louis, no entanto seu cérebro continuava-o lembrando que elas não tinham significado. Ele era estudante de psiquiatria forense, sabia exatamente quando alguém está se esforçando para dizer algo que não quer realmente dizer.
Ele sabia que Harry só o empurraria para longe de novo.
- Haz, me escute. Pare de agir assim. De verdade. Você é tão importante pra mim, mas agindo dessa forma me deixa angustiado e frustrado e fora dos meus eixos emocionais.
Harry desviou a conexão de olhares e olhou para baixo, porém não abandonando sua pose de inabalável.
- Esse sou eu, Louis.- proferiu simplesmente com a voz falsa e "gentil". Mas seu sorriso forçado já estava se desfazendo, por mais que Harry se esforçasse para mantê-lo lá, o sorriso estava sumindo de seu rosto.
- Não. Esse não é você, Harry.. Porque eu conheço o verdadeiro Harry, e ele é agradável, espontâneo, natural... Quando eu olho pros olhos do verdadeiro Harry vejo o par mais brilhante de esmeraldas que existem entre todas as joalherias, eu vejo a jóia mais rara delas. E é esse Harry que eu quero de volta, o garoto que por mais que tente negar, ele sente, como todos os humanos. O garoto que sempre ao sorrir tem o poder de me contagiar. É com esse Harry Styles que eu preciso falar agora. E eu sei que ele está bem ai, então me deixe encontrá-lo, por favor.
Harry estava estatístico e pálido. Seus membros se congelaram ao passo que seu coração aqueceu. Essa era uma sensação inteiramente inédita e ele não tinha noção de como lidar com ela.
O pobre menino se sentia sem roupas, pelado. A fantasia que usava evaporara de sua pele e ele se sentia exposto.
Seu sorriso cedera lugar para um morder forte de lábios e seus olhos vazios já transpareciam um milhão de sentimentos embaralhados, sobressaído deles estava a dor.
Harry fitou os oceanos de Louis hesitante.
Ele procurava qualquer indício de falsidade e enganação, mas Louis transmitia sinceridade e conchego.
- Esse Harry Styles está perdido. - Harry pronunciou com uma voz extremamente fraca, saindo como um sussurro. - E ele não quer ser achado, então pare de chama-lo, por favor. - o garoto suplicou com os ombros tremendo, parecia pequeno, diminuído, assustado.
Harry não poderia se permitir sentir tudo isso. Ou ele sabia da primeira consequência: se apaixonar. E com ela a segunda: se quebrar.
Eles estavam a alguns poucos passos de distância, e Louis queria diminui-los e abraçar fortemente seu paciente.
Entretanto enquanto caminhava para mais perto, Harry começou a recuar e negar com a cabeça.
- Eu não quero sua pena. - disse firme.
- Essa é só a minha compaixão. - Louis respondeu-o no mesmo tom, avançando sem se importar.
- Eu não pedi por ela. - Harry afirmou novamente, mas já não andava pra trás, estava estatístico meio que permitindo que Louis quebrasse a distância entre eles.
- Mas você precisa dela agora.
E com isso Louis envolveu seus braços ao redor de Harry e o puxou para si.
Fechou os braços por suas costas como se estivesse trancando um pequeno tesouro em um baú... O que não deixava de ser verdade.
Harry estava ainda meio parado, sem reação.
Ele sabia o que era certo a se fazer: empurra-lo.
Mas não queria isso.
Porque esse abraço estava sendo a melhor coisa que teve durante estes cinco anos no Hospital. Ele finalmente se sentia em um lar.
Aquela sensação de abandono permanente parecia ter sumido e em seu espaço estava uma sensação de calor, conforto, algo que jamais lhe ofereceram sem pedir nada em troca.
E Louis estava proporcionando-o aquilo de graça.
Com o tempo Harry relutantemente passou a abrir seus braços também e envolve-los timidamente pelo tronco de Louis, abraçando-o de alguma forma.
Ainda era estranho todo esse afeto e carinho. Porém um estranho bom.
Harry não estava acostumado então o abraço não sairia na posição perfeita porque ele não fazia ideia de como se encaixar no corpo que havia se encaixado tão bem nele.
Entretanto, como se fossem duas peças de um quebra-cabeça se unindo, ele conseguiu. Ele o abraçou devidamente de volta.
E já não estava muito assustado.
Louis o transmitia segurança.
- Não me odeie, por favor. - Louis proferiu em meio ao abraço.
Harry afundou seu rosto em sua clavícula aspirando aquele perfume delicioso da Hugo Boss.
Assim que achou ter retido cheiro suficiente para lembra-lo pro resto da vida, Harry se desvinculou do abraço e passou a encarar no fundo das pupilas de Louis.
Ali estava o Harry de sempre.
- Eu nunca conseguiria te odiar. Olhe pra você e olhe pra mim. Você vê que o único aqui com o poder de odiar e rejeitar é você? Se você quiser pode sair e nunca mais falar comigo que eu não vou ter o direito de reclamar.
- Ah, Harry. Não denigra sua própria imagem. Você sabe que isso não tem absolutamente nada a ver.
- Não, Lou. Eu já aceitei as minhas condições de existência, e elas envolvem eu ser submisso a o que quer que aconteça. Porque eu não valo a pena.
- Eu quero te mostrar o contrário, Harry.
- Não tem c-
E antes que falasse mais uma palavra,
Lábios adocicados grudaram no seu.