Jully
Não é nenhuma surpresa que Ares ganhou dos dois corredores com quem competiu, e como sempre, eles ficaram irritados com ele, principalmente pelo fato de ele correr e sair logo depois.
— Para onde vai o seu queridinho depois de todas as corridas? — Maicon veio até mim assim que me viu chegar. — O que diabos ele tem tanto a esconder? Por acaso é feio?
Revirei os olhos, sorrindo.
— Garanto que é bem mais bonito do que qualquer um aqui. — Respondi e vi os olhos das garotas ao redor brilhando. — Um verdadeiro deus grego.
— E por que ele não se junta aos outros corredores? Com as meninas? — David perguntou.
— Ele está o tempo inteiro com a mulher mais interessante e bonita dessa pista, para que ele precisaria ficar entre essas... nem tenho um nome para isso. — As mulheres me olharam feio. — Avisem ao papai que eu não vou para casa hoje.
— Sabe que ele não gosta disso, Jules, se prepare para mais um sermão daqueles.
— Sou maior de idade, vocês lembram, certo? — Bufei. — Se quiserem, posso me mudar, alugar um apartamento e ir viver minha vida. A escolha é de vocês.
— Sabe que não é isso que queremos.
O clima entre nós é sempre uma mistura de afeto e frustração. Eles são superprotetores e preocupados comigo, o que às vezes pode ser sufocante, mas também é bom saber que tenho irmãos que se importam comigo. No entanto, a sombra de Ares sempre parece pairar sobre nossas conversas.
— E você, Jules? — Maicon arqueia a sobrancelha. — Alguma novidade na sua vida amorosa? Ou continua sendo a só a amiguinha do fantasma?
Revirei os olhos com uma careta.
— Não começa, Maicon. Não é porque sou amiga dele que tenho que ficar respondendo a essas perguntas.
David ri, se juntando à provocação.
— Acho que ela está escondendo algo. Ele está protegendo algum segredo seu?
Cruzo os braços, irritada e divertida ao mesmo tempo.
— Sério, vocês dois são insuportáveis. E não, ele não está "protegendo algum segredo meu". Nós somos amigos, apenas amigos. Não acredito que tenha que explicar isso toda vez.
Maicon levanta as mãos em sinal de rendição.
— Tudo bem, tudo bem, não precisa ficar toda defensiva. Apenas estamos cuidando da nossa irmãzinha.
Respiro fundo, tentando não me deixar levar pela irritação. Eles só querem o melhor para mim, mesmo que às vezes seja difícil de lidar.
— Agradeço a preocupação, de verdade. Mas posso cuidar de mim mesma, e meu relacionamento com ele é entre nós dois. Não tem nada de mais nisso.
Eles trocam olhares, mas não insistem mais no assunto. Eu sei que nunca conseguiria convencê-los de que não há nada romântico entre mim e Ares. Mas também sei que, no fundo, eles só querem me proteger, assim como eu quero protegê-los. Somos uma família complicada, mas no final do dia, estamos sempre lá um para o outro.
Ares estava na garagem me esperando e, assim que entre, me recebeu com um sorriso enorme.
— Tenho uma surpresa para a melhor amiga do mundo!
— E onde é que ela está?
— Deixa de gracinha, está pronta? Podemos passar no apartamento para pegar algumas roupas suas.
— Eu não tenho roupas no seu apartamento. — Fiz careta.
— Tem sim. comprei para você, por mais que te ver com as minhas roupas seja muito, muito sexy, acaba com o meu psicológico!
Dei um tapa no braço dele.
— i****a! O que está aprontando Sr. Deus grego?
— Você vai ver quando chegar, é surpresa!
Ares estava na garagem me esperando e, assim que entrei, ele me recebeu com um sorriso enorme.
— Tenho uma surpresa para a melhor amiga do mundo!
— E onde é que ela está?
— Deixa de gracinha, está pronta? Podemos passar no apartamento para pegar algumas roupas suas.
— Eu não tenho roupas no seu apartamento. — Fiz careta.
— Tem sim. Comprei para você, por mais que te ver com as minhas roupas seja muito, muito sexy, acaba com o meu psicológico!
Dei um tapa no braço dele.
— i****a! O que está aprontando, Sr. Deus grego?
— Você vai ver quando chegar lá, é surpresa!
Eu sabia que Ares tinha um jeito único de me surpreender, e seu sorriso travesso só aumentava minha curiosidade. Ele sempre gostava de me manter no escuro até o último momento, o que podia ser emocionante e um pouco frustrante ao mesmo tempo.
Enquanto dirigíamos pelas ruas da cidade, nossos olhares se encontraram por um momento, e ele piscou para mim. Ri da sua expressão e balancei a cabeça.
— Você é impossível, Ares Bacelar.
Ele sorriu, seus olhos faiscando com diversão.
— A vida seria um tédio sem um pouco de imprevisibilidade, não acha?
Assenti, Ares sempre foi uma figura intrigante na minha vida, desde o momento em que nos conhecemos. Aos poucos, ele se tornou meu melhor amigo, meu confidente e, em muitos aspectos, minha âncora. Mesmo com todas as suas atitudes extravagantes e sua reputação horrível, havia um lado dele que poucos conheciam, um lado que eu conhecia e valorizava.
— Você realmente colocou isso aqui? — Apontei para a foto em que estávamos fazendo caretas para a câmera.
Ares deu de ombros, um sorriso brincando em seus lábios.
— É uma lembrança nossa, eu gosto das nossas lembranças. Além disso, você não acha que ficamos incríveis nessa foto?
Revirei os olhos com carinho.
— Claro, você está irresistível com essa cara de b***a.
Ele riu, pegando uma mochila e começando a jogar algumas roupas dentro.
— Pegue o que precisar. Vamos pegar a estrada em breve.
Enquanto ele terminava de se arrumar, fiquei olhando para a foto por um momento. Eu estava curiosa sobre a surpresa que ele estava planejando, mas uma coisa eu tinha certeza: com Ares, nunca havia um momento monótono.
Peguei algumas roupas e coloquei na mochila, e logo estávamos a caminho. A música tocava no carro enquanto Ares dirigia, e eu não pude evitar cantarolar junto com a melodia.
— Você está arruinando a música, Jully. — Ares riu, lançando-me um olhar divertido.
— Ah, cale a boca! Eu canto muito bem, não enche. — Fiz uma careta em resposta, fingindo indignação.
Ele soltou uma risada ainda mais alta e aumentou o volume da música, quase ensurdecedor. Começamos a rir juntos, e logo estávamos ambos cantando desafinadamente e fazendo caretas exageradas para cada verso da música.
— Se isso não é uma tortura musical, eu não sei o que é. — Ele brincou, fingindo tapar os ouvidos.
Ele olhou para mim por um momento, seus olhos encontrando os meus com uma intensidade que me fez ficar sem jeito. Então, ele sorriu, aquele sorriso genuíno e caloroso que só eu conhecia.
A viagem continuou com risadas, músicas e conversas. Era assim que nossa amizade funcionava, um constante equilíbrio entre a diversão e a profundidade.
— Você sabe que já sei para onde estamos indo... conheço muito bem esse caminho.
— Mas você não sabe o que tem lá.
Ares me vendou antes de descermos do carro.
— Se eu cair, você me paga! — A colina era um tanto íngreme e eu poderia acabar tropeçando nas raízes das árvores.
— Bem-vinda à minha surpresa, Jully. — Ele disse, tirando a minha venda.
Meus olhos se arregalaram assim que vi a casa que estava ali.
— O que é... isso? está brincando? Mandou construírem uma casa aqui?
— Você se esquece qual o ramo da minha família, e ainda mandei um paisagista fazer o jardim de acordo com as flores que conseguem resistir ao solo. — Ele sorriu. — É o nosso cantinho, e está bem perto da árvore onde marcamos nossas iniciais. Queria ter feito ao lado dela, mas precisava de uma clareira mais plana.
— É incrível! Ares, eu nem sei o que dizer...
— Pode começar com um: eu faço a pipoca!