JAMILE O portão de embarque parecia outro mundo. O piso brilhava, o ar-condicionado gelava mais do que devia e as pessoas caminhavam apressadas com malas que soavam como trilha sonora de aeroporto. Mas o que me chamou atenção de verdade foi o avião parado na pista de vidro, do lado do finger. Pequeno demais pra ser comercial, luxuoso demais pra ser coincidência. As linhas lisas, a fuselagem branca refletindo o sol, a escada já pronta esperando. Olhei pra ele, depois pro homem ao meu lado. — Esse avião… é particular? perguntei, sem disfarçar a surpresa. — É do senhor? Maximiliano tirou os óculos escuros devagar, pendurando no bolso da camisa. O olhar dele veio direto, pesado, e a boca se curvou naquele sorriso curto, quase vulgar. — Não, Jamile. É nosso. disse, a voz grave, carregad

