Judith
— Bom dia, Senhor Hill e Senhorita Evans!
— Bom dia, Albert! — Meu chefe e eu respondemos em uníssono, nos acomodando a uma mesa redonda de um restaurante.
— Tomei a liberdade de pedir o nosso café da manhã. Assim não perdemos tempo em resolver alguns detalhes do nosso contrato, tudo bem?
— Por mim tudo bem. — Collin Hill responde usando o seu melhor tom profissional e logo dois garçons se aproximam para servir a mesa.
— Gostaria que vocês conhecessem a Matilda Slin. Ela será a sua editora e a Senhorita Evans ficará responsável pelos detalhes do seu livro. — Collin informa
— É um prazer, Senhorita Slin!
— A propósito, eu gostaria de lhe dizer que o seu…
De repente, o meu celular começa a vibrar sobre a mesa, chamando não só a minha atenção, mas a de todos na mesa e imediatamente encerro a chamado de um número desconhecido, lançando um pedido de desculpas mudo para Collin do outro lado da mesa.
— Como eu estava dizendo…
Matilda é novamente interrompida e dessa vez o Barão me lança um olhar repreensivo.
— Me desculpe! — sibilo incomodada, encerrando a chamada novamente.
— Parece importante. — Collin retruca.
— Não deve ser nada demais — ralho, me ajeitando em cima da cadeira.
— Enfim…
Matilda retoma a palavra quando o aparelho volta a vibrar e irritada com tamanha insistência, peço licença e me afasto para atender.
— Eu retorno assim que puder! — rosno, desligando no mesmo instante e com um sorriso amarelo retorno para a mesa. — Por favor, podem continuar.
— Tem certeza? — Collin resmunga.
— Tenho — respondo, mostrando-lhe com prazer o aparelho desligado e em seguida o jogo dentro da minha bolsa.
Contratar Albert Cool é mais do que conquistar nosso primeiro cliente aqui na Inglaterra. É a certeza de que vamos começar com o pé direito, pois segundo Matilda Slin esse é um escritor de mão cheia. E após ouvir alguns pequenos trechos do seu romance Dois Estranhos na Colina eu não tive dúvidas.
É, parece que estou aprendendo a ter o faro de Collin Hill para futuros bestsellers.
— Está sendo um prazer assinar com vocês, Senhor Collin! — O jovem escritor diz, ficando de pé e aperta a mão do meu chefe, depois a de Matilde e por fim, a minha. E após ele se retirar não seguro um sorriso satisfeito.
— Barão! — A voz imponente do Duque de Birmingham causa um certo estremecimento dentro de mim e incrédula olho para trás, encontrando um par de olhos irritadiços me encarando.
Irritadiços?
Sério?
— Sua graça! — Collin o responde de maneira formal.
— Senhorita Evans! — balbucio, tentando me reestabelecer.
— Sua graça!
— Ah, essa é Matilda Slin, minha editora e redatora. — Collin faz as apresentações, porém, nossos olhos permanecem conectados até ele abrir um sorriso e estender a sua mão para a minha colega de trabalho.
— Bom, eu preciso ir ver alguns contratos com a gráfica. Será que você pode…
— Na verdade, eu gostaria de roubar a sua assistente por alguns minutos, meu caro amigo. — Thomas interrompe o Barão, que me lança um olhar escrutínio. No entanto, ele faz um sim para o seu amigo.
— Só uma pequena correção. A Judy não é mais a minha assistente. Ela é chefe de edição e em breve a tornarei vice-presidente da Publishing Hill LTDA.
— Eu não sabia. — Thomas fala sério demais.
— Oh! — É tudo que digo, pois estou tão surpresa quanto.
— Na verdade, eu já devia tê-la dito isso a mais tempo, mas nunca é tarde para prepará-la para esse momento, certo Judy?
Sorrio em resposta e na minha empolgação, abraço demoradamente o Barão.
— Definitivamente eu não esperava por isso — sibilo emocionada.
— Agradeça a minha esposa e sua amiga. Ela viu esse potencial em você. — Meu sorriso se amplia.
Contudo, um pigarrear atrás de nós, me faz afastar do meu chefe e amigo.
— Como disse, eu preciso ir. Até mais, Thomas e cuide da minha futura sócia.
— Até mais, Barão! — E logo que Collin, e Matilda saem nos deixando a sós, encaro o olhar duro do Duque. — Por que não atendeu o meu telefonema? — Um rugido baixo escapa da sua boca.
— Eu estava trabalhando, sua graça. O Senhor não deveria estar fazendo o mesmo a essa hora? — O respondo com certa petulância.
E sério, não me reconheço nesse personagem tão confiante e atrevido. Com Thomas por perto e simplesmente não consigo ser a garota doce que sempre fui. A verdade, é que sempre que ele me dirige a palavra tenho uma pedra na mão para lhe tacar. Deveras, ele é naturalmente arrogante e irritante, e eu não suporto pessoas assim perto de mim.
— O que você quer de mim, Thomas Elliot Birmingham Terceiro? — O Duque ergue as sobrancelhas para o fato de eu citar seu nome completo. Contudo, ele aponta uma cadeira atrás de mim.
— Vamos tomar uma xícara de café enquanto conversamos. — Ele convida, fazendo um sinal para o garçom e ele mesmo faz o nosso pedido.
— Sobre o que? — O fito do outro lado da mesa.
— Da última vez que conversamos você saiu apressada e espero que possamos terminar aquela conversa.
— Desculpe, mas faltou algum detalhe em nossa conversa?
— Muitos detalhes, Senhorita Evans.
— Pode falar, sua graça — rebato no seu mesmo tom de desdém.
— Para começo, vamos nos casar em quinze dias…
— Como é que é? — O interrompo aturdida.