Judith
Horas mais tarde…
Você enlouqueceu, só pode ser isso! Retruco mentalmente após tocar a campainha da enorme porta de madeira maciça da mansão de Birmingham e quando penso em desistir, a porta se abre, revelando uma linda e sorridente jovem usando um uniforme impecável que tem um brasão com algumas iniciais no seu peito direito.
— Oh, você deve ser a nova empregada. — A garota ralha com certo desdém, olhando-me de alto a baixo. E no ato, faz uma cara enjoada para mim.
— Oh, não! Na verdade, eu me chamo…
— Você não deveria estar aqui e menos ainda, tocar a campainha da casa. — Ela me interrompe e eu penso em me explicar, mas ela continua. — Sua graça não permite a entrada de pessoas como você pela porta da frente. — Franzo a testa para essa sua observação.
Pessoas como eu?
O que ela quer dizer com isso?
— Ah, é que não eu sou…
— Sugiro que siga pela lateral da mansão e que entre pelas portas dos fundos.
— Me desculpe, mas…
— Por que você ainda está aqui? Vai! Vai! Vai! — Ela pensa em fechar a porta na minha cara, quando uma voz grossa soa bem atrás dela.
— Senhorita Evans, que bom que veio! — Surpresa, a garota desvia seus olhos julgadores de cima de mim para fitá-lo, mas logo o seu olhar aturdido está em cima de mim outra vez.
Petulante, arqueio as minhas sobrancelhas para ela, que volta a me olhar da cabeças aos pés e logo o seu olhar parece frustrado.
— Vamos, entre! — O duque pede e imediatamente ela se força a dar-me passagem. Logo abro um sorriso amistoso, adentrando o hall elegante que é pelo menos duas vezes maior do que o meu apartamento inteiro e logo que o duque se aproxima, ele me ajuda a me livrar do meu casaco, o entregando para a sua empregada atrás de nós. — Flora, nos sirva duas xícaras de chás no meu escritório, por favor! — Thomas pede sem ao menos olhá-la.
— É claro, sua graça. — Ouço o seu som desanimado, assim que o duque me aponta uma direção.
— É por aqui, Senhorita Evans. — Thomas leva a sua mão imediatamente para a base da minha coluna e guia-me para o outro lado da imensa sala. Não demora e adentramos um escritório que é comparável a uma imensa biblioteca devido as incontáveis estantes antigas repletas de livros de toda sorte. — Sente-se, Judith! — Thomas puxa uma cadeira para mim. — Quase não acreditei quando me ligou e disse que viria.
— Como você mesmo disse. Eu não quero um relacionamento com amor. E não pretendo formar uma família porque eu não quero que os meus filhos corram o mesmo risco de vida que eu tive.
— Entendo. — Fico feliz que ele não entre em detalhes dessa conversa. — E, você tem alguma objeção a fazer?
— É claro. Eu anotei algumas em um papel. — Mexo em minha bolsa, tiro um papel branco e dobrado ao meio, e lhe estendo no mesmo instante.
Ele sorrir desdenhoso.
— Quartos separados, isso é sério?
— Sim. Não entendo o porquê de estar surpreso, Senhor Birmingham. Eu não pretendo dividir uma cama com o Senhor. — Thomas meneia a cabeça em um sim. — A final só precisamos manter as aparências fora dessas paredes, certo? — Continuo.
— Certo. Aqui diz que você quer continuar trabalhando para o Barão de Luxemburgo. — Ele volta a fitar os meus olhos.
— Sim. Eu não quero ter privilégios de Duquesa ou coisa do tipo. E gostaria de manter o meu emprego.
— Fora de cogitação, Senhorita Evans! — Thomas rebate taxativo, abaixando o documento para me olhar melhor. — Uma Duquesa não deve trabalhar em uma repartição qualquer…
— Nesse caso, nada feito, sua graça! — rebato o interrompendo brutalmente e me ponho de pé.
— Sente-se, Judith! — Ele volta a ordenar. — Tudo bem dormir em quartos separados, e eu posso mandar colocar uma porta adjacente. Dessa forma fica até mais fácil manter as aparências dentro dessa casa.
— Aqui dentro? — Franzo o cenho.
— Os empregados e as minhas irmãs precisam entender que esse casamento é real, Senhorita Evans.
— Suas… irmãs?
— Logo você as conhecerá, Senhorita Evans. No mais, eu preciso que saia desse emprego o mais rápido possível e que seja a dona desta casa. E assim porá ordem nas minhas irmãs.
— Então você quer uma babá para elas? — retruco irônica.
— Não exatamente. Eu só quero que faça o seu papel de Duquesa. E no final de um ano darei a sua recompensa.
A minha recompensa?
— Do que você está falando, Senhor Thomas?
— Estou dizendo que será recompensada com um pedido, Senhorita Evans.
Pedido?
Isso está ficando cada vez mais maluco.
— Após cumprir com os seus deveres de Duquesa, poderá me pedir o que quiser, Judith.
— Entendi, mas eu tenho uma contraproposta, sua graça.
— Não! — Ele rebate firme.
— Eu continuo trabalhando para a editora…
— Eu disse que não!
— E ainda darei conta de suas irmãs
.
— Judith…
— E pousarei de Duquesa ao lado de sua graça em qualquer evento e a qualquer momento. E no final de um ano receberei o meu prêmio mesmo assim.
— Que seria?
— Eu vou pensar em algo. — Olho para o relógio no meu pulso. — O tempo acabou, sua graça! — aviso impetuosa, ficando de pé outra vez.
— Como assim, essa reunião ainda não terminou! — Ele se levanta, encarando-me duramente.
— Ela terminou para mim! — rebato firme. — Podemos decidir os detalhes e as datas no nosso próximo encontro se assim desejar. Até mais, sua graça!
Faço uma reverência, saindo do seu escritório em seguida e sigo com passos largos para fora do luxuoso casarão, sentindo o meu coração aos pulos devido ao tamanho da minha ousadia.