Episódio 5

1470 Palavras
Guardei o esfregão e abri o mecanismo de busca. Damião Voynov. Não há ninguém semelhante nas páginas das redes sociais em russo, mas em inglês... Descobri uma conta encerrada. E muitos artigos, fotos com empresários. Entrevista para a Forbes, inclusão no ranking dos bilionários do mundo. O meu queixo quase caiu junto com o telefone, que voou de minhas mãos em estado de choque. Ainda bem que caiu no tapete. E então a chave girou na fechadura. Fiquei congelada no local pela dormência. A resistência era como se um peso de cem quilos estivesse preso aos meus tornozelos. A porta bateu com força e esse som matou uma dúzia das minhas células nervosas. Prendi a respiração, ouvindo o homem sibilando m*aldições baixinho. E se eu me esconder no armário? Sim, esta é a melhor decisão das últimas 24 horas. Eu me dei um chute mental e saí para o corredor. Era como se eu tivesse emergido da água depois de quase me afogar. E eu me vi cara a cara com um predador faminto. Eu congelei, quando ele tirou a camisa. Senti uma onda de calor ao ver o seu peito nu e musculoso. O poder da fala me foi tirado. Eu m*al consegui me forçar a sair: — Olá, com licença, eu... Os pensamentos correram em todas as direções. Exceto por: Esse estava bem decidido em fugir. Damião parecia dia*bolicamente feroz. Provavelmente, o urso teria me cumprimentado de forma mais amigável se eu tivesse entrado em sua toca. Ele tirou a camisa dos ombros, jogou-a sobre a cômoda e tirou o smartphone do bolso. — Podem parar de procurar Elizaveta Vyazemskaya. Ele disse a alguém ao telefone. — Eu mesmo achei. Os seus lábios se curvaram num sorriso perigoso, que fez o meu sangue congelar nas veias. Damião não confiava na polícia para fazer buscas e ordenou que o seu pessoal me encontrasse? Por que? Fiquei surpresa ao perceber que ir até ele era uma péssima ideia. As pernas recuaram convulsivamente. Não há para onde fugir da fera furiosa. Ele atacará e morderá a minha garganta imediatamente. Ele se aproximou lentamente, antecipando represálias. O rato estú*pido caiu sozinho na armadilha. O meu corpo tremia com uma febre agonizante. Olhos negros me rasgaram profundamente. Eu estava sufocando, como se todo o ar do apartamento tivesse queimado, alimentando a sua raiva ardente. As minhas costas tocaram a parede. A blusa leve estava molhada nas costas de suor frio. — Você veio denunciar aqueles que a contrataram para extrair dinheiro de mim? O estrondo em sua voz fez os cabelos da minha nuca se arrepiarem. — Não, não, ninguém me contratou. Balbuciei com uma língua m*aliciosa. — Sério? As suas grossas sobrancelhas pretas se ergueram. Mas a surpresa foi fingida. Havia uma raiva sombria nos seus olhos. Damião chegou perto, e o cheiro forte e almiscarado do seu corpo nu fez o meu peito coçar. Não olhe, não olhe para esses músculos. Olhe nos olhos. Imagine que se trata de um cliente que veio fazer uma massagem. Ele desenvolveu músculos surpreendentemente. Nem um grama de gordura, nem inchaço. Músculos poderosos esculpidos impecavelmente. Talvez estejam muito tensos, como um predador prestes a saltar. Uma massagem relaxante não faria m*al. Eu só queria amassá-los, sentir com os dedos a dureza do aço, como ele se tornava elástico com as minhas carícias... ou seja, com os meus movimentos praticados. Ele agarrou o meu rosto pelo queixo e me forçou a olhar nos seus olhos. Os meus joelhos começaram a tremer. Um arrepio gelado arranhou a minha pele e um fogo começou por dentro. Os seus dedos cravaram-se dolorosamente na minha pele. — Seu lixo, pare de fingir ser uma ovelha. Ele sibilou na minha cara. — Você não vai me enganar uma segunda vez. Diga a verdade ou encontrarei um método eficaz para arrancar isso de você. Engoli convulsivamente. O pânico e o terror me atingiram com tanta força que os meus dentes bateram. O cérebro, por sorte, recusou-se a pensar, caiu em uma espécie de estado primitivo, no qual só há uma saída, diante de um grande predador, quando você não consegue escapar, tem que fingir que está morto. As minhas pernas estavam cedendo. Ele pode me bater se eu não falar, quanto custa isso para ele? Ele vai descarregar a sua raiva, assim como meu ex fez. A ameaça que pairava sobre mim com o golpe fatal da espada afrouxou a minha língua. — Escuta, eu não quis a polícia porque os meus documentos são falsos! Comprei e fugi para outra cidade do meu ex, que contratou gente para me matar. Tudo porque ele me bateu por ciúme infundado, depois disso eu quis terminar com ele, mas ele não queria. Ele até quase cortou o meu rosto. Eu tive que encontrar uma maneira não tão honesta de evitar que ele me tocasse. E por causa disso, ele decidiu se vingar de mim. Vendi o apartamento que herdei da minha mãe. e comprei um novo em outra cidade. Eu estava com pressa e encontrei golpistas. — Bom macarrão, de boa qualidade. Ele assentiu. – Mas digamos, que isso seja verdade. Por que você veio parar aqui? Estou curioso para saber o que você dira a seguir. O desespero brotou como lágrimas sob os meus cílios e caiu pesadamente sobre mim. — É... é verdade. Os meus lábios tremeram, pisquei rapidamente. — Posso mostrar fotos no meu celular. Tirei dos hematomas e... — Me dê o telefone. Ele finalmente soltou o meu queixo e deu um passo para trás, quase escorreguei pela parede, sentindo a pele pulsando onde os seus dedos haviam marcado. — Agora. Segurando-me na parede, fui até a sala, peguei o meu celular no carpete e desbloqueei. Damião arrancou ele das minhas mãos antes que eu me endireitasse. Ele examinou a galeria com um olhar concentrado por vários minutos. Droga, havia algumas fotos muito pessoais lá também. Mordi o lábio, a vergonha ardendo nas minhas bochechas. Ele chegou até elas? A expressão facial não é clara. — Quem fez os documentos para você? Demião perguntou, e continuando a trabalhar rapidamente com o dedo folheando as fotos. É melhor não entregar o meu irmão. Nunca se sabe, talvez eu acabe atrás das grades. Não quero arrastá-lo comigo. — Não sei. Eu não os vi pessoalmente. E eu não queria ser vista. Eles repassaram o número através de amigos, acabamos ligando um para o outro. Talvez minha voz estivesse tremendo mais do que o normal, mas estou nervosa. Damião suspirou e devolveu o telefone. Estava quente depois do calor da sua mão. — A pergunta é válida. Por que você veio até mim? Parece que a raiva dele diminuiu um pouco. Mas foi substituída por irritação. — Não tenho para onde ir. Estas coisas, este apartamento, tudo o que tenho. Não posso voltar para a minha cidade natal. — Devo repetir a pergunta? A sua voz de ferro cercou o meu impulso franco. Você não deveria tentar apelar à pena de um homem assim. Ele não conhece esse sentimento. — Você não quer encontrar esses vigaristas? — É mais fácil para mim instalar novas fechaduras e me preocupar com o sistema de alarme. E jogar você na rua. Que assim seja, as fotografias me convenceram, não vou chamar a polícia uma segunda vez. — Você acreditou em mim? Incrível. Talvez ele permita que eu leve as minhas coisas. Pois é, continuarei sem teto, só que com uma mala cheia de roupas. E se algo realmente aconteceu com o meu irmão e ele mesmo precisa de ajuda? — Então, se você veio chorar e perguntar sobre os vigaristas, então você pode ficar livre. Não vejo mais sentido em perder o meu tempo com você. O canudo salvador escorregou da minha mão e o riacho fervente quase me puxou para o fundo. Não, não, não quero sair de novo! Peguei Damião pelo antebraço assim que ele estava prestes a sair do quarto. Ele se virou e semicerrou os olhos curiosamente. — Não, vim pedir ajuda. Por favor, ajude-me a encontrar os golpistas e recuperar o meu dinheiro. Você tem poder suficiente para fazer isso. — Por que dia*bos eu deveria ajudá-la? Com uma pergunta dura, ele destruiu a minha determinação, que eu havia reunido com tanta dificuldade. Quase fui esmagada no chão por seu olhar pesado. Os meus dedos, apertando o seu antebraço, formigaram com o calor de seu corpo. Mordi o lábio e me dei um chute mental para descobrir rapidamente como convencê-lo. Oferecer algo em troca? Eu não tenho nada. O que posso fazer? Cozinhar e limpar? Duvido que ele precise de faxineiras ou cozinheiras. É pouco provável que a minha formação médica secundária especializada também ajude, especialmente quando ainda não superei o medo de ver sangue. Por isso fui estudar para ser massagista.
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