Capitulo 03

1034 Palavras
“Você é mais corajoso do que pensa, mais forte do que parece e mais esperto do que acredita” Leon Lewis — O que… acon..teceu? Porque eu… – estou confuso. Pergunto sentindo a minha garganta arranhando e com a voz arrastada. Mesmo ainda desorientado, tenho medo do que vou ouvir. A mulher sorri para mim e começa a falar: — O senhor sofreu um grave acidente na sua última corrida. Teve duas paradas cardíacas ainda na pista, mas felizmente, conseguimos te trazer de volta. Encaro a mulher ainda confuso, e com dificuldade pergunto: — Min-minhas pernas… — digo com dificuldade. Percebo a mudança no olhar da minha mãe, assim como o semblante da mulher tensiona. Por um momento, fecho os olhos e já espero pelo pior… — Você teve fraturas múltiplas em ambas. Precisou ser operado, a cirurgia durou horas, mas felizmente, conseguimos recuperar toda a parte óssea danificada. Deve ficar de repouso na cama, até que possa se recuperar completamente. – Respondeu a médica com um sorriso nos lábios. Olho para ela ainda confuso, e tomo coragem para fazer a pergunta que mais temia: — Porque eu não as sinto? Percebo tanto a minha mãe, quanto a doutora ficarem tensas. A minha mãe se aproxima de mim, tocando a minha mão como se quisesse me consolar e diz: — Filho ainda é muito cedo para isso e … — Mãe, por favor, não me esconda nada. Quero saber a verdade! – digo irritado. A médica se aproxima de mim, abraça a prancheta contra o peito e fala: — Senhor Lewis, estávamos esperando o senhor acordar para que pudéssemos fazer uns exames mais minuciosos, e descartar ou confirmar algumas possibilidades. O senhor sofreu uma pancada forte no quadril, mais precisamente entre as vértebras s3-e s4, e não sabemos com precisão se esse dano é reversível ou não. — Olho confuso para a médica e ao mesmo tempo irritado e pergunto: — Não quero ser grosseiro, doutora, mas seja mais clara, por favor! — a mulher suspirou fundo e respondeu: — O acidente pode deixar você paralisado! Arregalo os olhos assustado. Não pode ser. Eu vou ficar para sempre em cima de uma cadeira de rodas? Minha vida simplesmente acaba assim, me tornando um inválido e condenado a viver o resto da vida, dependendo de alguém até mesmo para me limpar? — Não, não, não… isso está errado. Não posso ficar em cima de uma cama. Eu eu… eu… NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO. – esbravejo descontrolado. Não consigo me conter e me entrego às lágrimas. Sinto os braços de minha mãe me envolvendo, e logo em seguida, a porta é aberta, e por ela entra o meu pai, que se aproxima de mim, e me envolve num abraço apertado. —- Pai… por favor, diz que isso não é verdade… — digo com a voz trêmula e falha. — Filho… Percebo o estremecer da voz do meu velho, e o som do choro da minha mãe, e naquele instante, eu tenho a certeza que tudo era real, e que a partir de agora, eu viveria o meu pior pesadelo. A dor foi tamanha, que acabei adormecendo nos braços daqueles que mais amo., talvez na esperança de que tudo não passasse de um terrível e c***l pesadelo. ✲ ✲ ✲ Já haviam se passado três dias. Depois que a imprensa descobriu que eu havia acordado, não parei de receber visitas. Meu empresário Alan Kobayashi, esteve no hospital, para acompanhar de perto todos os exames que eu me submeti. Ele parecia solidário, mas eu sei muito bem que nesse ramo esportivo, se visa retorno financeiro, e depois de um tempo sem fazer o bolso dele engordar, com certeza serei substituído. Meu técnico e meu amigo, Jackson, também esteve aqui. Ele chorou bastante quando me viu na situação em que me encontrava, e por um tempo, se culpou por ter me aconselhado a correr. — Não foi sua culpa… – disse a ele. Minha nutricionista Tessa Wolfman, também veio ao meu encontro. Ela, assim como minha irmã, choraram muito. Tive que brincar um pouco para desviar a verdadeira tristeza que estava dentro do meu peito. Minha irmãzinha tinha desistido de partir num intercâmbio, por minha causa. Isso me deixou emputecido, mas Susan Lewis, era como minha mãe, quando colocava uma coisa na cabeça, era difícil tirar. Nenhum dos meus amigos vieram me ver, nem mesmo a minha querida noiva, que teve coragem de mandar uma mensagem pelo celular, apenas me comunicando que estava em Londres, num desfile, e que assim que retornasse, iria ao hospital. Devo confessar que fiquei meio puto. O normal de uma mulher que se dizia apaixonada, era estar ao meu lado o tempo inteiro. Me recordo, que assim que acordei e perguntei pela Stephany, minha mãe fechou a cara e meu pai a repreendeu. Não precisa ser inteligente para sacar, que ela não tinha ido me ver. Lógico, o que ela queria, eu não posso dar, nem sei ao certo se vou poder dar novamente. Suspiro fundo e olho pela janela desse quarto. Vejo a lua a brilhar para mim, tão linda e tão solitária, assim como eu me sinto agora. A porta é aberta e sorri quando vejo a morena de olhos ônix entrando ao lado de minha mãe. Com os olhos marejados eu digo: — Tia Mikaela… — Meu querido.. Ela se aproxima e me abraça. Não consegue segurar as lágrimas e começa a me abraçar carinhosamente. Percebo pelo canto dos olhos, que minha mãe também chora, mas resolvo cortar o clima e brinco: — Minha mãe me falou que você tinha feito algo para mim. — desvio o olhar para a sua mão, e percebo uma sacola. Ela sorri e enxuga as lágrimas e vai logo dizendo: — Mas é claro. Sua mãe disse que está comendo muito m*l. Por isso, fiz questão de fazer aquela sopa de batatas com cebola que você adora. — sorrio largo. — E também fiz uma fornada de pãezinhos de canela, que sei que o meu menino gosta. —-Você é a melhor! – digo beijando o seu rosto com carinho. — Ei, e eu? – perguntou a ruiva fazendo bico — Vocês duas são as melhores!
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