Capitulo 04

1070 Palavras
“Por maior que seja, não há obstáculo que não possa ser superado.” Tento esconder o quanto estou emocionado. Minha tia Mikaela, não é minha tia de fato. Ela trabalhou por muito tempo na nossa casa, depois se casou, mas a amizade continuou. Lembro dela falando que devia sua vida a meus pais, que no momento mais difícil e crucial, minha mãe a ajudou. Sentir o amor verdadeiro, vindo dela, me fez ter mais vontade de lutar. — Não vai comer? — ela pergunta com um sorriso nos lábios. — Só se for agora mesmo! Comecei a comer e, nossa, não pensei que estava morrendo de fome. — Leon, o Harry queria ver você. Olho para minha tia e por um momento me perco em memórias antigas… boas recordações. Harry, é o filho mais novo da tia Mikaela. Nós costumávamos fazer tudo juntos quando éramos pequenos. Sempre entramos em enrascada, um sempre protegia o outro. Era uma amizade forte, solidificada. Não entendo como acabamos nos afastando. Sorri nostálgico e perguntei: — Harry… caramba, faz anos que não vejo ele. — digo olhando para o nada. — Ele se formou? Deve estar quase casado? — Sim. Terminou medicina, agora está fazendo residência em obstetrícia. — Tinha que ter algo com mulher no meio, o Harry sempre foi o mais namorador. — digo sorrindo. — Mas é claro, estou morrendo de saudade de conversar com ele. Poxa, até hoje não entendo porque nos afastamos. — pergunto a mim mesmo. — Sua vida agitada, meu filho. – Entristeço de imediato. – desculpe meu menino, não quis… — Não ,tia, tá tudo bem. — sinto uma dor invadir o meu peito, só em imaginar o que será de mim daqui para frente. — Quando vão sair os resultados dos exames? — ela me pergunta olhando nos olhos. — Amanhã… – respondi desviando o olhar para a janela aberta. – Amanhã, meu destino estará traçado. Minha mãe se aproxima e toca minha mão delicadamente dizendo: — Não diga isso meu filho. Deus, tem surpresas para você. – disse acariciando o meu rosto. Sorrio de volta para ela, mesmo que por dentro eu esteja sangrando. — Seu pai vem dormir aqui hoje. — Ah mãe, o pai, ronca muito alto. – digo fazendo uma careta e arrancando risos das duas. — Vou contar a ele, ouviu? — sorrio sem graça. — Agora, vamos Mikaela, Michael acabou de me mandar um zap , dizendo que já está no hospital. — Olha, só, a dona Kylee aprendeu finalmente a usar w******p. Que evolução, por isso está chovendo. — digo zombeteiro. — Não seja bobo, Leon. – a ruiva se aproximou do filho, e beijou seu rosto de maneira carinhosa. – te amo meu amor, amanha bem cedo, chego por aqui. — Te amo mãe, amo você também tia Mikaela, e diga ao Harry, que vou adorar receber uma visita dele. Minha mãe e minha tia saem do quarto e fico sozinho pensando sobre o rumo que minha vida vai tomar a partir de amanhã. Não sei o que será de mim se nunca mais eu puder entrar num carro de corrida. No momento, prefiro não pensar nisso e esperar, para ver o que vai acontecer. ✲ ✲ ✲ Florida- EUA National Prime Hospital Uma semana depois… A semana passou como um piscar de olhos, e Leon foi submetido a vários exames, dos mais simples aos mais sofisticados. Os melhores especialistas foram consultados. Depois de uma espera, que para o loiro, foi longa. Todos se reuniram para discutir a situação do atleta. O neurologista Dr Oswald, tinha sido solicitado para acompanhar o caso do loiro de perto. O homem PHD em neurologia clínica e cirúrgica, era chefe do departamento de neurologia do hospital geral de Toronto. Com mais de trinta anos de experiência em tratar lesões de coluna. Estava reunido com o corpo médico do hospital, Leon e os seus familiares. Eles iriam explicar, de fato, o grau de comprometimento medular após o acidente. — Bem, senhor Lewis, me chamo Dr Oswald, e sou o neurologista que está acompanhando o seu caso desde o início. Me reuni com a junta médica e depois de analisar todos os seus exames de maneira minuciosa, chegamos a conclusão que não sabemos o porquê de você não estar sentindo as pernas. Katarina segurava as mãos do filho aflita. Leon ouvia tudo atentamente e Susan, não conseguiu se conter e perguntou: — Peraí, então todo o dinheiro que meu irmão gastou trazendo os melhores especialistas, fazendo os exames mais caros, não serviram de nada? — Susan… — Não Leon, eu preciso entender. – disse a loira irritada. Oswald suspirou fundo. Dra Claire olhou para o atleta e completou: — Na verdade, você não tem nenhuma lesão na medula, que justifique sua paralisia. Leon, Susan, Kylee e Michael encararam a médica, confusos., antes de prosseguir com os esclarecimentos, Kylee se pronunciou: — Isso é um fator positivo, não é doutora Claire? – perguntou a ruiva com convicção e esperança. — Sim, Kylee. – respondeu a médica sorrindo. — E então porque não sinto as pernas? – foi a vez de Leon perguntar. — Acreditamos que você tem, o que chamamos de dor fantasma, nos amputados. — Dor fantasma? — Quando alguém perde um m****o de maneira traumática, o cérebro envia mensagens ao corpo, fazendo com que as vítimas sintam dor no local onde já existiu um m****o. — disse Oswald. — Mais no seu caso, acreditamos que seja, o que chamamos de pseudo-trauma. Suas pernas se condicionaram a não se mover. Como se o seu cérebro, tivesse mandando uma mensagem para que elas permaneçam dessa maneira. – Completou Claire. — Então é reversível, ele tem chances de voltar a andar, tendo em vista que não existe nenhuma lesão na coluna, estou certo? – perguntou Michael animado. — Sim. – falou Oswald com um sorriso confiante no rosto. — Então doutor, qual será o próximo passo? – perguntou Leon. — Daqui uns dias, daremos alta para você ir para casa. Vamos intensificar os exercícios de fisioterapia. Quero seus músculos trabalhando três vezes ao dia. Acredite, Leon, vamos conseguir. – concluiu Oswald apertando o ombro de Leon que sorriu. O loiro nada falou, apenas concordou com a cabeça. Por dentro tinha esperanças, e iria se agarrar a elas até o final. Se dependesse de sua dedicação, voltaria a andar e não iria demorar.
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