Apuros part 2.

2188 Palavras
Malva Denaro Uma voz grave começa a falar. O silêncio e absoluto dando destaque para o " orador". Se eu disser que presto atenção ou olhei para saber quem é o ser detestável que está fazendo a minha dor de cabeça alcançar níveis estratosféricos, estou sendo uma baita mentirosa. Onde se compra trevo da sorte? Será que consigo encontrar algum num matinho qualquer. A planta tem que ter quatro ou cinco folhas? Precisa ser verde ou roxo? Será que estou com quebranto ( olho gordo) ou alguém me jogou praga? Talvez resolva com o um pé de coelho?Ah, não ! Eu não tenho coragem de matar um bichinho fofinho para lhe pegar a patinha! Faço um movimento com mais força para soltar a minha blusa do que quer que seja que a prende. Consegui! - comemoro cedo demais porque devido ao solavanco, derrubo a minha bolsa no chão. Tento, ainda, pega-la, contudo não consigo. A bolsa cai e por estar com o zíper aberto algumas das minhas coisas " fogem", incluindo o meu batom cor boca de boneca que rola para baixo da minha cadeira. Com isso, já consigo chamar a atenção de boa parte do pessoal que estão sentados no mesmo espaço que eu. Sorte a minha não ser praticante dos prazeres da carne, imagina se caísse uma porção de preservativos ou um consolo de borracha?! Onde eu iria colocar a minha cara? Cazzo! Hoje é um daqueles dias em que eu nem deveria ter saído de casa! Faço menção de levantar para pegar meus objetos e no momento que vou sair a cadeira arranha o piso fazendo um som estrídulo ecoar pela sala. Acho que soltaram um grilo, porque ouço até o cri-cri-cri feito pelo inseto! Quem fala, silencia e um burburinho começa a crescer feito onda se formando no mar. Sinto muitos olhares em minha direção; meu rosto incendeia. No entanto, aproveito para pegar rapidamente as minhas coisas do chão, inclusive o meu batom que foi parar debaixo da cadeira. Jogo tudo dentro da bolsa. _ Pode continuar falando ai o seu....- fico muda, as palavras fogem quando eu olho para a frente da sala e o vejo parado com uma expressão sisuda e as mãos enfiadas dentro dos bolsos frontais da calça que usa. A temperatura escaldante deixa o meu rosto para dar lugar ao frio intenso. Só pode ser uma piada de muito m*l gosto do destino! O que ele faz aqui?! Meus olhos estão imensos e a minha respiração falhando miseravelmente. Seu olhos claros estão mais frios que o iceberg que afundou o Titanic. As gemas cor de água cristalina estão fixas em mim como se fossem uma mira laser. _ Terminou, senhorita.... - o reitor se aproxima e sussurra algo para o infeliz que finge não saber quem eu sou - Denaro? Engulo em seco. Eu esperava qualquer outra pessoa menos ele! Que raios o destino anda fazendo? Todos da sala alternam seus olhares entre nós dois. Ele fica em silêncio, aguardando uma resposta. Seu olhar não desvia, m*l pisca! Acho que sequer respira! Enquanto eu estou hiperventilando; um desequilíbrio da respiração que faz com que eu exale mais rapidamente do que inalo oxigênio. _ Estou esperando sua resposta, senhorita Denaro? Perdeu a língua? - todos riem baixinho da troça que faz comigo. Meu estado de vergonha piora e muito, juntamente com a raiva que começar crescer por esse Maledite de uma ova! _ Sim! - sou áspera. Sento, outra vez, sem olhar diretamente para o homem i*****l que dá um esgar de sorriso. Mas é a p***a de um cretino mesmo! Seria uma vingança porque gritei com o princeso ontem? _ Essa instituição de ensino há anos é apadrinhada pelos Falzones. Nós da casa Falzones Raschiere, temos aversão aos comportamentos labregos e impolidos.- Oi?? Esse stronzo está dizendo isso para mim?? Evidente que sim, o modo como me olha, não n**a. O que o desgraçado tem bonito, tem de arrogante! Seus ombros largos, olhar afiado e....e.... e meus olhos procuram por outra coisa que está muito bem guardado. Rapidamente subo o meu olhar assustada comigo mesma. Mas que p***a eu estou pensando?! O senhor certão, continua com a sua explicação; é perceptível os olhares carregados que recebe de algumas meninas. Bando de tolas que não fazem idéia que o CEO de um conglomerado de empresas italianas, também é o rei do crime! Minutos correm feito águas da torneira indo para o ralo e dou graças aos céus quando o discurso do senhor perfeito , encerra. Ettore sai da sala sendo acompanhado pelo reitor e, enfim, a aula tem início. Outros minutos que parecem muitas horas, passam. O intervalo tem início, aproveito para dar uma olhadinha no meu celular. Com tudo o que aconteceu, eu já tinha me esquecido do aparelho, das mensagens e ....da minha mãe! Ela deve estar querendo me esganar! Encontro o celular no fundo da minha bolsa. É só eu tocar no telefone que o nome da minha mãe surge e começa a piscar. Tem coisas que parecem sobrenaturais! _ Oi, mae! - falo ao atender a chamada. _ Por que não atendeu antes? Sabe quantas mensagens eu te enviei? - sua voz é grave; ela está irritada. _ Não pude falar, estava em aula. - explico, ainda meio trêmula sob o efeito do olhar mortal que recebi do Ettore. _ Estou te esperando na frente do prédio da sua faculdade. O seu médico antecipou a consulta. Enviei muitas mensagens avisando, mas você não leu nenhuma delas.- ouço a sua respiração profunda- Não demora, Malva. Estamos com o tempo curto. - fala, baixo, retornando a compostura de uma mulher da máfia. _ Estou descendo! - recolho tudo o que é meu o mais rápida que posso. Passo correndo por Luigi e Isadora mando um beijo no ar para os dois. _ Vai tirar o pai da forca?- Luigi pergunta em voz alta. _ Tenho uma consulta médica, não posso me atrasar! - grito passando pela porta. Ando célere pelo corredor. _" Segura" o elevador!- berro, dando uma corridinha para poder chegar logo perto da máquina. Tropeço na entrada e entro com tudo, catando cavaco, dentro da caixa de metal, por pouco não me esborracho. Ouço um " o quê que é isso" vindo de uma senhora que pelo uniforme que veste, trabalha aqui na faculdade. Arrumo a minha postura. Se dona Giovanna tivesse por perto eu já teria levado alguns puxões de orelha. Meu celular vibra, sei que é a minha mãe. Abro a bolsa e alço o aparelho. Estou quase deslizando meu polegar pela tela para destravar o telefone quando, de repente, o elevador dá um tranco forte. Cambaleio para o lado e o aparelho cai para o outro. Meus olhos ficam enormes,o pavor domina as minhas veias. Aquela coisa estava despencando?! Ocorre mais um tranco e as luzes de emergência se acendem; nesse meio tempo eu já tinha gritado um " nós vamos morrer " desesperado. Meu coração está na boca; definitivamente eu detesto elevadores. _ Dio santo! O que está acontecendo?! - minhas pernas estão instáveis como se eu tivesse ficado há muito tempo no alto mar e só agora retornasse para terra firme. Dentro da minha cabeça fico imaginando que essa máquina vai despencar e matar todos nós. Droga! Para quê eu fui ver filmes onde as cenas com elevadores nunca são boas?Sempre tem alguém sendo assassinado dentro deles ou quando não a coisa caí desenfreada para o poço. _ Acabou a energia. - ouço a senhora do " quê que é isso" responder. E a reposta não é das melhores. _ Acabou?! Estamos presos aqui?!- indago começando a sentir falta de ar- Ai, minha nossa! - começo a ficar agoniada, a sessão de nervoso aumenta juntamente com o suor frio que desce pelas minhas costas. Estou a um triz de entrar em pânico. " Calma, Malva! Calma! Respira fundo! Pirar não vai adiantar nada! " Olho para o chão em busca do meu celular, vejo que está perto da parede dos fundos. Dou dois passos na direção dele. Pego o aparelho e para o meu total desprazer a tela está trincada. Coloco-o dentro da bolsa. Aproveito para retirar o casaco e ficar apenas com uma camisa de algodão que visto por baixo. Amarro o casaco na cintura. A sensação de abafamento chega. A sensação de estar sendo assada em banho-maria é impressionante. Escoro meu corpo na parede metálica. _ Acho que estou morrendo. - sussurro baixinho. Sinto alguém tocar em meu braço. _ Você está bem? - meu coração desce para as solas dos pés ao reconhecer de quem é a voz : Ettore. Só pode ser algum tipo de praga do destino?! Volto a minha cabeça na direção do dono da voz; pisco como se estivesse em estado catâtonico. _ É para ser sincera ou dizer mentiras?- sopro baixinho ao me lembrar dele em toda a sua glória. _ Não gosto de mentiras. _ Irei responder no seu dialeto, senhor Falzone, para que não diga que sou m*l educada em público. Se a energia não for restaurada de maneira célere, perderei toda a compostura. - me afasto da parede metálica querendo colocar alguma distância entre nós. Contudo ele se movimenta e o cheiro delicioso de perfume caro invade as minhas narinas; é uma delícia. De repente sinto sua mão em meu ombro, me viro em sua direção e....e.... caramba! Ele é alto, bem alto para ser sincera. Meus olhos se erguem parando em seu rosto de pele lisa. Vejo que o topo da minha cabeça chega ao meio do peitoral do Maledite. "Céus! Ele é gigante em tudo!" _ Procure não se movimentar muito, isso fará a sensação de calor aumentar. - o destino é muito injusto , enquanto eu estou aqui suada, descabelada e apavorada, o homem não tem um fio de cabelo fora do lugar. Numa tentativa de me acalmar , tento puxar conversa com o super-dotado. _ Vem sempre aqui? Putz! eu não tinha algo mais interessante para perguntar? Tipo : quantos centímetros você tem de ....de pé, isso, de pé, não em pé, do pé; Jesus estou pirando, pirando! Ou talvez eu devesse perguntar : Você sempre foi todo ão assim? Ãh? Que diabos eu tenho?! Mas que raios estou pensando? Enlouqueci de vez? Ettore sorrir, como se toda aquela situação não o estivesse afetando-o de nenhuma maneira, nem mesmo de modo ínfimo. _ Não. Envergonhada pela pergunta s*******o, quase histérica, nervosa e suada, curvo meu corpo para frente conforme o espaço me permite. A vontade de gritar " alguém me tira daqui" é enorme! _ Aceita uma bala? - Como é? O desalmado está me oferecendo drogas?! Estreito o meu olhar em sua direção - Dizem que o açúcar traz uma sensação de bem-estar. Ajudará com o nervosismo. - Ãh, é dessa bala que ele está falando e não de ecstasy. _ Aceito. - Não penso muito. O homem leva a mão no bolso da calça e retira de lá um drops de bala sabor menta. Será que ele sabe beijar tendo uma bala na boca? Eu tive uma primeira experiência péssima! Ettore estende o drops na minha direção, contudo estou tão nervosa com o elevador, com a presença dele, com tudo que meus dedos trêmulos não conseguem abrir a embalagem. Vendo que eu não tenho êxito o homem, abre o drops e retira uma bala. Seus dedos forrados por tatuagens desembrulha o doce. Fico hipnotizada na cena, a pulseira com o símbolo de uma caveira mexendo, os anéis e.... e....engulo em seco quando ele encosta a bala em meus lábios. Ergo o meu olhar para o seu rosto. Nossos olhares cruzam. Ele não diz nada apenas espera e eu....eu abro a minha boca para receber o doce. Sua mão se afasta, seu olhar desvia e eu me pergunto: O que foi isso? Viro-me para frente, ainda torpe sob o efeito do que acabou de acontecer. Olho para as pontas dos meus tênis. O sabor da bala inundando as minhas papilas gustativas. De repente, as luzes retornam e um coro de alívio se faz presente entre os ocupantes do elevador. Eu, permaneço em silêncio, processando tudo. Quando o elevador chega no térreo, me apresso para ser uma das primeiras a deixar a caixa metálica. No entanto, dou uma olhadinha furtiva por cima do ombro e vejo os olhos claros de Ettore me observando. Sigo na direção da saída do prédio. Chego ao carro da minha mãe um tanto desorientada. _ Você está bem? O porteiro me avisou sobre o elevador; fui informada que você estava nele.- olhos inquietos passeiam por minha face - Está pálida, Malva! - as mãos da dona Giovanna seguram as minhas- E gelada feito um cadáver! _ Acho que a minha pressão caiu! _ Que vocabulário é esse, minha filha? Você está com uma hipotensão. Acredito ser fruto do nervosismo. - minha mãe faz um carinho em meu rosto - Logo você melhora. Vamos indo que estamos mais do que atrasadas. Será que eu iria melhorar? Será que eu iria me esquecer da sensualidade marcante do Maledite? Eu espero que sim.
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