Soraia
Mano, que sonho foi aquele.
Tava tão real que quando acordei, ainda sentia o gosto dele na boca. Um gosto salgado, quente... de homem. De Lobo.
No sonho, eu tava no meu quarto, sozinha. Aí a porta abriu devagarinho e ele entrou. Não disse nada. Só veio até a cama, com aqueles olhos escuros que parecem que furam a gente, e falou baixinho, quase um sopro no meu ouvido.
— Não consigo resistir a você, Soraia.
Aí ele me beijou.
Meu Deus, que beijo.
Nada daquela porrada de língua do Tito, sufocando a gente.
Não.
Foi um beijo com calma, com t***o, mas com... carinho. Uma coisa que eu nem sabia que existia. Eu senti o corpo todo derreter, sabe? Como se eu tivesse esperando a vida inteira por aquele beijo.
Eu puxei a camiseta dele pra cima, ele ajudou, e nossa, que corpo. Durão, cheio de tatuagem, um peito largo. Comecei a beijar ele ali, desci... ele gemeu meu nome, uma voz rouca que me deu um arrepio até no pé. Cheguei na cintura dele, e ele mesmo abriu o cós da calça.
O p*u dele pulou pra fora, grande, duro. Eu olhei pra ele, e ele deu uns tapinhas de leve no rosto dele com o próprio p*u, me chamando de safada. Eu ri, com uma coragem que não tenho na vida real, e enfiei ele na boca.
Chupei com uma vontade que nem sabia que eu tinha. Ele gemia, colocava a mão na minha nuca, não pra forçar, mas pra guiar. Falava umas coisas sujas, mas de um jeito que me excitava, não me humilhava. Até que ele gemeu mais forte, e gozou. Jorrou quente, no fundo da minha garganta. E eu, no sonho, gostei. Engoli tudo.
E aí acordei.
Tava ofegante, com o coração batendo que nem um louco. A boca ainda parecia sentir o gosto. Na cama ao meu lado tava vazia, o Tito tinha saído. Fiquei deitada, tentando me recompor, mas a imagem do Lobo, daquele jeito, não saía da minha cabeça.
O medo do Tito aumentou, claro.
Ele tá me olhando desconfiado esses dias, e eu sinto. Mas, por incrível que pareça, isso não diminuiu o fascínio pelo Lobo.
Pelo contrário.
É como se o perigo fizesse tudo ficar mais intenso. Cada olhar que a gente troca agora é carregado de uma tensão doida. Ele sabe que o Tito tá de olho, eu sei, e mesmo assim... a gente se olha.
A porta do quarto abriu de repente.
Era o Tito.
Ele deve ter ouvido eu me mexendo.
— Tava sonhando o quê? — ele perguntou, com aquele jeito dele de quem tá sempre procurando chifre em cabeça de cavalo.
Meu sangue gelou.
— Não sei, não me lembro — menti, desviando o olhar.
Ele veio pra cama, sentou do meu lado. Cheirando a cigarro e cerveja, como sempre.
— Vem aqui me mamar — ele não pediu, mandou.
E eu fui.
Como sempre, ou levaria uma surra logo cedo.
De joelhos no chão frio, enquanto ele ficava sentado na beirada da cama, com aquele olhar vazio, como se eu fosse um móvel. Fechei os olhos e tentei não pensar em nada. Mas no fundo, a memória do sonho, do gosto diferente, do jeito diferente, me assombrava.
Foi mecânico, rápido.
Ele gozou, deu um tapinha na minha bochecha — desses que doem mais na alma que no rosto — e falou pra eu me arrumar que ele queria tomar café.
Fui pro banho.
A água quente bateu no corpo e eu senti cada marca que ele tinha deixado na noite anterior. Uns roxos no braço, a pegada forte no quadril.
Nada de carinho, só posse.
Só brutalidade.
E aí, lembrei do dia que o Lobo me ajudou no banho. Como ele foi cuidadoso. Mesmo com o olhar queimando, ele me tratou com um respeito que eu nem lembrava que existia. Ele me secou com a toalha como se eu fosse de vidro. E eu, naquela hora, me senti... vista. Não como um objeto, mas como uma pessoa.
A água escorria pelo meu corpo e eu comecei a viajar de novo. Fechei os olhos e imaginei o Lobo comigo.
A mão dele tocando meus s***s, deslizando pela minha barriga, indo mais abaixo... Eu apoiei uma mão na parede do box e com a outra comecei a me tocar.
Foi rápido, desesperado.
Imaginei a voz dele, os gemidos, o jeito que ele me olharia. Gozei gemendo baixinho, ofegante, com o rosto colado no azulejo frio. A culpa veio na hora, mas era pequena perto do t***o que tinha me dominado.
Na hora do café, a tensão tava no talo. O Tito fez questão de chamar o Lobo pra sentar com a gente.
— Vem cá, Lobo, tomar um café. Tá sempre aí de pé, vai ficar com as pernas tortas.
O Lobo veio, com aquele jeito quieto dele. Sentou na ponta da mesa, longe de mim, mas parecia que ele ocupava o cômodo inteiro. Eu não conseguia olhar pra ele. Sentia o rosto queimar. Toda vez que eu erguia os olhos, encontrava o olhar do Tito em mim, desconfiado. E quando eu olhava pro Lobo, de relance, ele já tava me encarando, aquele olhar que parecia saber tudo.
Até do meu sonho.
Até do que eu tinha feito no banheiro.
— Tá quieta hoje, hein, Soraia? — o Tito comentou, passando manteiga no pão com uma força desnecessária. — Tá com a cabeça longe.
— Tô não, Tito. Só com sono ainda — menti de novo, tomando um gole de café que nem senti o gosto.
O Lobo não falou nada.
Só ficou ali, tomando o café dele, mas a presença dele era tão forte que dava pra sentir o ar pesando. Eu me esforcei pra disfarçar, pra rir de uma piada sem graça do Tito, pra falar do tempo.
Mas por dentro, era um caos.
O Tito parece que percebeu alguma coisa no ar. Não sei o que, mas ele ficou olhando pra mim, depois pro Lobo, com aquele olhar estreito.
— Lobo, tu tá estranho também. Tá com cara de quem não dormiu.
O Lobo encarou o Tito, sem medo.
— É o serviço, chefe. Tem que ficar esperto.
— É... esperto demais, às vezes — o Tito respondeu, e o clima gelou.
Eu quase derrubei o café.
Meu Deus, Senhor. Eles iam começar a se estranhar ali, na minha frente?
Mas o Lobo só baixou a cabeça, num gesto de respeito falso.
— Tô aqui pra servir, chefe.
O Tito não falou mais nada, mas o olhar dele não saiu do Lobo. E eu, no meio daquilo tudo, me senti dividida. Com medo de que o Tito explodisse. Com medo pelo Lobo. E, no fundo, com um frio na barriga que não era só medo. Era aquela atração doida, que crescia cada vez mais, mesmo com o perigo aumentando.
É um negócio sem saída. Eu sei que é errado. Sei que é perigoso. Mas o coração — e outra partes — não obedece a razão.
O Lobo mexe comigo de um jeito que ninguém nunca mexeu. E no meio desse inferno, esse sentimento proibido é a única coisa que me faz sentir viva. Mesmo que seja a coisa que mais possa me matar.