Soraia
O Tito viajou.
Foi pro Paraguai buscar um carregamento de armas com uns vapô de confiança. Vai ficar fora uns três dias. E pela primeira vez, eu e o Lobo vamos ficar sozinhos em casa.
A noite inteira.
A tensão já tava no talo desde que o carro dele saiu. A gente se evitou o dia todo, mas dava pra sentir o clima pesado, carregado. Cada olhar era um perigo, cada vez que a gente passava um pelo outro no corredor, o ar ficava elétrico.
Agora é noite adentro, mais de meia noite. A casa tá quieta, o Miguel tá dormindo no quartinho dele. Eu tô na sala, tentando assistir TV, mas não tô vendo droga nenhuma, minha cabeça está no Lobo, e ele tá ali na varanda, fazendo a ronda. Mas eu sei que a atenção dele não tá lá fora.
Tá aqui dentro.
Em mim.
Não dá mais. Levanto e vou até a cozinha, pego uma água. Ele aparece na porta, parado. A luz tá baixa, e os olhos dele brilham no escuro.
— Tudo tranquilo? — pergunto, a voz saindo mais baixa do que eu queria.
— Tudo — ele responde, a voz rouca.
A gente fica se encarando.
É como se um ímã tivesse puxando a gente um pro outro. Eu vejo a guerra dentro dele. Ele quer ficar, quer ir embora, quer me pegar, quer fugir.
E eu tô na mesma.
— Lobo... — falo, sem nem saber o que vou dizer.
Ele dá um passo pra dentro da cozinha, os punhos cerrados pra conter a vontade.
— Soraia, a gente não devia...
— Eu sei. Eu sei.
Mais um passo.
A gente tá tão perto que eu sinto o calor do corpo dele. O cheiro dele, aquele cheiro de homem, de suor limpo, me deixa tonta.
Eu levanto a mão e toco o rosto dele. A pele é áspera, quente. Ele fecha os olhos e solta um gemido baixo, como se estivesse sofrendo.
— Porra... — ele sussurra.
E aí, já não tem mais volta.
O beijo acontece.
Não é doce, não é romântico.
É desesperado.
É fome.
A gente se devora, as mãos dele agarram meu cabelo, puxam, e eu grito na boca dele. É inevitável. A gente já tava destruído por dentro, e agora a gente vai se destruir juntos, que é bem melhor.
Ele me empurra contra a parede, e o corpo dele pressiona o meu. Sinto o p*u dele duro contra minha barriga, e um calor sobe por dentro de mim.
— Tira essa roupa, agora. — ele rosna no meu ouvido, enquanto arranca minha blusa.
Eu puxo a camisa dele, os botões voam. A gente fica pelado ali mesmo, na cozinha, sob a luz fraca. Ele abaixa a cabeça e chupa meus s***s, com uma força que faz doer e ao mesmo tempo me deixa molhada.
— Você não sabe o quanto eu preciso de você — ele diz, a voz embargada, enquanto desce com a boca pelo meu corpo.
— Eu sei, Lobo, eu também preciso de você. — gemo, enterrando as mãos no cabelo curto dele.
Ele me vira de costas, me inclina sobre a mesa da cozinha. Sinto a língua dele na minha bucetinha, e eu solto um gemido alto, segurando na beirada da mesa. Ele me chupa com uma fome que parece que vai me devorar viva.
É gostoso demais, eu não aguento.
— Vou gozar! — aviso, e ele não para, acelera, até eu explodir, tremendo toda, gemendo alto.
Antes que eu consiga me recuperar, ele me levanta, senta na cadeira e me põe no colo dele. Ele segura firme o p*u e enfia de uma vez, e a gente geme junto. É tão grande que dói, mas é uma dor gostosa.
— Me fode, Lobo — peço, rebolando em cima dele.
— Você é tão gostosa, me deixa louco. — ele responde, segurando meu quadril e metendo de baixo pra cima. — Tão apertada... p***a.
A gente se move junto, suando, ofegante. Ele me vira, me coloca de quatro no chão, e entra por trás.
Que delícia de homem.
É ainda mais profundo.
Ele segura meus cabelos, puxa, e mete com uma força bruta.
— Toma, sua safada — ele diz, dando um tapa na minha b***a. — Gosta disso, não é?
— Gosto, p***a, não para! — grito, com o rosto colado no chão frio.
Ele acelera, os gemidos dele ficam mais altos. Sinto que ele tá perto. E eu também.
— Vou gozar dentro de você — ele avisa, a voz rouca.
— Goza, por favor — imploro, já perdida.
Ele dá uma última enfiada forte, segura meu quadril com força e geme, derramando tudo dentro de mim. A sensação é quente, e me faz gozar de novo, tremendo, gemendo manhosa o nome dele.
A gente cai no chão, juntos, ofegantes.
O silêncio volta.
A realidade também.
Nenhum de nós fala. O que tem pra dizer? A gente fez de novo. A gente se entregou de novo. E a culpa já tá chegando, pesada, sufocante.
Depois de um tempo, ele se levanta sem me olhar e vai pro quarto dele. Eu fico ali no chão, nua, suja dele, me sentindo a pior das pessoas.
Levanto e vou pro banheiro.
Ligo o chuveiro e choro.
Choro baixinho, pra ninguém ouvir.
— O que foi que eu fiz? — sussurro pra mim mesma, olhando no espelho. — Por que transei com ele de novo?
A pergunta fica no ar, sem resposta.
Só a certeza de que a gente se afundou ainda mais na merda. E que, no fundo, a gente sabe que vai fazer de novo. Porque no meio desse inferno, o corpo dele é a única coisa que me faz sentir viva. Mesmo que isso esteja me matando por dentro.