Os passos se detiveram. Uma respiração forte ecoava como se
estivesse soprando em seus ouvidos. Um perfume penetrou no estreito e
escuro espaço até ela, sobrepujando o aroma da comida podre e álcool.
Era um profissional, não um assaltante de rua casual. Pessoas pobres e
desesperadas não usavam bons perfumes. E se o fizessem, não seria de
uma marca tão cara.
Reprimiu um grito que a fez tremer toda e ecoou tão forte em sua
mente que ela temeu que ele ouvisse. Houve um estalo de um
acendedor e logo a fumaça de cigarro encheu o ar.
Era como se estivesse fumando para que ela saísse, como se
soubesse que não suportava mais o mau cheiro. Ele caminhava
lentamente de um lado para o outro enquanto ela observava a débil
chama pelas frestas de sua jaula de metal. Estava jogando com ela.
Ouviu o puxão de um zíper, e por um momento pensou que era da
calça dele, porém o som que seguiu foi o estalo de uma carteira abrindo.
Sua carteira.
— Faith Jacobson, Avenida Flatbush, 580, Brooklyn. — A voz era
relaxada, casual, porque assassinato era casual para ele.
Ela não queria estereotipar, contudo um homem italiano muito
bem vestido no Brooklyn, com um pé sobre um cadáver não requeriam
qualquer outra lógica. Este homem tinha assassino escrito na testa
Soltar a bolsa fora necessário para poder correr, agora ele sabia
quem era e onde vivia. Por um momento conseguiu imaginar que ele
não sabia que estava atrás do contêiner de lixo. Tentou pensar aonde
poderia ir, e como poderia manter-se a salvo de alguém que, sem
dúvida, estava perseguindo implacavelmente a única testemunha do
seu crime.