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CORAÇÃO EM LINHA DE FOGO (morro)

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Sinopse

No seu primeiro dia como enfermeira no posto de saúde do Vidigal, Atena jamais imaginou que a linha entre salvar vidas e arriscar a própria seria tão tênue. Em meio a uma invasão violenta, com tiros cortando o ar e feridos lotando a emergência, ela é arrancada de sua função sob a mira de um traficante impiedoso, obrigada a prestar socorro a um dos líderes do crime local, conhecido como Neurótico.Entre o medo e a adrenalina, Atena revela sua força, enfrentando a dor e o sangue com mãos firmes — mas é no olhar frio e ao mesmo tempo sedutor de Neurótico que ela percebe que nem tudo ali se resume a violência. Um encontro tenso, perigoso e marcado por uma conexão inesperada, que deixa em Atena uma pergunta silenciosa: como seguir imune a esse mundo quando ele já marcou sua pele e sua alma?Um capítulo intenso, onde ação, drama e desejo se entrelaçam no coração do morro.

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cap 01 meu primeiro dia
Atena narrando . . . Hoje é minha primeira vez no postinho, numa das favelas do Rio de Janeiro. Se estou nervosa? Como não estar? Entro no ônibus e logo desço no Vidigal. Aperto a alça da minha bolsa, buscando forças. Subo o morro, atenta a tudo. Vejo pessoas saindo para trabalhar, crianças indo para a escola… bastante movimento. Um garoto, que parece ter a minha idade, passa com uma arma na cintura e um rádio na mão. Ele me encara. Abaixo a cabeça e sigo em frente. Chego ao postinho 24h, falo com a moça da recepção, peço algumas informações e vou para uma sala restrita, só para funcionários. Guardo a bolsa no armário e coloco o crachá. Hoje, fico na emergência. Carla: Oi! — dei um sorriso tímido. — Meu nome é Carla. Você é novata? Atena: Sim. Sou Atena. Carla: Humm… ok, deusa grega — riu. — Parece que vou ter que te mostrar como as coisas funcionam por aqui. Ela me apresenta tudo. Apesar de ser uma unidade pública, é bem cuidada… tirando a má organização e a falta de funcionários pra tanta demanda. Uma médica chamou a Carla pra fazer um exame de rotina em uma paciente, e acabei ficando sozinha na emergência. Tudo corria bem. Carla voltou e estávamos dando conta. De repente, fogos estouram, seguidos de rajadas de tiros. Olhei assustada para a Carla. Carla: Deve ser invasão… nesses dias, o postinho vira um caos. Os tiros não paravam. Depois de horas, cessaram, e a emergência lotou de feridos — a maioria, segundo a Carla, envolvida no crime. ??: CADÊ A p***a DE UM MÉDICO NESSA c*****o?! — silêncio geral. — ENFIARAM A LÍNGUA NO CU, p***a? Ele me olhou direto. ??: Você… chega aí. — ajeitou o fuzil nas costas. Fiquei parada. Carla: Vai, Atena… pior pra você. ??: Qual foi? Tá esperando comunicado por escrito? Fui até ele, e ele segurou meu braço. ??: Pega os bagulhos aí, tu vai atender um paciente em casa. Atena: O quê?! ??: Vai logo, p***a… não tenho o dia todo. Atena: Eu sou enfermeira, não médica! ??: Tanto faz… é tudo a mesma merda. Anda logo! Peguei um kit de socorro e mais algumas coisas. Ele me arrastou pra fora e me jogou num carro. Partimos. Paramos numa casa simples. Entramos. No sofá, um cara sangrando na perna, com o braço enrolado numa blusa encharcada de sangue. Fiquei olhando, meio em choque. ??: Ô praga… Voltei à vida e fui até ele. Atena: A bala tá alojada? — perguntei. Ferido: O que você acha? — respondeu fraco, mas com arrogância. Atena: Precisa de anestesia… só tem no posto. — olhei pro brutamonte que me trouxe. Ferido: Não! Eu aguento. Atena: Ok… pega um pano, por favor. Uma senhora trouxe. Atena: Morde isso. Ele resistiu, mas pegou e mordeu. Sem os instrumentos ideais, tive que improvisar. Achei melhor usar uma pinça. Limpei o local com soro e algodão, e comecei o trabalho. Ele gemia, suava, mas aguentava. Puxei a bala e coloquei numa bandeja. Fiz compressa por uns dez minutos até estancar o sangue. Limpei, dei alguns pontos, passei remédio e enfaixei. Fiz o mesmo com a perna — era só de raspão. Organizei tudo e pedi uma sacola pra descartar o material. Ele me encarava. Ferido: Valeu mesmo… teu nome? Atena: Atena. — respondi firme. Ferido: Pode me chamar de Neurótico. Pega lá o bagulho, Gordão. — disse pro cara que me trouxe. Gordão: Aê, chefe… — entregou um tijolo de dinheiro. Neurótico: Mandou bem… sem caô. Essa grana é tua. — me entregou. Fiquei em choque e neguei. Neurótico: Coé? Vai amarelar? Pega logo essa p***a! Peguei, trêmula. Atena: Se piorar, vá ao postinho. Neurótico: Eu te chamo lá… Assenti. Saí, com o "Gordão" atrás — que de gordo não tinha nada. Incrível… meu primeiro dia e já passo por tudo isso. Depois, fui digerir a situação e percebi como aquele traficante era… bonito. Mas ainda assim, um TRAFICANTE. Ele parou o carro no postinho e eu desci. Dei de cara com a Carla. Carla: Você tá bem? Assenti. Gabriel: Ocorreu tudo bem? — o diretor. Atena: Sim… ferimento no braço e perna, só de raspão. Usei pinça, sem anestesia. — eles fizeram cara feia. — Ele se recusou a vir. Gabriel: Entendi… você fez o seu trabalho. Parabéns pela calma. Atena: Obrigada. Fui pra sala e guardei o dinheiro no armário. Carla: Atena? Atena: Oi? Carla: O pessoal vai no barzinho da laje hoje… eu sei que o dia foi puxado, mas se quiser ir… Atena: Tudo bem… eu vou.

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