Cap. 7 - Péssima ideia!... Será?

2393 Palavras
Laura entra no quarto de Bianca. – Olá, querida. Como você está? – pergunta Laura, visivelmente preocupada. – Estou bem, Laura. Foi uma torção. Nada sério. Mas… – Mas, o quê? – Você já deve ter conhecido o meu pai, lá fora. – disse Bianca. – Ah, sim… Quer dizer que Leonardo Monteiro é seu pai? – Pois é. … Espera, você fala como se já o conhecesse. – Sim. – disse Laura. – Mas já faz muito tempo que não nos víamos. – Desculpa não ter te contado antes. Bem… Meu pai não gosta muito de badalação, e eu queria poder trabalhar na Revista porque jornalismo é a minha vida, é o que eu quero pra mim, e não porque sou filha de um dos chefes de cozinha mais famosos do mundo. – Eu entendo o que quer dizer, Bianca. Eu também sempre quis conquistar as minhas coisas, os meus sonhos. Por isso, praticamente, abri mão da fortuna que meu pai me deixou. Hoje, quem cuida das empresas da família é o meu cunhado Arthur, pai do Ricardo. – Ah, sim. O Ricardo. – disse Bianca. – Ele foi tão gentil e atencioso comigo, agradeça a ele por mim, Laura. – Pode deixar que eu peço pra ele vir aqui, assim você o agradece pessoalmente. – disse Laura sorrindo. – E muito obrigada por me entender. – disse Bianca. – Só espero que o Sr. Palácios também entenda. Caramba! m*l comecei à trabalhar e vou ficar uma semana fora! – disse Bianca frustrada. – Não se preocupe com o Armando, eu falo com ele. Sua vaga vai estar lá, esperando por você, eu prometo. – Ah, Laura!… Você é incrível! – disse Bianca segurando a mão de Laura. – Ela é mesmo. – disse Leonardo entrando. Os olhares dos dois se cruzam mais uma vez. Bianca não era boba, pelo contrário, era muito observadora, ela percebeu o clima entre eles. – Oi, pai. Vejo que você e a Laura já se conheciam. O mundo é mesmo pequeno. – disse Bianca. – Menor. – disse Laura. – Pois é, Bianca. – disse Leonardo. – Quem diria que você iria trabalhar justo com a Laura. – ele sorri. – A Bianca parece ser uma profissional muito capaz. Vai ser uma grande jornalista. Nós é que tivemos sorte dela vir trabalhar na Revista. – disse Laura sorrindo. – Eu não teria conseguido chegar tão longe, se não fosse pelo meu pai, Laura. – disse Bianca estendendo a mão para Leonardo, que a segura com carinho. – Fico feliz, Bianca, que seu pai tenha aprendido com os erros dele. Leonardo entendeu aquilo como uma indireta e baixou seus olhos. Bianca pode até não ter entendido muita coisa, mas ela pôde notar que entre o seu pai e Laura houve alguma coisa, e talvez ainda houvesse. – Bom… Se me dão licença, eu preciso ir. Armando deve estar botando aquela revista abaixo, porque não estou lá! – brincou Laura. – Vou pedir ao Ricardo pra vir se despedir de você, Bianca. – Mais uma vez, muito obrigada, Laura. – disse Bianca. – Imagine, minha querida. Veja em mim, a partir de hoje, como uma amiga, para o que precisar. Espero que melhore logo. – Vou melhorar, prometo. Leonardo ficou muito feliz em ver como Bianca e Laura estavam se dando tão bem. – Até mais, Leonardo. – disse ela séria e saindo. Fora do quarto, Ricardo aguardava sua tia sair. – Ela está melhor, tia? – ele pergunta. – Está sim, querido. Ela quer te agradecer mais uma vez. Entre lá e fale com ela, vou te esperar lá fora. – Tudo bem, eu não vou demorar. Leonardo se aproveitou que Ricardo conversava com Bianca, e foi atrás de Laura. Ele a encontra no estacionamento, encostada no carro. – Laura! – Não, Leonardo! – O que?! – Eu sei o que você quer, mas não. Eu não estou pronta pra ter essa conversa! – Mas foram mais de vinte anos!… Eu sempre me perguntei como você estava. – Verdade, Leonardo? – disse ela com ironia. – Será mesmo? – Claro que sim!… Não houve um dia que eu não pensasse em você. E você? Pensou em mim? – Você, sempre você! – exclama ela. – Não mudou nada. Sempre pensando que o mundo gira em torno de você! – Por que está dizendo isso?!… Pelo que eu me recordo, foi você que terminou comigo, lembra?! – Eu fiz um favor a nós dois! Apenas tive a coragem que você não teve! – Eu nunca quis terminar! Queria que você fosse comigo, que ficássemos juntos! – Você queria que eu jogasse tudo pro alto, que abrisse mão de tudo que era importante pra mim e fosse com você! – Como se você não quisesse a mesma coisa! – Parece que nenhum de nós era importante o suficiente para o outro. – disse Laura com pesar. – Caso contrário, as coisas poderiam ter sido diferentes. Os dois pareciam estar revivendo aquele mesmo momento de anos atrás, o momento da separação. Laura não queria continuar com aquela conversa, ou poderia dizer coisas que não devia e não queria. – Olha, Leonardo, deixemos o passado pra trás. – disse ela respirando fundo. – O que está feito, está feito. Não podemos mudar. – Tem razão. – disse ele. – Cada um seguiu com sua vida, não foi? – Você até constituiu família. – disse ela. – Bianca foi tudo o que restou de um relacionamento fadado ao fracasso, que tive com Júlia. – Filhos são uma benção. – disse ela com o olhar perdido. – E você, se casou? – Não. – O Ricardo é filho da Amélia, não é? – pergunta Leonardo. – Como ela está? – Amélia morreu em um acidente de carro, faz uns anos. – Lamento muito. ... Sua irmã era uma ótima pessoa. – Sim, ela era. Ricardo é muito parecido com ela, ainda bem. Porque o Arthur é um saco. – Ele continua o mesmo boçal de sempre? – Homens como ele não mudam nunca. Nesse momento, chega Ricardo. – Podemos ir, tia? – Claro, querido, vamos. – Nos vemos depois, Sr. Monteiro. – disse Ricardo cumprimentando Leonardo. – Foi um prazer conhecê-lo, Ricardo. E mais uma vez, obrigado pelo que fez pela Bianca. – Imagine, senhor. O prazer foi meu. – Vocês são muito bem vindos pra nos visitarem qualquer dia. Vamos ficar por aqui por um bem tempo. – disse ele olhando para Laura. – Claro. Vamos sim. – disse Ricardo. – Certo, tia? – Vamos ver. – disse Laura disfarçando. Eles vão embora. Leonardo acompanha Laura com o olhar. "Ah, Laura!… Continua linda!… Mas parece que ainda está magoada." pensou ele. Laura passou o resto do trajeto no mais absoluto silêncio. Apenas os seus pensamentos estavam a mil "Meu Deus do céu!… Depois de todos esses anos. … O Leonardo, aqui, de volta?!… Não pode ser! Não pode!" pensava ela. – Tia?… Tia? – chamava Ricardo. – Hã?… Oi, Ricardo. Desculpa, eu estava distraída. – Eh.… Eu percebi. Reencontrar o Sr. Monteiro mexeu mesmo com a senhora. – disse Ricardo com um sorriso. – O que? Não…. Tudo bem que reencontrar o Leonardo foi uma surpresa, mas não, definitivamente, eu não estou mexida. – disse Laura tentando muito mais se convencer do que convencer Ricardo. – Tá bom, tia. Não precisa de tantas explicações. – ele ri do jeito tenso que Laura ficou. De volta ao hospital, Bianca também tentava sondar alguma coisa de seu pai. – Então, o senhor e a Laura tiveram um lance, não é? – O que tivemos não foi somente um "lance", como vocês jovens falam hoje em dia. – disse Leonardo. – E então? – Filha, sabe que eu não tenho segredos pra você. Lembra que te contei que tive uma pessoa na minha vida, há muito tempo, a qual foi muito importante e por quem fui muito apaixonado? – Sim, me lembro. … Não me diga que…! – Exato. Essa pessoa é a Laura. – Caramba, pai! Que loucura! – disse Bianca espantada. – Eu nunca acreditei muito nessa história de destino, mas o que aconteceu aqui me fez mudar totalmente de opinião! – Nem me fale, filha. – Mas ela não pareceu muito feliz em rever você. – disse Bianca. – Ela tem os motivos dela. – disse Leonardo. – O que o senhor fez? Leonardo conta para Bianca parte de sua história com Laura. Enquanto isso, Laura e Ricardo conversavam, mas dessa vez sobre outro assunto. – E como foi a conversa com seu pai? – ela pergunta. – Como eu já imaginava, ele não me apóia. Ricardo preferiu não contar à tia sobre a chantagem de Arthur. Os dois viviam em pé de guerra, e ele, Ricardo, não queria piorar a situação. – Mas sabe de uma coisa, tia? Assim eu vou poder me dedicar ainda mais a minha profissão. – disse Ricardo. – Tenho um amigo fisioterapeuta, ele está abrindo uma clínica e quer um sócio, acho que vou embarcar nessa. – Fico feliz, querido. – Eu tenho umas economias guardadas, acho que dá pra começar. – Sabe que pode contar sempre comigo, não é? – Eu sei, tia. A senhora é demais. Mas, por enquanto, só o que preciso é de um lugar pra ficar instalado, até eu comprar um apartamento, depois da conversa que tive com meu pai, não tem mais clima eu ficar morando com ele. – Eu entendo, Ricardo. E saiba que Lupe e eu vamos adorar que você more com a gente. – disse ela sorrindo. Depois de uma tarde de trabalho, da qual Laura não conseguiu produzir nada, simplesmente porque não conseguiu se concentrar em coisa alguma, a não ser no seu reencontro com Leonardo. Ela resolve ir para casa mais cedo. – Cheguei, Lupe! – Olá, senhora. … Nossa, que cara é essa?… Aconteceu alguma coisa? – Muitas, Lupe. Depois te conto. Agora, só o que quero é uma banheira bem relaxante, pode preparar pra mim? – pede Laura. – Claro, senhora, preparo num minutinho. – Não sei o que seria de mim sem você, Lupe. – disse Laura passando por Lupe e dando-lhe um beijo na bochecha. Enquanto estava na banheira, Laura se deixava levar, mais uma vez, por suas lembranças. #Flashback Laura on# – Laura, pense direito! – disse Amélia. – Ele tem o direito de saber! – Por quê?! Foi ele que quis ir embora e me deixar! – Sabe que não foi exatamente assim que as coisas aconteceram. – disse Amélia. – Você terminou com ele. E não estou dizendo que você não teve razão, teve sim. Você viu a dúvida nos olhos dele, eu teria feito a mesma coisa, qualquer mulher teria feito. Mas agora é diferente, as coisas se complicaram. Você tem que entrar em contato com ele, Laura. – Tá bom, tá bom!… Vou avisar a ele. – Quando? Quando estiver mais aparente?! – Pára de me pressionar, Amélia! Se estou dizendo que vou dizer a ele, é porque vou! – exclama Laura. #Flashback Laura off# "E de que isso me adiantou?… De nada!" pensa Laura. *** _ Dias depois _ Revista Victória. Sala de Armando Palácios. Armando andava de um lado para o outro. – Como assim, Laura?! Por que nunca me disse que você teve algo com Leonardo Monteiro, o renomado chefe de cozinha! – Simples, Armando. Porque não era da sua conta, nem de ninguém. – disse ela. – Leonardo faz parte de um passado do qual eu me esforcei muito pra esquecer, e não quero mais me ligar a ele. – Mas sabe o quanto pode significar pra Revista se conseguirmos participar da entrevista coletiva no dia da inauguração de seu restaurante no próximo mês?!… Ou até conseguirmos uma entrevista com ele, que tal? – Isso aqui não é uma revista de fofoca, Armando! – disse Laura. – Não estou falando de fofoca, Laura. Estou falando de atualidades. Ele pode ser um assunto e tanto pra sua coluna "Do que as mulheres gostam.". – Nem vem!… Sabe que eu sempre escolhi o assunto da minha coluna, e o Leonardo não vai fazer parte dela! – Tudo bem, ele não se mete na sua coluna, combinado. – disse Armando pegando o telefone. – Tá ligando pra quem? O que vao fazer? – Alô?… Bianca?… Poderia vir até aqui na minha sala, por favor. … Obrigado. – Armando, não! – disse Laura. – Não vou deixar você usar a Bianca pra isso, fora de questão! Bianca, que já estava recuperada, entra na sala de Armando. – Com licença, mandaram me chamar? – Não é nada de importante, Bianca, pode ir. – disse Laura. – Laura, que é isso! – disse Armando. – Não seja assim!… Entre, Bianca querida. – disse ele gentilmente. – Antes de mais nada, como está o seu tornozelo? – Bom melhor, senhor, obrigada. – disse Bianca. "Esse Armando não vale nada!" pensava Laura com uma cara de poucos amigos. – Bianca, ficamos sabendo recentemente que você é filha do grande chefe de cozinha, Leonardo Monteiro. – disse Armando entrando no assunto. – Sim, e mais uma vez, eu peço desculpas por não ter contado antes. – disse Bianca sem graça. – Não tem problema, querida. – disse Armando. – Compreendemos perfeitamente. Bom… É que… Bem… Eu te chamei aqui porque… Laura, me ajuda! – Nem pensar! A ideia foi sua! – disse Laura cruzando os braços. – Que ideia, gente? – pergunta Bianca. – Gostaríamos de ter uma exclusiva com seu pai. – disse Armando. – Armando! – disse Laura. – Uma entrevista com o meu pai…? – disse Bianca. – Olha, Sr. Palácios, o meu pai não gosta muito desse lance de entrevistas, mas… – disse ela olhando para Laura com um leve sorriso. – Mas eu posso falar com ele e pedir que ele venha até aqui, assim vocês podem conversar e acertar tudo. O que o senhor acha? – Fantástico! – disse Armando empolgado. – O que acha, Laura? "Armando, eu vou torcer o seu pescoço!" pensou ela, enquanto fuzilava Armando com o olhar.
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