Sinistro
Passei a noite com a Gisele e acordei arrependido novamente. A Duda não pode saber que isso aconteceu de novo, senão ela vai me largar. Mesmo que eu a obrigue a ficar, não quero que ela fique fria comigo. Pode não parecer, mas eu amo a Eduarda mais do que tudo nessa vida. Estamos juntos, amor. Cota, tá ligado? É normal cansar, mas se separar dela, nunca. Ela é minha filha, e agora que virei chefe do Salgueiro, ela tem que crescer junto comigo. Eu nunca vou colocar outra no lugar dela. Eu posso t*****r com várias, mas ela sempre vai ser a minha mulher. O amor da minha vida.
Fui em casa tomar um banho para tirar o cheiro de p*ta. Depois, passei na moça aqui do morro que faz doce, e a Duda adora, e comprei vários bagulhos para ela. Eu quero mimar minha mulher e o meu moleque, tá ligado? Ainda não dá para saber qual é o sexo do bebê, mas tenho certeza de que é um menino que está vindo aí para animar os meus dias e, talvez, passar o comando do morro.
Cheguei no hospital e pedi para ver a Duda na recepção. Eles começaram a ficar nervosos e eu não estava entendendo nada. Será que aconteceu alguma coisa com ela? Me pediram para não me sentar e, depois de alguns minutos, a assistente social veio na minha direção. Ela se sentou ao meu lado e começou a falar:
- Patrão, a patroa desapareceu do postinho. Ninguém sabe o que aconteceu com ela. Eu poderia até dar a volta ao mundo para te contar que ela sumiu. Mas a gente não sabe se ela está com você, mas pelo visto não.
Sinistro: Como assim sumiu?
- Não sabemos. Quando a enfermeira foi no quarto para a medicação dela, ela não estava lá e as roupas dela tinham sumido.
Sinistro: Eu quero saber todos que estiveram aqui no posto ontem, todos, entendeu? Eu quero todos reunidos nessa merd@ para ontem. Ela não pode ter saído daqui sozinha e o vacilão que ajudou ela vai morrer.
- Claro eu vou chamar todos
- Claro, eu vou chamar todos.
Todos começaram a se reunir na minha frente. Eu comecei a fazer várias perguntas, mas ninguém sabia de nada. Perguntei sobre as câmeras de segurança, mas a recepcionista disse que já não estavam funcionando há meses e que ela tinha avisado o antigo chefe. Eu comecei a ficar nervoso, então dei vários tiros para o alto, o que fez todos se abaixarem. Peguei meu rádio e já passei a visão para os menores da barreira. Eles falaram que a Duda não tinha saído. Então, eu comecei a suar frio.
Sinistro: Car4lho, como uma pessoa desaparece dessa p4rra e ninguém viu? Eu quero todo mundo procurando, e se ela não apareceu, eu vou matar todos que estavam de plantão ontem.
Eles começaram a procurar dentro do hospital, e eu mandei os rapazes procurarem fora do morro porque aqui dentro eu já estava ligado que ela não estava mais. Eu saí em direção à rodoviária para perguntar se alguém tinha visto uma mina igual a Duda. Foi aí que um cara da cabine disse que uma mulher muito parecida tinha comprado uma passagem hoje cedo para o centro do Rio de Janeiro. Eu comecei a me desesperar, sentei no chão da rodoviária e comecei a chorar. Não acredito que a Maria Eduarda teve coragem de me largar depois de tantos anos. Ela disse que seria para sempre, mas me abandonou no momento que eu mais precisava dela.
- Chefe, nós temos que ir embora daqui. Daqui a pouco os policiais vão aparecer, e você vai estar aí sentado. Você vai acabar sendo preso.
Sinistro: F0da-se, minha vida acabou. Car4lho, minha mulher meteu o pé.
- Se tu quiser, eu posso mandar uns vapores na rodoviária do Rio de Janeiro para tentar descobrir onde ela foi. E se ela estiver em alguma favela do comando, a gente consegue tirar ela de lá. Tu tá ligado que ela ainda está no teu nome, então ela é considerada a tua mulher. Ela não vai poder se envolver com outra pessoa, então fica suave. Ela está grávida, deve estar com raiva pelo que aconteceu naquele dia na boca e por ter passado no hospital, mas mulher é assim mesmo, pô. Daqui a pouco passa, mas tu tens que continuar firme para quando ela voltar. Se tu te abateres muito, ela vai saber que tu estás comendo na mão dela.
Sei que as lágrimas e me levantei do chão, fui andando em direção ao carro e mandei cinco vapores para o centro do Rio de Janeiro. Se a Eduarda estiver em alguma favela do comando, eu vou achar ela e garanto que o bagulho não vai ficar nada bom para o lado dela.