Clara Narrando Eu ainda tava sentada no sofá, mexendo distraída nos dedos, enquanto esperava Dona Marta e Caio terminarem de conversar no quarto. A casa tava silenciosa agora. Só dava pra ouvir os grilos lá fora. Suspirei. A situação toda me deixou tensa, mas eu não tava arrependida. Débora mereceu cada tapa que levou. E se eu pudesse, tinha dado mais. Não admito desrespeito, ainda mais com uma mulher doente, uma senhora que já passou por tanta coisa na vida. Pisquei algumas vezes, tentando não remoer aquilo de novo. Foi quando ouvi passos pesados vindo do corredor. Levantei o olhar. Caio saiu do quarto, ajeitando a camisa no ombro. O rosto ainda tava meio carregado, mas diferente de antes. Ele parou quando me viu e ficou ali, me olhando. Eu também fiquei olhando pra ele, sem

