cap.8

1085 Palavras
Cap. 8: paredes com ouvido. — Ei! — gritei em pânico e ele apertou de novo sem misericórdia apontando para mim, foi tão alto que pareceu explodir dentro da minha cabeça, senti o coração disparar no peito. Meus olhos se arregalaram ao ver a arma apontada diretamente para mim. A mira tremia levemente, mas a intenção era clara. — Essa é a última vez que ousa dizer meu nome! — ele gritou, a voz rouca de raiva. — Saia da minha floresta ou será seu túmulo! Com um último olhar ameaçador, ele se virou e desapareceu entre as árvores, deixando para trás um silêncio opressivo e o eco distante. — Meu túmulo? Ele parecia que depois de muda ele queria era me deixar surda. — esperei alguns minutos até me recuperar ainda sentada nas raízes e folhas. Depois voltei para casa, não tinha o que fazer ali agora, tudo que eu podia fazer agora era cumprir minha promessa a Karmelia, não posso fugir. Assim que cheguei na porta de entrada, Karmelia me puxou e me arrastou até a moita onde nós duas nos escondemos. — Faça silêncio! — ela me avisou, parecia que estava escondida ali desde que eu saí. — O que está acontecendo? — Um dos homens que é responsável pelo acordo com meu pai. — ela avisou com as mãos tremendo enquanto segurava meu pulso. De repente, vejo um homem alto e forte ao lado de Vando, ele deve ter menos de trinta anos, tem boa aparência e usa roupas sociais ajustadas ao seu corpo de forma impecável com um cigarro entre os lábios. — Se você não quiser problemas, é bom que faça tudo de acordo com o planejado, eu estendi o prazo para você, somente mais dois anos para que você possa conviver com sua filha, mesmo que agora ela já tenha 19 anos e possa ser entregue. — o homem que o acompanhava comentava. — Senhor Cassius, eu sou realmente grato a você por tudo que você está fazendo, eu não estava em um bom período quando fiz esse acordo, pensei que seria algo de momento e conseguiria resolver. — Vando disse e Cassius esticou um sorriso irônico. — Na máfia não funciona assim, você investiu algo muito mais importante que o dinheiro, é óbvio que não conseguiria cumprir porque os próprios fiadores não permitiriam, a máfia é assim. — ele comentou com frieza, admito que ele me dá um pouco de medo. — Enfim, eu não tenho muito o que falar, só te alerto de uma coisa, a menina não pode ser tocada por homem algum, o mais prudente seria a entregar agora, contudo estou te dando esse tempo, mas se quebrar o acordo, perderá os dedos das mãos e pés! — ele asseverou em seguida sorrindo com satisfação. — Sim senhor! — Vando confirmou ainda mais apavorado, eu podia ver o medo nos olhos dele e até mesmo nos de Karmelia. — Parece que tenho algo a resolver na floresta agora, os gatos estão barulhentos hoje. — ele comentou com indiferença, mas acredito que tenha ouvido os tiros, Vando até mesmo engoliu em seco ao olhar entre as árvores, ele tinha um medo mortal de Kaleu e isso me dava uma satisfação tão grande. — Vem! — Karmelia me puxou quando os dois homens se afastaram e seguimos até a janela do porão, as madeiras que estavam fechando tudo agora estavam jogadas em um canto, Karmelia deixou no chão e deslizou para dentro, assim logo eu fiz o mesmo. Karmelia agora estava encolhida do lado da cama e eu me sentei ao seu lado segurando a sua mão. — O que significa? — perguntei a ela sobre a conversa que a incomodou profundamente. — Você não entende, não é? Mas vou te dizer como as coisas devem ser, amanhã você vai para a escola, e… mesmo que você se apaixone por alguém você nunca vai poder se aproximar, se envolver, porque se esse homem descobrir, você morre e meu pai também, e se eles descobrirem a mentira será ainda pior, toda nossa família será dizimada um por um. — Eu não deveria ser obrigada a assumir algo tão pesado. — lamentei mantendo a cabeça baixa. — Eu não sei o que te dizer, eu escuto boatos, tenho sempre ouvido meu pai e parece que já até escolheram o homem e… — ela hesitou por um momento e percebi seu olhar de pena. — Eu sinto muito, a culpa não é minha… — ela suspirou conformada sem se esforçar a dizer mais nada, apenas se levantou e saiu do quarto. Tive uma noite pesada como nunca tive, sei que eram mais dois anos, mas estou realmente apavorada, eu não quero ser entregue a ninguém, sinto como se tivesse perdido minha vida inteira e faltava tão pouco para ser entregue a algum louco que pode até mesmo me matar. — Eu quero viver… — choraminguei baixinho em meio ao pânico e foi assim toda a noite, tive uma noite insuportável, ao mesmo tempo que meus pensamentos estavam em Kaleu. Pela manhã bem cedo acordei com um forte tombo na porta, Vando entrou de forma abrupta me arrastando para fora do quarto como se eu fosse um animal, era como se eu estivesse fazendo algo errado, mas quando cheguei na sala, tinha dois homens de pé ali esperando. — Se falar uma única palavra, serão as últimas da sua vida. — ele sussurrou para mim, então abaixei a cabeça travada pelo pânico. — Essa é a sua filha? — o homem que vi ontem estava de volta e trazendo com ele um outro homem. — Sim! Ela está indo para a escola agora. — ouço Vando responder de forma insegura. — OK… queremos saber onde é a escola e todos os lugares que você costuma frequentar, senhorita… — Cassius comprimiu os olhos como se forçasse a mente a lembrar. — Miliane, o nome dela. — Vando avisou então fiquei ainda mais surpresa, afinal pensei que nossas identidades estavam trocadas, acredito que ele escondeu muito bem a identidade da sua filha. — Tudo bem, vamos esperar do lado de fora. — avisou o outro rapaz que o acompanhava, ele parecia um pouco mais novo, mas não muito. — Avise ao nosso pai. — Cassius pediu ao homem que se retirou enquanto ele se aproximava de Vando. — Essa menina… ela não parece mais nova do que 19 anos? — ele perguntou desconfiado e eu abaixei a cabeça em meio ao nervosismo.
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