Fui o caminho inteiro pensando em como seria a primeira semana morando na mesma casa que o Pedro, aposto que não vai ser nada fácil conviver com um garoto que é chato! Se acha a última bolacha do pacote, mas com razão também né o garoto mais popular da escola que tem todos nos seus pés, até eu iria me achar a última bolacha do pacote.
Estacionei o carro do outro lado da rua, de frente para a casa vi um carro preto e o Pedro encostado, esse garoto ta apostando com os amigos só pode! Não larga do meu pé nunca! Passei por ele fingindo não o ver, foi quando ele segurou meu braço fazendo voltar para trás com tudo.
— Não me viu aqui? — Dei um sorriso pra ele.
— Acredita que eu não vi você encostado no carro, nosso juro pra você. — Coloquei a mão sobre o peito se fingindo de sonsa.
— Não seja boba Bia, não precisa bater na porta sabe que eu moro aqui. — Ele estende a chave, reviro os olhos e me solto dele.
— Nossa! Sabe como é né, posso muito bem esquecer de coisas que não me importam tanto. — Digo dando de ombros, mostrando desinteresse, mas por dentro estou louca por não ter esquecido esse ponto em nenhum momento do meu dia.
Fomos até a porta, ele destrancou dando um espaço para eu conseguir passar, em menos de minutos Ana aparece correndo vindo na nossa direção.
— Biaa. — Ela entende os braços, me abaixo e pego ela no colo.
— Olá Ana, como você está? — Coloquei ela no chão vendo um sorriso no seu rosto.
— Estava com saudades, você demorou de mais para voltar. — Ela abraça minhas pernas, Pedro passa pela gente dando uma risada baixa. — Não fica com ciúme Pedro, também estava com saudades de você.
Ana me soltou e foi na direção do Pedro que se virou e pegou ela no colo girou ela que começou a dar risada, fui na direção da cozinha vendo Valen cozinhando algo com o cheiro ótimo.
— Que cheiro maravilhoso! — Ela dá um pulinho assustado e começa a dar risada.
— Beatriz menina! Você me assustou, pensei que chegaria mais tarde. — Comecei a dar risada com ela.
— Sai da escola e já vim para cá, pertinho por isso que não demorei tanto. — Me encostei na bancada vendo-a colocar algumas coisas em cima da pia.
— Trouxe suas roupas né. — Assenti pra ela que veio até mim com uma colher na mão. — Prova.
O gosto maravilhoso do molho, no final tinha um gostinho de requeijão coisa que amo! Olhei pra ela com os olhos brilhando.
— Isso tá uma gostosura! Nunca provei nada tão gostoso. — Limpei o canto da boca. — E sim, trouxe roupas acredito que até demais.
Dei risada, ela virou para o fogão mexendo em algumas panelas e depois se virando de volta.
— Bom, pelo menos não vai faltar roupas. — Ela dá um sorriso contagiante. — Pedro me falou que sua comida preferida é lasanha de requeijão nunca fiz antes, mas vou tentar hoje.
Na hora meu coração parou, Pedro falou? Juro que tento entender esse garoto, mas ainda assim não entendo, nem lembro de ter falado-lhe que era minha comida preferida, pensei que ele poderia muito bem esquecer disso já que um garoto como ele deve pensar em muitas coisas.
— Tudo bem? Ficou meio pálida agora. — Dei um sorriso tentando disfarçar.
— Só achei estranho, não somos tão próximos na escola. — Uma pessoa atrás de mim começa a tossir, quando olho e o Pedro, dou um sorriso forçado pra ele que senta do meu lado.
— Não tem uma palavra certa. — Pedro respira fundo soltando o ar em seguida. — Minha mãe não vai conseguir apresentar seu quarto agora por isso ela pediu que eu faça isso.
Sorri pra ele tentando ser o mais gentil possível, Valen veio até nós entregando uma colher para Pedro, ele olha-lhe de volta com um sorriso de orelha a orelha lambendo os beiços por experimentar o molho maravilhoso que Valen fez.
— Uma delícia Valen, igual toda refeição que você faz! Vamos? — Assinto pra ele que sai na minha frente. — Seu quarto vai ser aqui em baixo, lá em cima fica o quarto da Ana penso que você já viu a primeira vez que você veio aqui.
— Me lembro do quarto dela, cheio de Barbie não tem como esquecer. — Dou risada sozinha, ele me olha e abre a porta do quarto dando espaço.
— Ana ama Barbie, isso já faz parte dela faz muito tempo. — Entrei vendo o tamanho do quarto, fiquei de boca aberta ele percebeu e deu uma risada fraca. — Se ficou surpresa com seu quarto olhe o da minha mãe.
— Esse quarto e muito grande! Maior que meu próprio quarto. — Deixei minha bolsa em cima da cama com a mochila com minhas roupas.
— O banheiro fica naquela porta, o guarda-roupa só está com as toalhas, lençóis... — Olho pra ele mordendo o lábio.
— Aposto que traz todas suas garotas para esse quarto. — Sentei na cama olhando pra ele que se encostou no batente da porta.
— Prefiro me encontrar com todas essas garotas que você mesmo disse em outro lugar. — Pedro solta um sorriso sacana.
— Outros lugares como o seu quarto? Um garoto popular igual você, duvido que não tenha uma garota para cada semana diferente. — Ele ficou quieto por alguns segundos, talvez pensando em uma resposta.
— Sou mais do tipo que prefere ficar de vela do melhor amigo. — Piscou-me com um sorriso no rosto, fiquei sem expressão na hora.
— Você? Tem certeza disso? Nunca pensei que você iria gostar mais de ficar de vela. — Digo com um sorriso no rosto, tentando ao máximo não transparecer.
— Sabe como é, ser amado por muitas às vezes cansam. — Ele suspira e se aproxima sentando na cadeira, mexeu em algumas canetas em cima da escrivaninha e voltou olhar para mim.
— Pensei que nunca ouviria isso de um popular da escola, mas sabe, desde que cheguei você sempre foi o popular, isso começou quando? -Cruzo os braços prestando bastante atenção nele que fica quieto durante alguns minutos sem dizer nada.
— Não sei muito bem como explicar, minha mãe já estudou na escola essa popularidade vem dela, então acho melhor perguntar pra ela. — Pedro termina a frase dando risada.
— Deve ser difícil lidar com ela sempre viajando, ainda mais com a Ana.
— Quando essa onda de viajar a trabalho começou ela levava a Ana por ela ainda ser muito pequena, mas isso atrapalhava muito o desenvolvimento dela então ela achou melhor contratar um babá, mesmo Ana não goste de nenhuma babá.
— Nossa, mas ela gostou tanto de mim bom eu acho! Ainda não passei meu dia com ela para saber como ela é.
— Pode ter certeza que ela gostou de você, nunca vi ela tão animada para passar o dia com você, se sinta importante porque ela nunca foi assim com ninguém.
Nunca pensei que diria isso, mas é bom conversar com o Pedro, fora da escola ele parece ter uma certa calma, por não estar rodeado de pessoas que ficam sempre em seus pés.
Sorri pra ele que sorriu de volta pra mim, estou começando a gostar dele. Ficamos em silêncio durante alguns minutos até que Ana apareceu no quarto correndo vindo na minha direção.
— Vamos brincar de Barbie Bia! Por favor...— Ana fez uma cara de cachorro sem dono pegando na minha mão.
— Não precisa nem pedir duas vezes. — Sorri pra ela que deu pulos de alegria.
— Não pense que você vai fugir Pedro, vamos brincar nos três de boneca. — Olhou-me depois para o Pedro e subiu correndo para o quarto, suspirei animada.
Subi as escadas indo para o quarto da Ana enquanto Pedro me seguia atrás, quando entrei já vi varias bonecas jogadas pelo tapete.
— Você vai ser essa, e você vai ser esse. — Entregou uma boneca na minha mão e outra para o Pedro.
— São um casal nos filmes não são? — Pedro pergunta olhando para o boneco em seguida para a Ana.
— São sim! Um dos meus casais preferidos. — Ela rodou imaginando coisas, criança tem uma imaginação tão fértil...
(...)
Valen apareceu no quarto chamando a gente para almoçar, levei Ana para lavar as mãos enquanto Pedro descia para ir se adiantando.
— Gosta de fazer as coisas sozinha, não é? — Ana olha pra mim com um sorriso no rosto.
— Minha mãe me ajudou. — Desde pequena e já começando a ser independente devido à falta da mãe, te entendo Ana.
— Prontinho, quero comer! — Diz saindo do banheiro doida para descer e ir para a cozinha logo.
— Tudo bem vamos descer então, está com tanta fome assim? — Ana começa a descer as escadas com uma certa rapidez, prestando atenção em mim e não nos degraus.
— A comida da tia é uma das melhores! Eu amo! Amo comer a comida dela. — Ana sorria e pula de degrau a degrau.
— Ana preste atenção na escada. — Digo repreendendo-a por não estar prestando atenção na escada, isso poderia ser perigoso.
Antes mesmo que Ana prestasse atenção no que estou dizendo, ela pula de novo, mas dessa vez no chão, ela não consegue se equilibrar e acaba torcendo o pé.
Antes mesmo que pudesse pular para ajudá-la, Pedro aparece e consegue a pegar no colo, me encostei no corrimão tentando voltar ao normal, se Pedro não tivesse aparecido Ana poderia ter caído no chão e ter se machucado.
Parece que todo o medo que deveria estar na Ana, passou pra mim, um calafrio enorme passou pelo meu corpo, meu coração acelerou por medo dela ter se machucado graças ao Pedro não aconteceu nada com ela!
— Não faça mais isso Ana, você quase me matou de susto! — Coloco a mão no peito tentando controlar ao máximo minha respiração.
— Ana cuidado da próxima vez, você sabe que a Valen não gosta quando desce correndo a escada. — Pedro a coloca no chão que olha pra mim com um olhar assustado.
— Não vou mais fazendo isso, prometo. — Sorrio pra ela tentando fazer com que ela esqueça de desse quase acidente.
— Vai lá na cozinha perguntar pra Valen se ela precisa de ajuda, nos já estamos indo. — Pedro diz passando sua mão pelo cabelo dela, dá um beijo em sua testa, Ana vai correndo na direção da cozinha.
— Você parece pálida Bia, você está bem? — Olho pra ele com os olhos arregalados.
Pedro se aproxima de mim, apoiando sua mão esquerda no corrimão, sinto o cheiro de seu perfume doce, fico desorientada por ele estar tão perto de mim, talvez com preocupação, não sei direito.
— Tenho que me acostumar em como a Ana é uma criança ligada na tomada, a pilha não acaba de jeito nenhum. — Digo dando um sorriso fraco.
— Daqui a pouco você se acostuma, isso é porque você ainda não a viu quando quer algo, ela fica mil vezes pior.
— Espero que isso não aconteça tão cedo, ainda tenho que me acostumar com ela ligada na tomada. — Demos risada, me soltei do corrimão por conta disso perdi o equilíbrio e acabei caindo em cima do Pedro.
— Opa, cuidado Bia. — Ele da risada me segurando pela cintura e olhando em meus olhos. — Pode se machucar.
— Vou tomar mais cuidado da próxima vez, agora pode me soltar? — Quando ele percebe que ainda está me segurando, me segura mais forte me pegando e me colocando no chão com maior cuidado do mundo.
— Bom vou ir almoçar, quer comer conosco? — Ainda com a mão na minha cintura, seus olhos parecem que me chamavam, queria cortar o contato, mas não conseguia de jeito algum.
— Já comi na escola, não estou com fome. — Pedro suspira e tira a mão da minha cintura devagar. — Vai fazer companhia para Ana, ela precisa, não quero que ela fique almoçando sozinha.
— Deveria vir almoçar conosco. — Direciono ele para a cozinha e apoio minhas mãos em seu ombro.
— Eu apenas trabalho aqui, sou babá da sua irmã, nada mais que isso. — Sorrio sem mostrar os dentes.
— Bom almoço Ana. — Beijo sua testa e vou na direção da cozinha, apoio o braço na bancada encarando Valen tampar as panelas e guardando os utensílios que não iria usar mais.
Ivana apareceu na cozinha me chamando pra conversar no escritório, para resolver só mais algumas questões envolvendo o contrato, deixei Valen sozinha e acompanhei Ivana até seu escritório.
— Feche a porta por favor. — Assinto pra ela, fechei a porta e sentei na poltrona de frente para a mesa de Ivana.
— Bia só para acabar logo com esse assunto, quero que me passe seus dados bancários, para assim acabar logo com todo esse assunto de burocracia.
— Claro, sem problemas...
Ficamos por um certo tempo no escritório resolvendo sobre o assunto, Ivana logo me liberou para poder arrumar minhas coisas no meu futuro quarto.