A babá da minha irmã

IV

— Seja legal Bia, por favor...-Agatha me olhou mordendo os lábios.

— Eu sempre sou legal com as pessoas. — Pisco para ela, olhei em volta tentando achar o Diego.

— Um amor de pessoa você! — Falou aparecendo do meu lado.

— Desde criança um amor de pessoa. — Sorri ainda procurando pelo Diego.

— Podia fazer igual fazia com nossos pais, você só ia descobrir quando chegasse em casa e visse nos dois juntos. -Cruzei os braços para ela olhando com cara f**a. — Vamos para nossos lugares.

— Começou bem! — Agatha olhou para mim não falando mais nada, entramos e fomos direto para a mesa que Agatha reservou. — Como conseguiu uma reserva tão rápido? Não foi de última hora?

— Você sabe como filhinha de papai tem seus privilégios. — Ela sorri bebendo um pouco da sua bebida.

   Como nossos pais não convivem conosco, tentam fazer com que tudo seja perfeito no nosso cotidiano, como se isso fosse tampar o buraco deles em nossas vidas, conseguir uma reserva no restaurante de última hora ligando para nossos pais é uma das coisas que conseguimos!

— Precisa nem dizer mais nada. — Digo com um sorriso de canto.

— Diego disse que já vai chegar, como já disse, teve um imprevisto em seu trabalho. — Assenti para ela enquanto olhava o cardápio.

  Ficamos alguns minutos conversando enquanto Diego não chegava, quando menos percebi um cara apareceu do lado da Agatha fazendo com que ela levante animada da cadeira pulando no colo dele.

— Meu deus...

— Um prazer em te conhecer Bia, sua irmã fala muito de você. — Ele estendeu a mão para mim, apertei com um sorriso no rosto.

— Um prazer em te conhecer Diego. — Olhei para ele tentando adivinhar qual era sua idade, vinte dois anos é muito novo pra quem já tem um pouco de barba.

   Diego se acomodou na cadeira e começou a olhar para mim e para Agatha, o silêncio ficou entre nós três, acabei de conhecer o futuro namorado da minha irmã eu pergunto pra ele quantos irmãos ele tem? Nunca passei por uma coisa dessa!

— Nossa… vocês duas são parecidas, em simultâneo, não são. — Diego disse olhando para nós duas, dei risada da cara que ele fez. — Então… já pediram algo?

— Apenas parecidas, pois nossas personalidades são totalmente diferentes. — Agatha fala pegando o cardápio e dando uma olhada.

— Concordo plenamente! Temos apenas os rostos parecidos. — Ele deu risada.

   Demoramos um pouco para escolher o que iriamos comer, depois de muito tempo, pedimos o que queríamos e ficamos esperando chegar, a conversa entre nós três rolava normalmente.

— Agatha falou bastante de você, uma pessoa de sorte. — Olhei para ele tomando um gole do meu refrigerante.

— Vai ficar me explanando mesmo Bia? Saiba que tenho segredos seus também. — Agatha me encara com um sorriso perverso no rosto.

— Ela fala também bastante de você, coisas boas tanto ruins. — Encarei ela incrédula.

— Ótimo saber que fala m*l de mim pelas costas, vou começar a fazer isso também Agatha. — Ela me olhou como uma criança que fez coisa errada, mas ainda assim não tem vergonha na cara.

— Como vocês duas vivem juntas? Ficam trocando farpas sem perceber. — Diego diz encarando nós duas.

(...)

   Foi divertido conhecer Diego, parece ser uma pessoa que vai acalmar a vida louca da Agatha que não aguenta dez minutos parada. Quando cheguei em casa deixei minhas coisas jogadas no meu quarto e fui para a cozinha beber água, fiquei olhando para o nada durante minutos pensando em literalmente nada.

  A porta abriu e quando olhei vi Agatha entrando com Diego, ela veio para a cozinha pegando o copo da minha mão e tomando toda minha água, Diego acenou para mim e foi para o quarto da Agatha deixando nós duas sozinhas.

— Folgada você né. — Olhei para ela brava.

— Sou sua irmã tem que dividir as coisas, mas mudando de assunto o que achou do Diego. — Ela sentou na bancada me olhando.

— Achei ele um cara legal, mas ele não parece ser muito velho não? — Não tive coragem de perguntar qual era a idade dele, no restaurante.

— Ele só é dois anos mais velho que eu, parece que ele é mais novo no meu ponto de vista.

— No meu ponto de vista ele parece ser mais velho que você, mas né fico feliz que você finalmente achou alguém que combine com você! Aliás, tenho que te avisar, segunda vou começar a trabalhar, por conta disso vou passar uma boa parte do meu tempo na casa da criança que vou cuidar. — Ela me olhou triste.

— Então quer dizer que vou passar a semana inteira sozinha? — Assenti pra ela que fez um bico maior ainda. — Vai voltar para casa só no final de semana?

— Isso mesmo, não sei se fico triste ou feliz porque um dos garotos mais populares da escola é irmão da criança que vou cuidar. — Agatha olha pra mim com a boca aberta.

— Ta falando sério? Não estou acreditando nisso! Aproveita e pega ele garota! — Ela fica com um sorriso s****o, ainda me encarando.

— Você ficou meio louca agora né, ele é muito chato! Sem contar que vou ir para lá só para cuidar da irmã dele. — Ela revirou os olhos, mostrei a língua pra ela.

— Não vou ficar fazendo sua cabeça porque eu sei que você não vai me ouvir de jeito nenhum então boa sorte no trabalho. — Agatha saiu de cima da bancada e foi para seu quarto.

— Agatha pelo amor de deus usa c*******a, não quero ser tia tão cedo! — Ela se virou pra mim, mostrou a língua e voltou a caminhar para seu quarto.

  Fui para meu quarto, me joguei na cama fechando os olhos morrendo de preguiça apenas tirei o vestido coloquei um pijama desliguei a luz e capotei na cama.

-Segunda-Feira-

   A mesma rotina de sempre, quando terminei de me arrumar fui pra cozinha preparei um café, passei requeijão na torrada, depois que terminei de comer fui pra sala peguei minha bolsa a chave de casa e fui embora.

  Nem vou perguntar sobre a Agatha que eu sei que ela está dormindo de conchinha com o Diego, só iria perder meu tempo pensando em uma coisa já óbvia.

  Quando cheguei na escola de longe consegui enxergar Alli me esperando sentada em um dos bancos olhando para o nada, tranquei o carro e fui na direção dela.

— Bom dia Alli! — Sentei do seu lado prestando atenção nas pessoas que estavam passando pelo pátio da escola.

— Bom dia Bia, sabe qual é a nossa primeira aula? — Dei de ombros pra ela, eu sei qual era nossa aula, mas no momento a matéria não passava na minha mente.

— Eu até sei, mas não lembro agora. — Bebi um pouco da minha água.

— Vamos para sala, melhor coisa que nós podemos fazer. — Assenti pra ela, fomos para a sala conversando sobre algumas coisas que iriam acontecer na escola.

— Quer fazer algo depois da escola? — Alli senta na mesa e joga sua bolsa em cima da mesa.

— Provavelmente vou para a casa da Ana, ainda não sei direito. — Suspiro deixando meu caderno e estojo em cima da mesa.

— Pode me mandar mensagem se não for pra casa da Ana, ou pode até mesmo ficar mais próxima do Pedro. — Ela sorri pra mim com segundas intenções, reviro os olhos.

— Agatha falou a mesma coisa, não entendo vocês! Porque querem tanto assim  que eu pegue o Pedro? Ele é uma galinha, se acha demais, deve ser insuportável andar com ele já que todas as meninas ficam no pé dele, nas redes sociais e pessoalmente. — Sento na cadeira nervosa e passo a mãe pelo rosto, solto um suspiro pesado e fico encarando a porta, Alli fica encarando comigo.

— Me diz uma garota que você conheceu, que teve a sorte de trabalhar na casa do garoto mais gato e popular da escola. — Ela sussurra apenas para eu poder ouvir, Pedro passa pelo corredor ficando de frente para a nossa sala conversando com uma garota qualquer.

  Era óbvio que Pedro está jogando seu charme pra cima da menina, mexendo no cabelo, uma mão no bolso, um sorriso de canto que qualquer menina que ver vai se apaixonar e por último, mas não tão importante a mão direita na parede como se estivesse prendendo para que a menina apenas o encare fazendo com que ela pire por encarar um cara tão bonito.

— Na minha opinião você precisa ir logo antes que outra menina o roube de você. — Olhei pra ela com uma expressão séria.

— Ele não é um objeto Alli.

— Mas ele faz as meninas de objeto. — Ela aponta pra mim, suspiro e continuo a encarar.

  Tudo bem que ela não está errada, mas ainda assim, não gosto de fazer as pessoas de objetos isso não é uma coisa que eu faria normalmente, ainda mais eu que prefiro mil vezes estar no meu canto sem falar com muitas pessoas.

  Apenas observando em como as pessoas em minha volta podem ser diferente uma das outras, deve ser tão difícil ficar em uma sala cheia de gente que não se colam e só ficam jogando rixa um em cima do outro, com indiretas também. A vida dos outros não me interessava então, mudei totalmente meu pensamento. 

   O professor de química chegou, passou algumas questões relacionadas com a aula anterior, copiei tudo e virei para Alli que está concentrada resolvendo as questões.

— Alli nunca vi você tão concentrada. — Digo pegando meu lápis e resolvendo as questões.

— Nada comparado a você, que consegue resolver isso em menos de dez minutos. — Dou de ombros, ela encara meu caderno vendo metade das questões resolvidas.

— Não consigo me defender disso. — Digo dando risada e mordendo o lábio inferior.

— Eu sei como não defender isso! Você é um nerd, essa é a única explicação!

— Não diria que isso é uma explicação. — Dou risada e mordo meu lápis de nervoso.

— Se eu não tivesse chegado aqui na escola você ainda estaria sozinha, sem estar conversando com ninguém e outra não iria ter o tanto de aventuras que você tem hoje devido a mim! — Ela dá um sorriso se gabando no final da frase.

— Você não está errada, mas também não vou falar que você está certa. — Me virei para frente e resolvi as últimas questões.

   O tempo passou voando, quando menos percebi já estávamos no intervalo pegando comida e indo sentar em alguma das mesas.

— Ninguém come a comida da escola? — Abri meu refrigerante e deixei em cima da bandeja.

— Normalmente preferem comprar comida ou trazer de casa, não sei porquê. — Dei de ombros.

— Na minha antiga escola fazia uma fila gigantesca só para comer, corriam para a fila parecendo uns cavalos. — Dei risada do jeito que ela falou, quando ia responder alguém senta do meu lado fazendo com que eu sinta um cheiro extremamente doce.

— Nossa...— Olhei para o lado e vi Pedro com um sorriso no rosto, revirei os olhos. — O que você está fazendo aqui?

— Fez amizade com galinha da escola Bia? Falto um dia e isso acontece. — Olhei para ela com um olhar de morte, Alli só pode estar de brincadeira com a minha cara.

— Cala essa sua boquinha Allison, ele já está indo embora não é Pedro. — Olhei pra ele que desfez o sorriso e continuo me encarando. — O que foi?

— Nada de mais, só vim lembrar você que...-Bem na hora que ele ia falar o sinal tocou, ele se aproximou mais de mim, falando perto do meu ouvido. — Para não esquecer que você vai lá pra casa depois da aula.

  Pedro piscou pra mim não disse mais nada e foi embora, que garoto mais sacana! Allison ficou sem entender nada, revirei os olhos e comecei a comer meu salgado.

   Minha mente entra em uma constante guerra por não entender direito o que ele quer, tudo bem que está totalmente explicito que ele só quer brincar comigo, brincar com meus sentimentos, me fazer de boba, i****a, iludida e acreditar que um galinha como ele quer envolver com a “nerd” da sala como a Allison mesmo disse.

— O que ele te disse? — Tomei um gole do refrigerante tossindo no final, o salgado até engasgou no final, parece que não quis descer de jeito nenhum.

— Nada de mais... Sabe como o Pedro é, um galinha s*******o.