A promessa selada com sangue

626 Palavras
O som dos saltos de Isabella ecoava pelo mármore frio como uma ameaça sutil. Ela caminhava com firmeza pelos corredores da mansão dos De Luca, um palácio esculpido em luxo e poder — o tipo de lugar onde segredos morriam e verdades custavam vidas. O vestido vinho abraçava seu corpo com elegância. Seu cabelo estava preso em um coque impecável. Tudo nela dizia controle. Mas por dentro, havia um incêndio. A noite era especial, disseram. Uma celebração entre famílias. Mas ela sabia o que era de verdade: uma transação. Um acordo entre impérios criminosos que selariam o destino dela como se fosse um objeto — uma ponte entre dois mundos perigosamente semelhantes. — "Isabella De Luca," — anunciou um dos guardas ao abrir as portas do salão principal. Ela entrou. Havia rostos conhecidos, inimigos ocultos, sorrisos forçados. Mas apenas um olhar a prendeu de imediato: Alessandro Vitale. O Don dos Vitale estava de pé ao lado do pai dela, imponente, como se comandasse cada centímetro daquele lugar sem dizer uma palavra. O terno preto, sob medida, contrastava com a palidez discreta de sua pele. Os olhos escuros a analisaram com calma — uma leitura silenciosa, perigosa. Isabella sustentou o olhar. Ela sabia quem ele era. Frio. Calculista. Perigoso. Um homem que cresceu entre o sangue e a lealdade. E, agora, seria seu noivo. Por acordo. Por força. Por tradição. — Isabella, — disse seu pai, — este é Alessandro. A partir de hoje, ele é o homem ao seu lado. Ela não estendeu a mão. Apenas disse: — Eu sei quem ele é. Alessandro sorriu de canto. Um sorriso que não alcançava os olhos. — E o que acha disso, principessa? — Acho que um acordo não é amor. E eu não sou algo que se oferece como moeda. O silêncio se instalou. O salão inteiro sentiu o gelo no ar. Alessandro se aproximou devagar, e quando parou diante dela, murmurou: — Ainda bem que eu não estou procurando amor. Estou procurando alguém forte o suficiente para caminhar ao meu lado… e você acaba de provar que talvez seja. Ela sentiu o coração acelerar, mas não por medo. Era outra coisa. Algo que não queria nomear. — E se eu não quiser caminhar ao seu lado? — Então me obrigará a arrastá-la. Mas isso tornaria tudo mais interessante. Isabella conteve o impulso de estapeá-lo ali mesmo. Não porque tivesse medo. Mas porque parte dela — uma parte pequena, secreta e maldita — gostou do desafio. --- Mais tarde, em sua varanda, Isabella observava a noite cair sobre os jardins da mansão. A festa continuava, mas ela precisava de ar. De distância. Um leve som a fez virar-se. Alessandro estava ali, parado na sombra, como um espectro de terno. — Gosta de fugir? — Gosto de respirar. Ele se aproximou devagar, mas sem invadir seu espaço. — Este mundo vai tentar esmagar isso em você. — Eu cresci nele. Sei como sobreviver. Ele a estudou por longos segundos, depois disse: — Eu não queria uma boneca obediente. Queria alguém que me desafiasse. Alguém com veneno na voz e fogo nos olhos. E aqui está você. Ela cruzou os braços. — Não me idealize. Eu não vim para ser sua. Isso aqui é uma guerra disfarçada de aliança. Alessandro deu um passo à frente. — Então vamos lutar… juntos ou um contra o outro. Mas saiba, Isabella: eu sempre venço. Os olhos dela brilharam. — Então prepare-se para perder. --- Naquela noite, cada um dormiu em sua ala da mansão. Mas o pensamento era o mesmo: O que começa como obrigação pode virar algo muito mais perigoso. Não amor. Ainda não. Mas algo que arranha a alma e bagunça o controle. Algo que, cedo ou tarde, vai explodir.
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