Pré-visualização gratuita A promessa selada com sangue
O som dos saltos de Isabella ecoava pelo mármore frio como uma ameaça sutil. Ela caminhava com firmeza pelos corredores da mansão dos De Luca, um palácio esculpido em luxo e poder — o tipo de lugar onde segredos morriam e verdades custavam vidas.
O vestido vinho abraçava seu corpo com elegância. Seu cabelo estava preso em um coque impecável. Tudo nela dizia controle. Mas por dentro, havia um incêndio.
A noite era especial, disseram.
Uma celebração entre famílias.
Mas ela sabia o que era de verdade: uma transação. Um acordo entre impérios criminosos que selariam o destino dela como se fosse um objeto — uma ponte entre dois mundos perigosamente semelhantes.
— "Isabella De Luca," — anunciou um dos guardas ao abrir as portas do salão principal.
Ela entrou.
Havia rostos conhecidos, inimigos ocultos, sorrisos forçados. Mas apenas um olhar a prendeu de imediato: Alessandro Vitale.
O Don dos Vitale estava de pé ao lado do pai dela, imponente, como se comandasse cada centímetro daquele lugar sem dizer uma palavra. O terno preto, sob medida, contrastava com a palidez discreta de sua pele. Os olhos escuros a analisaram com calma — uma leitura silenciosa, perigosa.
Isabella sustentou o olhar.
Ela sabia quem ele era.
Frio. Calculista. Perigoso. Um homem que cresceu entre o sangue e a lealdade. E, agora, seria seu noivo.
Por acordo.
Por força.
Por tradição.
— Isabella, — disse seu pai, — este é Alessandro. A partir de hoje, ele é o homem ao seu lado.
Ela não estendeu a mão. Apenas disse:
— Eu sei quem ele é.
Alessandro sorriu de canto. Um sorriso que não alcançava os olhos.
— E o que acha disso, principessa?
— Acho que um acordo não é amor. E eu não sou algo que se oferece como moeda.
O silêncio se instalou. O salão inteiro sentiu o gelo no ar.
Alessandro se aproximou devagar, e quando parou diante dela, murmurou:
— Ainda bem que eu não estou procurando amor. Estou procurando alguém forte o suficiente para caminhar ao meu lado… e você acaba de provar que talvez seja.
Ela sentiu o coração acelerar, mas não por medo. Era outra coisa. Algo que não queria nomear.
— E se eu não quiser caminhar ao seu lado?
— Então me obrigará a arrastá-la. Mas isso tornaria tudo mais interessante.
Isabella conteve o impulso de estapeá-lo ali mesmo.
Não porque tivesse medo.
Mas porque parte dela — uma parte pequena, secreta e maldita — gostou do desafio.
---
Mais tarde, em sua varanda, Isabella observava a noite cair sobre os jardins da mansão. A festa continuava, mas ela precisava de ar. De distância.
Um leve som a fez virar-se.
Alessandro estava ali, parado na sombra, como um espectro de terno.
— Gosta de fugir?
— Gosto de respirar.
Ele se aproximou devagar, mas sem invadir seu espaço.
— Este mundo vai tentar esmagar isso em você.
— Eu cresci nele. Sei como sobreviver.
Ele a estudou por longos segundos, depois disse:
— Eu não queria uma boneca obediente. Queria alguém que me desafiasse. Alguém com veneno na voz e fogo nos olhos. E aqui está você.
Ela cruzou os braços.
— Não me idealize. Eu não vim para ser sua. Isso aqui é uma guerra disfarçada de aliança.
Alessandro deu um passo à frente.
— Então vamos lutar… juntos ou um contra o outro. Mas saiba, Isabella: eu sempre venço.
Os olhos dela brilharam.
— Então prepare-se para perder.
---
Naquela noite, cada um dormiu em sua ala da mansão. Mas o pensamento era o mesmo:
O que começa como obrigação pode virar algo muito mais perigoso.
Não amor. Ainda não.
Mas algo que arranha a alma e bagunça o controle.
Algo que, cedo ou tarde, vai explodir.