-Como assim? -indaga Dylan ajeitando a postura
-Eu já disse comandante. O General-de-brigada exige ver o senhor e a major Haylock-esclarece o soldado- ele está na sala ao lado junto ao Antony
Vejo Dylan trincar o maxilar e cerrar os punhos com ódio. Ele fecha os olhos com força e em seguida se levanta da cadeira do escritório
-Vamos Haylock-diz com voz fria enquanto abre a porta de sua sala
O caminho foi percorrido em silêncio. A tensão era tão grande que eu a via e sentia. Era completamente palpável. Podia ver o nervosismo dele por todo aquele lugar
O que Antony quer? O que o general-de-brigada está fazendo aqui? Essa é uma patente alta! Um general nem deveria estar neste acampamento!
Percorremos todo o caminho até chegar em uma enorme sala, onde imagino que ocorra as reuniões envolvendo estratégias e assuntos internos do exército
Dylan adentra o local, bate continência perante o general e se assenta em uma das cadeiras presentes. Eu repito seu ato -não que eu queira bater continência a esse general que me olha com cara ridícula, mas...-
-General, gostaria de saber o que faz aqui-diz Dylan com voz séria
-Quero discutir sobre a posição de meu filho neste exército-justifica olhando Antony
ESPERA AÍ, O QUE?! Esse desgraçado não sabe perder e aí manda o papai vir falar com Dylan!? VOCÊS DEVEM ESTAR ME ZUANDO NÉ MUNDO! PELO AMOR DE DEUS!
-O senhor está ciente de que seu filho perdeu um duelo formal, de forma justa, correto? O qual ele mesmo propôs e concordou com os termos -pontua Dylan
-Sim. Estou ciente. Mas também não há casos desta ocorrência ridícula! -esbraveja
-Também não há casos de tentativas de e*****o no meu acampamento! E muito menos de propor como condição que a participante vire escrava do desafiante! -diz Dylan se exaltando
-Se ponha no seu lugar comandante!
-Não! Quer saber? Ponha-se você no seu lugar! Eu não admito que fale assim com o comandante, senhor general! -digo mantendo meu tom calmo, porém forte e autoritário- o comandante Hendeston não cometeu nenhum erro! As condições foram aprovadas
-Você não tem direito de sequer falar comigo! Não passa de uma mulher ridícula que acha que pode comandar alguma coisa! Não serve para nada nem para ser escrava! -o general cospe as palavras
Estremeço no lugar cerrando os punhos com ódio. Antes que ele continue falando m***a, digo, asneiras, Dylan o soca
-COMANDANTE! -grita colocando a mão sobre o nariz no qual o golpe foi desferido
-Vamos denunciá-lo! -esbraveja Antony aproveitando a oportunidade
-Não, não vão! Chega por hoje! Escuta aqui, nós faremos o seguinte: eu renuncio meu cargo como major deste exército, em troca do cargo de Dylan manter o seu- digo séria
-Ma-Dylan começa, porém em piso em seu pé forte suficiente para ele calar a boca
-E Antony voltará a ser major-acrescenta o general
-Não
-Você não está em posição de negociar-retruca ele
-Nem a p*u! Olha aqui meu querido, você está abusando da minha boa vontade! Eu acabei com a raça do seu filho em um único movimento de espada e olha que eu usei só uma delas, então acho que estou em uma ótima posição para negociar! Eu dou meu cargo em troca do cargo de Dylan, e Antony fica com o cargo de soldado caso não queira ser acusado de tentativa de me escravizar, o que é ilegal, e de me estuprar, o que também, por coincidência, também é ilegal. Então, o que vai ser?
-Precisamos de um minuto -responde com olhar de ódio e voz fria
Arrasto Dylan para fora dali e entramos em uma sala mais reservada
-O QUE VOCÊ FEZ? -grita assim que adentra o cômodo
-Um major acusado não é nada e não gera consequências, pois está em um cargo alto e as pessoas não ligam para isso já que têm medo de se meterem nas políticas do exército. Agora um soldado sim, afinal ele é um rato que deve ser eliminado, e não vale nada. Se Antony voltar a ser major nada ocorrerá com ele. Por isso ele ficará com soldado para que eu possa controlá-lo.
-Eu quis dizer você perder seu cargo!
-Ah isso? Não se preocupe. A luta nem valeu a pena mesmo -digo dando ombros- seu cargo vale mais do que o de um major. Eu posso virar major daqui a alguns meses com a prova de admissão para a próxima patente
-Vai demorar até se tornar major
-Ia demorar mais para você se tornar comandante de novo
-Me desc -antes que ele termine e eu o interrompo
-Mas sério!? O que você tem contra mim? Tinha mesmo que socar ele!? Eu já disse que EU que queira acabar com a raça dele! Você tem sempre essa mania de socar as pessoas que EU queria socar? -digo cruzando os braços
-Haylock-começa arrependido, mas eu o impeço de terminar
-A propósito, obrigada por socá-lo. Tecnicamente, você me defendeu quando fez isso-digo honesta enquanto me viro para sair da sala, evitando encará-lo
Dylan me acompanha em silêncio até a sala que estávamos anteriormente. O general se levanta sem dizer nada, assim que abrimos a porta
Socar alguém de cargo superior foi estupidez, idiotice e burrice! Só uma anta impulsiva faria isso!
Mas... as circunstâncias nas quais o soco foi dado... enfim! O que eu quero dizer é: aquele filho da mãe mereceu!
-Está decidido então, não é mesmo general? -indago adentrando a sala com postura séria
-Você é muito convencida pirralha-retruca com nojo
-E o senhor um péssimo pai-respondo no mesmo tom
-Tem sorte de eu aceitar sua proposta-diz convencido
-Tem sorte de Dylan ter apenas te socado-digo no mesmo tom e vejo sua expressão se fechar
-Estamos entendidos então-afirma Hendeston intervindo
-Estamos -o general responde
Antony sai da sala, após seu pai dirigir-lhe um olhar sério. Quase rio com o ato. Parece uma criança mimada. Parece não né... ele é!
O general passa pela porta, mas antes que siga seu caminho, ele para e diz ainda de costas:
-Não devia permitir uma mulher dessas te chamar pelo primeiro nome -diz com desprezo antes de sair da sala com passos rápidos
Encaro Dylan, que fuzilava as costas do general com o olhar. Eu não havia notado que o chamei pelo primeiro nome...
-Não foi a primeira vez-começa ainda olhando para frente- no final da luta sua e de Antony, assim que eu cheguei lá, você chamou pelo meu primeiro nome em um sussurro
-E-eu...-começo a me desculpar, mas antes que pudesse terminar a frase, me corta
-Fica bonito quando você fala -diz dando de ombros e em seguida caminha para fora da sala
Se eu fosse um marujo, embarcaria no navio da vergonha, com o destino inferno.
Esse é o resumo da minha vida.
Acho que, quando não tenho um comandante ridículo que rouba os meus potenciais saco de pancadas, eu tenho um comandante que me fez gaguejar por leves instantes.
Isso é o que? Vergonha! E essa vergonha me faz querer ir para onde? Ao inferno.
Sabe do que preciso? De uma bebida. Uma bem forte