Capítulo 13 - Educação física

2107 Palavras
Armin POV Estávamos no campo já com nossas roupas de educação física e até mesmo arrumamos uma para Vikram que parecia bem mais distante de mim e até mesmo de Theo. Ele estava mantendo suas perguntas para Niki e não estava falando muito com a gente. Na verdade, eu sentia que o problema todo em si era eu, e não Theodore. Talvez ele estivesse meio constrangido e com medo de que eu perguntasse sobre o que havia ocorrido entre ele e Victor. Quem sabe eu havia feito alguma coisa sem perceber, ou ele estava me escondendo algo e não queria me dizer. Eram muitas possibilidades, então para não errar nem magoar ninguém, me mantive calado ao lado de Theo que vez ou outra trazia seus olhos para mim. – O que foi? Perguntei baixinho para ele não me importando muito com alguém nos escutar, já que estávamos bem afastados da muvuca dos alunos. – Você está bem o suficiente para fazer isso? Theo perguntou preocupado apontando para o percurso de obstáculos que estávamos prestes a encarar, e eu engoli a seco sabendo que não estava bem. Durante esses dias eu tenho ficado com a cabeça tão cheia que estava me sentindo tonto, sem contar que eu havia diminuído drasticamente as refeições que fazia. Mas se eu não fizesse aquela aula eu poderia ser reprovado nessa matéria, e eu não estava nem um pouco com vontade de ser reprovado em educação física. – Estou sim, Theo. Não se preocupe. Sorri ameno e senti que ele queria falar mais alguma coisa, mas o instrutor foi mais rápido. – Por favor, completem o percurso e depois preencham as fichas do outro lado com o máximo de exatidão possível para... E enquanto o instrutor ensinava o que era para fazer eu olhava em volta e via aquela mesma coisa de sempre. Nossa escola era basicamente toda dividida em grupinhos, então era um pouco difícil para quem quer que entrasse em nossa escola se entrosar. Por isso que eu não entendia como Victor havia se enturmado tão rápido com aqueles garotos imundos. Falando nos imbecis, os H3 foram os primeiros a completar o percurso se exibindo como sempre e, como sempre, as garotas gritavam enlouquecidas enquanto os garotos e mais uma meia dúzia de pessoas que já tinham namorados ou noivos apenas revirávamos os olhos enfadados. Bem, considerando que meu noivo está no H3 eu deveria estar torcendo por ele, mas ao vê-lo completando os obstáculos com facilidade, a única coisa que eu quis foi que eu passasse logo naquilo e voltasse para a sala. Victor sorria orgulhoso de si mesmo e pescou uma bolsa de gelo para esfriar seu pescoço e por algum motivo sua cabeça também, e nesse ato ele piscou para mim convencido. – 1 minuto e 19 segundos! O melhor tempo que tivemos até agora! O instrutor parabenizou o Goldberg como se isso fosse uma grande coisa, apenas dando espaço para as fãs de Victor serem mais chatas ainda. – Quem será corajoso o suficiente para ir depois de um fenômeno como esse? Exagerou Finn apontando para o loiro e se aproveitando do suposto calor pós exercícios para mostrar seu próprio corpo musculoso. – Vai Vikram! Niki empurrou o moreno e eu arregalei os olhos tentando o impedir obviamente alarmado mas Theo me segurou pelo pulso sorrindo. – Vamos ver como ele se sai... Ele ri apontando para Vikram que era o mais destacado no meio daqueles garotos, por sua altura bem considerável e também por parecer não estar entendendo muito, então eu engulo a seco. Eu não estava preparado para ver ele machucado novamente. Isso seria como uma tortura. Se ele se machucar novamente será totalmente por minha causa, e eu não aguento mais levar essa culpa em minha consciência. – Se ele se machucar eu vou matar vocês! Avisei ao híbrido moreno e ao cantor que deram de ombros não tão preocupados. Claro que eles não estavam preocupados, não se tratava deles, não é mesmo? Volto meus olhos para a cena e vejo que Goldberg tinha acabado de terminar o percurso e Vikram estava pulando para alcançar as barras mais altas - que tinham pouco mais de dois metros de altura - e todos estavam rindo baixinho e eu vi o suposto meu noivo rir dele e zombando do mesmo. Vi ao longe Goldberg apontar com desdém para o híbrido e pude ler seus lábios quando ele disse: "É isso aí que você prefere?" De alguma forma aquilo me feriu de uma maneira que eu quis invadir o circuito e tirar Vikram dali, mas enquanto eu andava em sua direção ele abaixou até o chão encostando suas palmas no chão e ajeitando seu dorso de maneira felina saltou mais alto que a barra pegando ela com facilidade. Sons de realização foram expressos por todos os que observavam a cena incrédulos com a força dele. Não podia ser injusto ao ponto de dizer que não havia duvidado de sua força, mas sorri amplamente ao vê-lo se segurando na barra com um braço só e acenar para mim igualmente contente. E saltando de uma para a outra com extrema habilidade ele embasbacou a todos sendo ágil e sucinto até mesmo nos pneus e nos obstáculos. Para os que conhecem sua natureza felina isso era realmente bem incrível de se ver, e os que não conhecem certamente deveriam estar bem assustados. – 39 segundos! O instrutor exclamou colocando sua prancheta presa entre seu corpo e seu braço apenas para aplaudir Vikram e eu ri minimamente do descontentamento de Victor. – Esse menino é humano mesmo?! Brincou o instrutor fazendo com que eu, Theo e Niki nos entreolhassemos rindo. Na teoria, sim... Quis responder, e ao voltar meus olhos para meu noivo eu quis rir novamente. A maneira como ele parecia furioso fez até mesmo as garotas se afastarem dele, e vi que ele largou a bolsa de gelo que tinha em mãos no chão. Vendo que tinha chegado a minha vez, ignorei aquele fato sabendo que se dependesse daquele homem eu nem mesmo estava estudando mais. Certamente já estaria vivendo como seu esposo em minha adolescência. Comecei o percurso já sentindo meus braços fazerem bastante força para me manter em movimento nas barras, e logo que cheguei nos obstáculos senti minha cabeça girar em tontura. Tentei me manter em movimento, mas isso apenas piorou tudo, já que me fez cair de uma maneira que acabei machucando minha perna. – Armin! Escutei a voz de Vikram alta em aparente preocupação, mas Goldberg o empurrou para longe de mim antes que ele pudesse me acudir. E me segurando pelos braços e eu gemi de dor ao que eu levantei. Meu joelho ardia bastante indicando o imenso ralado que tinha se formado no mesmo, e minhas mãos também estavam raladas, contudo mais do que isso aquela tontura estava me deixando com vertigens. – Vem, eu vou te levar para enfermaria... Victor se abaixou para eu subir em suas costas e eu não consegui negar pelo simples fato de estar a um passo do desmaio, então me joguei em suas costas tendo minha vista escurecendo. Vikram POV Arranquei aquela touca que fazia minhas orelhas suarem e soquei a parede metálica da cabine do banheiro com força fazendo a mesma amassar violentamente em protesto. Mais uma vez eu não fiz nada para impedir que Victor se aproximasse de Armin. Sem contar que agora ele estava ferido e vulnerável perto daquele crápula. Eu odiava com minhas entranhas o fato de eles ficarem juntos. Armin corria um óbvio perigo estando junto a ele, e ele em breve também estaria correndo grande perigo caso continuasse fazendo o que ele fez hoje. Eu posso não saber muitas coisas sobre o mundo e sobre as coisas, mas uma surra bem dada eu sei que posso dar. E foi movido a esse sentimento de combustão e raiva que eu decidi que não deixaria que aquele garoto petulante comandasse aquela situação. – Vikram, você viu o que aquele... Theo e Niki vinham em minha direção mas eu passei direto por eles como um furacão. – Vicky?! Onde você vai?! Escutei Niki me chamar mas eu apenas me dirigi a enfermaria sem pensar muito no que eu iria fazer quando chegasse lá e no que as pessoas pensariam ao me ver fazendo o que quer que fosse o que eu iria fazer. É confuso, eu sei. Mas tudo sobre mim é assim. Confuso. Ao chegar lá todos os leitos estavam vazios menos o que Armin estava sentado fazendo um curativo em seu próprio joelho. Suspirei aliviado percebendo que ele já tinha acordado e certamente já tinha sido medicado corretamente, e isso me fez relaxar um pouco. Assim que ele reparou em minha presença ele sorriu ameno. Isso de alguma maneira me fez lembrar que isso tudo estava sendo culpa de Victor. Ele estava sendo afetado emocionalmente por causa daquele cara e das pressões dele junto com as do seu pai, e por isso ele já estava começando a ser afetado fisicamente. – Oh, Vikram! Não se preocupe eu estou...- Interrompi mandando tudo aquilo para os ares, eu só queria acabar com a raça de Victor e acabar com aquele seu planinho que eu sabia que havia. – Onde está Victor? Onde ele está? Sibilei entre dentes fazendo ele recuar tenso e provavelmente assustado por nunca ter me ouvido falar assim. Dentro de mim eu sabia que iria me arrepender profundamente daquilo, e também sabia que não teria mais volta. Por isso mesmo eu tinha que fazer aquilo valer a pena o preço de meu disfarce. – L-Lá fora... Ele empalideceu finalmente se dando conta de algo que já era para ter percebido há tempos. De alguma forma meu coração se apertou sabendo que eu tinha me aproveitado da ingenuidade dele para me esconder, mas como eu poderia ter continuado no anonimato sem a ajuda dele? Esse sentimento de culpa quase me parou no meio de minha caminhada até Goldberg, mas minha raiva estava bem maior do que qualquer coisa no momento. Fui até ele com meu corpo em chamas e nem hesitei em encaixar meu punho em seu maxilar. Fazia tempos que eu não socava ninguém, então minha mão latejou por alguns segundos, mas eu disfarcei esse fato rosnando para ele. Ele vira o rosto para mim rindo e limpando o sangue que havia escorrido pelo corte recém feito em seu lábio. – Quanta agressividade, Vicky... Ele zombou e eu queria destroçar aquele rosto dele com meus caninos, mas me contentei apenas com outro soco agora com a mão esquerda - que não estava dormente - fazendo ele cuspir um pouco de sangue. – É Vikram pra você. Ralhei sentindo meus olhos arderem, prova de que eles tinham mudado de cor. – Acho que você está esquecendo a ordem das coisas aqui... Comentei me abaixando e chutando levemente seu rosto arreado perto do chão com meu pé e seus cabelos balançaram em protesto. – Eu não devo nada a você, muito menos respeito! Escutei ele ralhar afetado em minha direção e eu ri da ousadia dele, mas fiquei satisfeito por ver que havia atingido seu ego. – E o que você pretende fazer, uh?! Segurei seu pescoço com força fazendo ele se debater fraco. Ele realmente achava que nestas condições ele poderia ser mais forte que eu? – Me apagar da árvore genealógica?! Franzi o rosto com raiva e sugeri a ele que buscava desesperadamente por um pouco de ar. – Fingir que eu nunca existi?! Cuspi minhas palavras e logo em seguida soltei seu pescoço vendo ele retomar sua respiração rapidamente. Antes que ele decidisse se rebelar, apertei seu rosto em minha mão destra sabendo que aquilo doeria bastante e vi seus olhos se tornarem vermelhos mas a última coisa que eu teria era medo daquele pirralho. – Eu vou fazer mais do que isso... Ele ralha sem medo e eu aperto mais o seu rosto fazendo ele grunhir, mas ele continuou: - Eu vou te destruir... Uma lágrima de raiva desceu por seu rosto e eu vi seu rosto ficar cada vez mais vermelho pela força que ele fazia. – ...destruir tudo o que você ama e o que já amou! Vi ele sibilar bem perto do meu rosto e seus lábios sangravam pelo contato de seus próprios dentes pontudos. Ri incrédulo com aquela declaração. – Você percebe que isso inclui você não é, irmão? Desdenhei e vi seus olhos marejados ainda de raiva e ele mordeu minha mão me fazendo gemer pelo susto e o soltar. – Estou contando com isso. Ele diz me empurrando e se retirando dali.
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