Monaliza já estava na pequena estrada sinuosa que levava para o haras, estava ainda pensando na bela ruiva do estacionamento quando se deu conta que não havia perguntado o nome da garota.
Fiz tudo certo, só não perguntei o nome. (Triste) Que mulher interessante não Jandira? Linda, linda mesmo, empolgante. Como seria o beijo dela? Será que ela beija mulheres?
Balançou a cabeça, precisava desanuviar, sabia que a cidade era pequena se comparada a São Paulo, mas onde encontrar uma ruiva numa pick up azul. Ela não tinha meios então deixou passar.a vontade que começava a crescer dentro dela.
A estrada que a levava ao seu destino era tranquila, um verdadeiro corredor verde com árvores dos dois lados, os pulmões estava em festa com tanto ar puro, pensou no pai com nostalgia, o que ele estaria fazendo por estas bandas quando descobriu o haras. Pergunta que ficaria sem resposta. O gps dizia que estava a 12 minutos do seu destino. Ela sabia que o caseiro estava a esperando, tinha ligado antes informando que estava indo. Ainda assim a ansiedade era grande.
Num espaço de 10 meses sua vida tinha virado de ponta cabeça, os pais faleceram um logo após o outro, sua melhor amiga e ex namorada tinha se mudado para o exterior, ela se formou e depois de tanto chorar resolveu se mudar para uma cidade que estava muito longe dos seus planos.
Parece um tempo longo agora, mas para quem sente. É algo que não dá para calcular.
No final da estrada começou a abrir um campo, uma porteira branca aparecia quase que abruptamente. Pensou, deveria ter sinalizações, quase bati o carro. Começou a reclamar do proprietário e então lembrou… Ela é a proprietária.
Não tinha campainha, desceu e abriu a porteira, passou, desceu e fechou. Enquanto seguia o caminho em direção a casa que via no alto de um pequeno morro, buzinou para avisar que estava chegando. Um homem alto, com a pele curtida pelo sol e um jovem garoto apareceram na varanda e acenaram, logo atrás estava uma senhora rechonchuda com um sorriso amigável Monaliza desceu do carro e sorriu meio sem jeito. A casa poderia ser dela, mas eram eles que cuidavam da terra e ela se sentiu invasora.
Abigail, a senhora rechonchuda abriu os braços e um sorriso bonachão para ela. - Dona Monaliza, esperávamos a senhora mais cedo, o trânsito deveria estar horrível.
Não, não foi o trânsito eu me perdi. Respondeu educada não querendo falar da garota do posto.
Vamos entre, venha conhecer sua casa, seu advogado esteve aqui e nos adiantou sobre as cláusulas de contrato de trabalho eu e o Antônio, meu marido ficamos muito felizes, desde a venda e do falecimento do seu pai que Deus o tenha, não dormimos direito.
Ah sim eu sei. Meu pai tinha conversado sobre vocês continuarem morando aqui. Eu não vejo problemas.
Venha, veja este é Antônio, meu marido e este é Fábio nosso caçula, tenho uma filha mas ela mora na cidade é melhor para os negócios dela morar perto do escritório.
Já de cara Monaliza simpatizou com a senhora e os dois apresentados a ela também a deixaram bastante confortável.
Abigail mostrou a casa, uma choupana na verdade, mas bastante confortável, a casa tinha móveis antigos e bem conservados, tinha três quartos, todos com banheiro interno uma pequena sala de jantar que se ligava a de estar e a cozinha. Monaliza riu, era perfeita mas o fogão era à lenha.( Nota mental, vou morrer de fome)
Lendo os pensamentos dela Abigail se adiantou avisando que a cozinha era especialidade dela e que ela iria adorar a comida, ela era uma verdadeira chef na roça. O marido e o filho que as acompanhava riram, provavelmente uma piada interna.
Bem terei que descobrir não é? Não tenho muitas frescuras mas gosto de cozinhar também, então vamos providenciar um fogão também, vai ser bom para nós duas.
Falou igual a minha filha, vocês jovem. Reclamou a mulher.
Já era fim de tarde, então Abigail ofereceu um café da roça pra ela, Monaliza olhou intrigada e Fábio o jovem garoto de olhos verdes tão familiares disse para ela não se preocupar, pegou as malas e levou para o quarto principal.
Enquanto isso Antônio já arrumava a mesa para o café na varanda, dizendo que ela iria adorar tomar o café vendo o pôr do sol.
Então ela sentou-se e ficou admirando a vista, e até onde os olhos alcançaram era linda, ela não sabia aonde era o limite da propriedade, dali onde estava via os telhados do estábulo e a pista para os cavalos, parecia ter um lago mais ao fundo e lá no horizonte o sol começava a se deitar.
Abigail trouxe o serviço de café, leite e biscoito de nata, suco, pão de queijo e pão caseiro uma salada de frutas e só de olhar Monaliza se sentiu no paraíso. Só então se deu conta que estava com fome.
Abigail ia se retirando mas Monaliza pediu para ela ficar, queria conversar precisava saber um pouco mais sobre a casa.
Não a casa não é assombrada, respondeu sério a mulher antes da pergunta.
Mas eu não ia perguntar isso.
Sei minha filha toda vez que vem aqui diz que a casa chora. Imagina ela disse isso para o seu pai e ele riu e muito. Então ele disse, é ela vai parar de chorar quando reformamos ela. Ai minha filha ficou feliz.
É verdade ela precisa de um pouco mais de carinho sem dúvida.
O antigo dono se mudou pro exterior, nunca gostou daqui, quando o seu pai fez a oferta ele nem reclamou vendeu. A verdade é que pela terra esta casa custa bem mais. Mas o moço tava apaixonado e tinha pressa. Fez tudo certinho sabe, pagou os nossos direitos como funcionários, e a gente até podia morar na cidade temos casa lá e minha filha um apartamento. Mas eu e Antônio somos do mato, então quando seu pai falou pra ficarmos nem discutimos. Minha casa é aquela ali atrás da mangueira.
Só então Mona viu uma casa mais ao norte da propriedade. Também observou que a casa tinha uma área gostosa com piscina e churrasqueira. Ela adorou.
A conversa com certeza se alongaria, mas ela estava cansada e Abigail discreta deu a entender que precisava servir o marido, pois ele deitava cedo. Muitas coisas pra fazer no Haras.
Se despediram e Monaliza esperou o céu tingir de púrpura e depois escurecer. E então entrou, pegou em sua bolsa um livro que estava lendo, colocou sobre a mesinha de centro na sala e seguiu para o quarto, precisava de um banho.
O banheiro do seu quarto era lindo, com peças antigas mas extremamente limpas e o chuveiro na temperatura certa e o toque da água em seu corpo a fez lembrar da bela ruiva de da pickup azul. Nunca uma tarde tinha sido tão intensa e confusa e como seria o beijo daquela mulher, como seria tocar o seu corpo nossa, como seria fazer amor?
Por que não conseguia tirar ela cabeça?