— Boa sorte, senhor Mendes.
Simon já do lado de fora encarou Jerrie até que a porta foi fechada. Seu cenho franzido.
— Vamos, cabeça de muffin — Haile o chamou já no último degrau. Simon se recompôs e desceu as escadas seguindo Haile até um carro que estava estacionado em frente à casa, um carro que Simon conhecia muito bem. E em frente ao automóvel Cory se encontrava encostado, os esperando.
— Pensei que não viriam mais — ele disse sorrindo.
— Você é a nossa carona? — Simon perguntou. Cory abriu os braços mostrando que somente havia ele ali.
— Está vendo outro carro?
— Cory e os amigos da faculdade marcaram de ir no Neumos hoje — Haile começou — E me convidaram. Vai ser legal.
— Elliot já foi avisada que você vai, então ela também vai — disse Cory — Divirta-se.
Simon deixou um riso escapar. Talvez, somente talvez, ele pudesse se divertir de verdade.
— Vamos pra festa, cabeções! — Haile cantarolou e eles entraram no carro. Após darem partida eles buscaram Elliot e Carter em suas casas. Astrid não iria, pois teria ensaio de seu grupo de música. Cory também parou para buscar Lea, Aaron e Taylor fazendo com que o carro ficasse totalmente lotado. Elliot foi sentada no colo de Simon, Haile no colo de Carter, e Lea no colo de Cory, fazendo com que Taylor dirigisse o automóvel com Aaron ao seu lado.
Simon só pedia mentalmente que a polícia não visse aquilo. Qual o problema em irem em seus próprios carros? - Simon pensou. O veículo parou em frente ao Neumos. A placa neon com o nome do lugar era chamativo mesmo dentro do carro. Os jovens saíram do automóvel e pisaram contra o concreto da calçada. A fila estava grande, mas estava movimentando-se rapidamente para dentro do estabelecimento. O som de guitarras abafadas eram ouvidas do lado de fora.
— Não vejo a hora de ficar bêbada e mexer a raba — Haile disse animada. Simon a olhou de esguelha. Elliot o pegou pela mão vendo que Simon estava um pouco retraído.
— Você vai se divertir — disse ela. Simon se inclinou dando-lhe um selinho. Taylor saiu do carro e jogou a chave para Cory.
— Vamo entrar! — Taylor gritou e todos comemoraram enquanto entravam na fila e não muito tempo depois entravam no Neumos.
...
Jack estacionou o carro em frente à casa noturna, o Neumos. Harley já o havia frequentado algumas vezes, o lugar sempre trazia musicos e havia o bar, onde eles nunca pediam documentos e banheiros que incrívelmente não tinha m*l odor. Harley soltou a fumaça de seu cigarro pelo nariz enquanto observava a entrada onde havia uma fila movimentando-se para dentro do local.
— Chegamos — Jack apontou o óbvio.
— Percebi — Cameron, que estava sentado no banco de trás disse. Harley o olhou e riu, passando o seu cigarro para ele dar uma tragada, aceitando de bom grado. Eles saíram do carro e entraram na fila. O vento estava frio contra as suas peles expostas, mas Harley sentiu algo a mais. Ela olhou para trás, a rua estava vazia, mas ela sentia como se algo a observasse. Uma leve brisa a tocando.
— Vamos, Harley — Jack disse e eles andaram juntos com a fila entrando no Neumos.
O som da música estava alto e o extenso cômodo já estava cheio de pessoas dançando ao ritmo da banda que tocava. Havia cartazes da banda Starset espalhados pela cidade inteira e dentro do Neumos também. A letra da música Monster, a qual estava tocando no momento, entrava no cérebro de Halsey como uma mensagem sublinar. "Você pode me mudar? Do monstro que você me fez?", o cantor dizia. Uma onda de dejà vu passou por ela a paralizando no local onde estava. Algo estava errado.
...
Simon estava sentado em uma das poltronas pretas ao fundo. Quado todo o seu grupo estava lá, exceto Haile e Taylor que haviam se dirigido até a pista. Elliot bebia sua margarita enquanto conversava sorridente com Lea ao seu lado. Simon então sentiu uma leve brisa passar por ele. O garoto olhou para os lados, talvez alguém tivesse passado rapidamente e direcionado um jato de ar no ambiente, mas havia algo de errado, Simon podia sentir quase como se algo o observasse. Não. Não era uma de suas visões, era mais como um pressentimento. Simon balançou a sua cabeça na intenção de afastar qualquer pensamento e se levantou para seguir o conselho de Haile, ele chegou até ali e se comportaria como uma pessoa normal, pois ele era normal e se divertiria.
— Vou dançar — disse ele interrompendo a conversa de Elliot e Lea. Sua namorada o olhou surpresa.
— Sério? — perguntou. Ele sorriu e assentiu ao estender a mão à Elliot, que retribuiu o sorriso e de mãos dadas o seguiu até a pista de dança.
Haile passou por eles e lançou um olhar cúmplice para o amigo que sorriu. O coração dela encheu-se de ternura, pois seu amigo estava se divertindo e após vê-lo naquele dia mais cedo desmorando era quase como um prêmio o ver prosseguir com a sua vida. Ela passou pela multidão e se sentou no banco do balcão pedindo para o barman lhe dar uma dose de vodca pura. Quando seus lábios iam tocar o copo alguém tapou os seus olhos.
— Adivinha quem é? — a pessoa perguntou com uma voz fina. Ela sorriu sabendo quem era.
— Eu sei que é você Cam — disse e ele tirou as mãos dos olhos dela. Haile se virou.
— Não tem graça brincar com você — ele fingiu decepção. — Onde está o Cory? — perguntou um rapaz moreno que estava acompanhado de uma menina de cabelos cor de rosa.
— Deve estar nos sofás bebendo com os garotos — disse Haile.
— Eu vou lá — disse ele.
— Eu vou tomar algo — disse a de cabelos rosas — Eu quero ficar bem bêbada hoje.
— Bem vinda ao time! — disse Haile animada e já um pouco alta.
— Você vai ficar bem aqui sozinha? — o moreno perguntou à garota que havia sentado no banco ao lado de Haile, ele parecia preocupado com ela.
— Vou ficar bem. Pode se divertir — disse ela — E aliás, eu não vou estar sozinha — ela olhou para Haile — Está linda morena me fará companhia.
— Sem sombra de dúvida — Haile disse sorrindo.
— Okay — o rapaz disse e deu um beijo no rosto da de cabelos rosas, a qual Haile já apelidara de "cabeça de algodão doce" — Qualquer coisa me chame.
Ele então saiu com Cameron à procura de Cory.
— Seu namorado é bem protetor — Haile comentou.
— Quem? O Jack? — perguntou rindo — Ele não é meu namorado, é meu melhor amigo. É só que eu estou passando por uns problemas e ele está meio que com medo de eu surtar ou algo do tipo. Por isso que ele me trouxe aqui.
Haile assentiu. Ela entendia o Jack, pois ela havia feito o mesmo por Simon naquele dia, obviamente por motivos loucos.
— Entendo ele — disse e estendeu a mão para a garota — Sou Haile.
— Harley — disse ela aceitando o aperto de mão.
— Nome diferente — Haile disse.
— É um anagrama com o meu nome, Heather lyns — explicou — E o nome de uma rua na qual morei. Então desde então se tornou o meu apelido favorito.
— Que interessante — Haile disse — Precisamos conversar mais um dia desses.
O barman se aproximou e elas juntas tomaram mais doses de vodca juntas enquanto conversavam e riam, como se já se conhecessem há anos.
...
A música tocava alto. As pessoas dançavam e pulavam ao ritmo da bateria. As luzes piscavam mudando de cores refletindo sobre aglomerado de pessoas. Simon não gostava muito de músicas de rock, mas naquele dia ele estava amando cada acorde da guitarra distorcida, era como se abafasse os seus pensamentos.
Tudo o que existia era a música e o corpo de Elliot contra o seu próprio. Mas então começou a acontecer. Aquela maldição. Simon sentiu se aproximar, com grande intensidade. Mas diferente das outras vezes, nessa veio como flashs. Hora aparecia as imagens, mas no mesmo segundo sumiam. Se alternando entre a realidade e as visões. Ele viu o lago, era noite. Então ele voltou para a realidade. Ele viu um homem se aproximar com uma tocha, então ele viu Elliot à sua frente dançando.
Simon não aguentaria. Ele se virou e saiu empurrando pela multidão. O cantor cantarolava no microfone dizendo: "Eles acham que eu sou louco, mas eles não sabem o sentimento. Estão todos em volta de mim, circulando como abutres" Era como se a música soubesse o que estava havendo com ele e as imagens vinham e sumiam em sua mente. Uma árvore, O sol, fogo alastrando-se, um sorriso, tinta sendo derramada.
O coração de Simon estava disparado e ele tinha a sensação de que poderia desmaiar a qualquer momento. Tudo o que ele queria achar era a saída. Ele precisava sair dali, então ele correu empurrando todos que estivessem em seu caminho.
...
Harley e Haile riam enquanto a morena contava para a sua nova amiga sobre seu ex.
— Ele era um completo i****a — Haile dizia — Mas eu gostava dele. E se não fosse pelo meu melhor amigo eu teria surtado.
Harley tomou sua bebida em um gole só.
— Amigos estão aqui para isso — disse apontando para Haile com a mão que segurava o copo vazio. Ela sorriu e se levantou.
— Vou no banheiro — disse Haile — Quer ir junto?
— Não entro em banheiro público nem fodendo — disse. Haile riu.
— Já volto — disse.
— Boa sorte — Harley disse — Pois a fila deve estar grande.
Haile quase desistiu, mas a sua dor de barriga se contraiu em seu estômago.
— Já volto — disse e correu, fazendo Harley rir. Ela encarou o copo vazio a sua frente, o tédio a tomando em um local onde se divertir era o foco principal.
— Quer outra dose? — o rapaz do balcão perguntou e ela assentiu deixando ele encher seu copo. A banda Starset cantava My Demons agora, ela se virou no banco para assisti-los, levando o seu copo aos lábios, foi quando as luzes iluminaram a multidão e seus olhos a seguiram revelando uma silhueta alta da qual ela conhecia.
O coração de Harley disparou e suas mãos tremeram, fazendo o copo de vidro cair e se estilhaçar no chão. Ou ela já estava bêbada ou ele estava mesmo ali.
— Peter — seus lábios sussurraram. Só havia um jeito dela descobrir. Harley se levantou e correu por entre a multidão, empurrando-os, ela não o perderia de vista, não novamente. Ele andava muito rapidamente e havia momentos que ela o perdia de vista até que o rapaz empurrou a porta da saída de emergência saindo para a noite fria de Seattle.
Harley correu mais e o que se pareceu uma eternidade ela conseguiu passar pela porta da qual Peter havia passado. O ar gelado tocou Harley com violência, pois dentro do Neumos estava abafado e a noite em Seattle a temperatura sempre caía. Ela olhou ao redor e percebera que estava no estacionamento. Seus olhos lacrimejados pela mudança de temperatura procuraram o garoto e o encontrou. Ele estava de costas para ela e parecia inquieto. Suas mãos em sua cabeça e ele sussurrava algo. Harley se aproximou devagar, como se tivesse medo de que ele sumisse. Simon ainda via as imagens em sua mente, cada vez com mais intensidade, e nem ao menos percebera que alguém se aproximava. O coração de Harley parecia que iria explodir a qualquer momento, ela podia jurar que se sentia tonta. Ela tomou coragem e obrigou que sua voz saísse.
— Peter? — Harley disse. Simon congelou onde estava. Era a voz de Safira, ele a reconheceria em qualquer lugar, em qualquer momento. O silêncio se fez presente e as imagens em sua mente cessaram no mesmo momento. Ele podia ouvir a música abafada tocando dentro do Neumos, a voz do cantor dizendo "Oh, você manda toda a dor embora, embora, embora. Salve-me se eu me tornar meus demônios" O coração de ambos abafafa a bateria dentro do Neumos, deixando seu sangue pulsar em suas veias desesperadamente.
Harley tremia quando ele começou a se virar e então, Simon finalmente se virou.