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3992 Palavras
O céu cinzento acima acumulava mais nuvens que ao redor cercavam os prédios. O leve vento dava um toque sombrio no estacionamento e os vidros dos carros embaçavam devido a umidade no ambiente. E entre tudo isso Simon se virou esperando que Safira não fosse real. Esperando que a voz fosse sua imaginação novamente, mas quando ele se virou por completo havia uma mulher à sua frente e esta possuía um rosto. Harley arfou quando ele se virou e seus olhos se encontraram. Ela tinha certeza. Era o garoto que ela sonhava. Seus cabelos estavam diferentes, possuindo um corte moderno, mas ainda levemente ondulados, e seu rosto um pouco mais juvenil, mas era ele, ela tinha certeza. Uma vontade súbita de abraça-lo passou pela mente dela. Como quando você encontra um ente querido que não o vê há anos, mas Harley não conhecia aquele rapaz, pelo menos não naquela vida, então colocou as suas mãos dentro do bolso de sua jaqueta jeans para conte-las de se estenderem à sua frente para tocá-lo. Simon a encarava com a boca semiaberta. Ele não havia visto o rosto de Safira, mas de algum modo ele sabia que era ela, e então uma leve brisa tocou os cabelos cor de rosa da garota enviando seu aroma até Simon, e naquele momento ele teve certeza, era ela. Ele jamais se esqueceria daquele cheiro próprio que somente ela possuía. Aquilo era real? Ela ela real? Eles eram reais? Nenhum deles disseram nada apenas se encararam como se vissem um fantasma, e era assim que eles realmente se sentiam. Mas Harley não saíria dali sem nada. Ela precisava saber se algo daquilo era real. — Você me reconhece? — ela perguntou hesitante, o medo da reposta com a esperança se mesclando em sua alma. Aquela voz era tão familiar para Simon e saía de um rosto desconhecido, enviando calafrios à ele. Mas então a porta da saída de emergência foi aberta antes que Simon pudesse dizer algo. — Simon! — Elliot o chamou alto e correu até o namorado — O que houve? — perguntou preocupada ao se aproximar rapidamente dele e tocar em seu rosto — Por que saiu correndo? Você parecia estar passando m*l, meu amor. — Fiquei com ânsia — ele mentiu. Ouvir a voz dele pela primeira vez na vida real foi como uma bela canção para os ouvidos de Harley. Era a mesma voz, aveludada e linda. Mas o fato daquela linda garota ruiva ao lado dele tê-lo chamado de "meu amor" a deixara com uma sensação estranha e desconhecida dentro de seu peito. Elliot então reparou em Harley e em seguida olhou de volta para Simon. — Quem é? — perguntou. Simon engoliu em seco. O que ele falaria? Que achava que aquela moça parada à sua frente era Safira? Uma voz que ele ouvia e uma imagem do qual não possuía rosto que sempre aparecia em suas visões? Sem chance. — Não sei — ele disse por fim e não era mentira. Ele realmente não sabia quem ela era. Não de verdade. Harley sentiu um nó se formar em sua garganta. E como se alguém a tivesse empurrado ela deu alguns passoas para trás. Seguir aquele garoto foi um erro, um e******o e insignificante erro. — Me desculpe — Harley disse obrigando a sua voz a sair — Eu te vi saindo e pensei que fosse outra pessoa — ela continuou a andar de costas reprimindo a vontade de correr para longe daquele casal — Me desculpe. Aproveitem a festa. Ela se virou e andou rapidamente de volta para o Neumos, passando pela porta e a deixando bater atrás de si. Harley passou pela multidão que assistia a banda tocar a música Die For You da banda Starset que tocava e cantava a plenos pulmões, mas Harley não os empurrava e nem andava rapidamente, ela encarava o nada enquanto andava, quase como se seguisse o ritmo da música. Sua garganta estava fechada e uma lágrima escorreu pela sua bochecha, pela humilhação e pela decepção. Humilhação por ter corrido atrás de alguém e achar que tudo seria explicado, todas as suas dúvidas, todos os seus medos por estar ficando louca, por ter acreditado em Madame Norah e tentando alcançar algo inalcançável. Decepção por ele não saber quem ela era. No fundo Harley precisava que ele soubesse sobre Safira para ela não se sentir louca e sozinha, pois se ele também compartilhasse dos mesmos sonhos que ela, então significaria que ela não era louca. Mas ele disse que não sabia quem ela era. Mais lágrimas saíram e a música que tocava não estava ajudando na sua dor adquirida no momento. Harley caminhou normalmente até a saída principal e saiu do Neumos. Ela andou pelas calçadas pensando em como chegara àquele ponto. Louca, sozinha e problemática. Tudo o que ela queria era a sua mãe de volta, para te abraçar e dizer que tudo ficaria bem. Mas sua mãe não estava lá e nada ficaria bem. ... Simon ainda encarava a porta pela qual a garota de cabelos rosas entrara. Era insano, mas quando ela virou-se de costas e se afastou ele teve vontade de impedi-la de ir embora. Era uma ideia extremamente ridícula, não era? Mas então por quê o seu coração parecia doer? — Quer ir embora? — Elliot perguntou. Simon assentiu sem dizer nada. De mãos dadas eles entraram no Neumos, a música aumentando de volume, juntos passaram pela multidão e tentaram encontrar os seus amigos para se despedirem. Simon começou a olhar em volta, primeiramente a procura de seu grupo de amizade, mas então ele percebeu que a cor que procurava era rosa. O que diabos estava havendo com ele afinal? — O casalzinho já está de saída? — Taylor já embriagado levantou-se do sofá ao canto e se aproximou deles, passando os braços pelos ombros de Simon, o cheiro forte de álcool presente. Cory e todos os outros ao redor os olharam. — Simon não está se sentindo muito bem — disse Elliot. — Eu levo vocês — Cory disse se levantando. — Não precisa — Simon disse — Eu quero andar um pouco. Elliot olhou para o namorado, mas nada disse. — Okay — disse Cory voltando a se sentar e passando os braços sob os ombros de Lea — Mas não deixe a mamãe descobrir sobre isso. Simon deu um sorriso forçado. — Pode deixar — ele disse e soltou-se de Taylor dando meia volta para sair, mas a voz de Haile chamou a sua atenção. — Alguém viu a Harley? — ela perguntou ao grupo que estava sentado nos estofados do Neumos. — Ela não estava com você? — um rapaz moreno, amigo da faculdade de Cory, se levantou no mesmo momento atraindo mais ainda a atenção de Simon. — Sim — disse Haile — Mas eu fui ao banheiro e quando voltei ela não estava mais no bar. — Relaxa, Jack — disse Taylor com os olhos abrindo e fechando lentamente — Ela deve estar se divertindo. — Duvido — Jack disse e adentrou na multidão saindo à procura da amiga. Haile ia segui-lo, mas então reparou em Simon. — Já estão indo embora? — perguntou. — Simon passou m*l — Elliot disse — Então resolvemos que é melhor irmos para casa. Haile olhou para o amigo como uma sobrancelha arqueada. Seria mais uma de suas visões que vieram à tona? E se fosse por que ele não a chamou como eles haviam combinado? — Nos falamos depois — Simon disse e Haile entendeu que ele contaria à ela o que acontecera. Ele então, junto com Elliot, se viraram e caminharam em direção à saída. ... Jack estava em frente ao Neumos andando de um lado para o outro. Ele havia procurado por Harley, mas dentro da casa noturna era quase impossível de se encontrar alguém dentre aquela multidão alienada pela banda que tocava. Ele retirou o celular do bolso, suas mãos geladas devido a noite fria. Ele procurou o contato de Harley e ligou para ela. Harley andava pelas calçadas de Seattle e ela tremia, pois aparentemente a temperatura havia caído ainda mais. A garota retirou a caixa de cigarros e retirando um cigarro levou a sua boca, em seguida pegou o esqueiro prata e acendeu o cigarro. Com o dedo indicado e médio ela conduzia o maço, tirando-o para liberar a fumaça pela boca e narinas para em seguida tragar novamente. Ela odiava ser fumante e estava tentando parar, mas no momento ela estava estressada demais para se importat e pelo menos o cigarro a acalmava. Até que seu celular vibrou dentro da calça. Sem parar de caminhar ela retirou o aparelho telefonico de dentro de seu bolso e visualizou o nome de Jack na tela. Ela poderia simplesmente ignorar a chamada por estar estressada, mas Jack era seu amigo e ele não a ignorou quando ela contara sobre Madame Norah e nem em qualquer outro momento em sua vida. Então apenas atendeu. — Oi — ela disse ainda andando e fumando. — Onde você está? — ele perguntou. — Indo pra casa. — Por que não me avisou? — Não te encontrei — mentiu, pois ela nem ao menos havia pensado em procurá-lo. — O que aconteceu? — Como assim? — ela sabia sobre o que ele estava perguntando, mas mesmo que breve ela queria adiar a sua resposta. — Quero saber o que aconteceu para você sair daqui. — disse — Você não estava se divertindo? Harley suspirou. — Foi um erro ter ido. Eu deveria ter ficado em casa mesmo. — Mas o que aconteceu? — ele não desistiria — Você parecia ter feito amizade com a Haile. — Oh — ela fechou os olhos e com a mão que segurava o cigarro Harley levou as costas dela à testa, seus passos diminuindo — Eu realmente me esqueci dela. — Você está chapada? — Jack riu do outro lado da linha. Quem dera - Harley pensou. — Não — disse ela — Nos vemos em casa, okay? Jack expirou. — Você está bem? — Estou sim — ela começou a andar mais rapidamente ansiando para chegar logo em seu prédio — Não precisa se preocupar. Divirta-se aí e depois me conte as fofocas, como sempre. Jack sorriu e mesmo não o vendo a sua amiga sabia que ele estava sorrindo. — Se você está bem, então eu fico mais tranquilo — disse ele — Nos vemos em casa. Jack encerrou a ligação no mesmo momento em que um garoto alto e moreno junto com uma ruiva bonita saíram do Neumos, ele reconheceu o rapaz sendo irmão de Cory Mendes, o rapaz que fazia faculdade de musicalização com ele. Simon era o nome dele. Jack lançou um sorriso sem mostrar o dentes para o casal e em seguida ele ia passar por eles, mas Simon chamou a sua atenção. — Encontrou a sua amiga? — perguntou ele. Jack o olhou. — Encontrei — disse — Ela já foi para casa. Hoje ela não estava muito sociável — sorriu. Simon sorriu reconfortante. — Fico feliz que você a encontrou — disse — Nos vemos por aí. — A gente se vê — Jack então virou-se e voltou para o Neumos. Simon também se virou para seguir o seu caminho, mas sua namorada se pronunciou. — Podemos pelo menos pegar um táxi? — Elliot perguntou — Eu estou de salto e não quero ficar com bolhas nos pés. Simon assentiu. — Podemos sim. Elliot pegou o celular dentro de sua bolsa Chanel para ligar para o táxi do Senhor Edwin. Um homem que sempre estava disponível para a família Paymo. — Alô — disse a garota quando alguém atendeu a ligação — Oi, é a Elliot. Estou precisando dos seus serviços — houve uma pausa — Estamos no Neumos na rua... Mas então Simon parara de escutar o que Elliot dizia ao telefone. Era como se alguém tivesse apertado o botão mudo fazendo todo o som ao redor cessar. Não havia vozes e nem a música abafada dentro do Neumos. E dentre o silêncio um som delicado e sofisticado de harpa começou a tocar, mas dessa vez Simon não se assustou. Ele lembrou-se do que Haile havia lhe dito mais cedo naquele dia. — Você precisa confrontar isso o que está acontecendo com você — ela dissera — Você precisa controlar os seus demônios e não deixá-los te controlar. Simon controlaria aquilo e encararia de frente. Ele não teria mais medo, não mais. Ele não era louco, havia visto Safira naquela mesma noite e Elliot também a vira. O que significava que havia alguma explicação. Uma brisa, a mesma que ele sentira dentro da festa o tocou e desta vez Simon entendeu. Ele olhou para trás de onde a brisa viera e de onde o som da harpa parecia vir. Então ele não estava mais nas ruas escuras e frias de Seattle e sim em frente à um quadro incompleto que ele mesmo estava a pintar. Simon olhou ao redor. Era o lago, aquele que ele sempre via por algum motivo, o mesmo que ele vira em sua visão no banheiro da escola. O sol acima indicava que já se passava de meio dia, os seus raios tocavam as águas do lago cintilando como cristais. Uma bela vista para se inspirar e era isso o que ele estava fazendo ao continuar pintando a tela à sua frente com maestria. A grama sob os seus pés era macia e as folhas das árvores ao seu redor chocavam-se uma contra a outra passando-lhe tal calmaria. Em um breve momento mãos taparam os seus olhos sem de fato encostar em sua pele, fazendo-o parar a pintura. Simon sorriu. — Estava à sua espera — ele disse e o dono das mãos as retirou de seu rosto para que ele pudesse virar-se e deslumbrar-se da beleza dela. Simon girou o seu corpo, quase identico o modo que ele se virara no estacionamento no Neumos. E dessa vez Safira também possuía um rosto. O coração dele disparou. Era o mesmo rosto, mas os cabelos rosas substituídos por longos fios castanho claro. Seu também longo vestido azul celeste tocava a grama ao chão e suas mãos agora cruzadas em frente ao seu corpo. Safira sorriu sorriu. — Sempre está a minha espera — Safira disse e caminhou ao lado dele parando para apreciar a pintura contra a tela. Simon se virou e observou Safira analisando o quadro quase pronto. — Está uma bela representação do lago — disse ela inclinando a cabeça levemente para o lado, uma mania dela que Peter já havia reparado e agora Simon reparara — Belíssima. — Beleza alguma se compara com a sua formosura, vossa majestade — Peter deixou escapar pelos lábios de Simon sem que ele pudesse controlar. Safira o olhou, seus olhos verdes brilhando, ele só não sabia se era devido o sol ou algo a mais. Fez-se silêncio. O som da natureza preenchia o lugar e a harpa ao longe nunca cessava o som. Safira sorriu e então caminhou até o lago. — O que estais a fazer? — ele perguntou. — Buscando a liberdade — Safira disse e em seguida entrou no lago. A água estava morna devido o sol. A saia de seu vestido subiu e a garota riu. — Entre — ela disse à Peter ao mesmo tempo que girava o seu corpo contra água. — Creio que não devo — ele disse. Safira parou os seus movimentos e o olhou. Um sorriso formando em seu rosto. — A sua rainha ordena que entre no lago — disse ainda sorrindo com astúcia. Peter não pôde evitar lançar um sorriso de volta à ela. Ele caminhou, quase como se fosse um fantoche controlado por Safira, e sem pensar em nada ele, com suas vestes, entrou no lago. Não era tão r**m quanto Peter pensara e como Safira havia lhe dito a sensação de liberdade parecia toma-los. A rainha bateu a mão contra a água fazendo-a espirrar contra o rosto juvenil de Peter. Ele era três anos mais novo do que ela, mas mesmo assim a maturidade dele a encantava. Peter revidou, e Safira riu e como duas crianças eles espirravam água um ao outro e riam. As trombetas soaram alto ao longe, indicando que o rei chegara. Peter e Safira se entreolharam, os sorrisos em seus rostos se desfazendo. O que eles achavam que estavam fazendo? Safira era uma rainha e Peter somente um plebeu que fora contratado para ser o pintor da família real. Eles deveriam se comportar com respeito e não como amigos. Mas mesmo assim, por aquele curto momento, eles esqueceram-se de tudo. Esqueceram que havia um mundo à fora, um universo, uma vida. Eles jamais haviam se sentido daquela maneira. E culpadamente eles adoraram. As trombetas ainda soavam e o casal ainda se encarava, pois eles se sentiam como um recém nascido naquele momento, como se alguém houvesse arrancado-lhes das entranhas de alguém, ou no caso, despertado eles para de volta à realidade. Após um breve momento Peter pigarreou. — Devemos nos apressar — disse ele — O rei deve estar próximo. Safira somente assentiu. Peter virou-se e nadou até a margem, pisando em terra solo e Safira mais atrás, o vestido encharcado pesando contra o seu corpo delicado. Quando ela estava próxima, Peter estendeu as suas mãos para ajudá-la e Safira aceitou de bom grado. Seria totalmente clichê este fato, mas era real, e quando as suas peles se tocaram ambos sentiram um leve calor e arrepios percorrer o seu corpo. Aquilo se chamava atração. Subitamente Safira soltou da mão de Peter. Ela sabia que era errado, mas era como um vício. Desde que ela conhecera aquele rapaz a garota só pensava em revê-lo e era por isso que ele estava ali naquela tarde de verão. Ela havia se encantado e sua ama de companhia, chamada Margareth, havia percebido tal fato. Safira não conseguia se controlar e já era o quarto dia seguido que Peter fora convocado para o castelo. Mas ele não sabia que ela estava obcecada por ele, e Safira era comprometida. Isso era errado. Peter a encarava sem se pronunciar. — Até mais ver, vossa excelência — Safira disse com o intuito de desvencilhar do corpo de Peter à caminho do castelo, mas seu vestido traiçoeiro estava completamente molhado e grudado ao seu corpo, tornando-se quase uma segunda pele, e quando ela dera o primeiro passo se viu perder o equilíbrio. Peter tentou segura-la em um ato heróico, mas seus pés se atrapalharam na longa saia da rainha e ele fora levado junto com ela direto ao chão. Os dois caíram sob a grama macia e riram descontroladamente. Peter, que estava encima de Safira foi o primeiro a cessar os risos para admirar a sua rainha. Ela ria de olhos fechados, e o lindo sorriso encurvava as suas bochechas deixando-as mais avermelhadas. O sol tocava a pele lisa dela e a luz fazia os longos seus longos cabelos, que estavam esparramados sob a grama, brilharem mais por ainda estarem molhados. Para ele aquela visão era mais bela do que uma paisagem retratada em um quadro, em qualquer quadro. Safira era o sinônimo da beleza para ele. Safira então, lentamente, parou de rir e abriu os olhos. Peter a olhava tão próximo, poucos centímetros os separando e ela se deixou analisa-lo também. Os cabelos dele estavam mais escuros devido a água e os seus pingos caíam contra o pescoço dela. Seus olhos analisava ela de um modo quase crítico e isso fez seu coração disparar contra o peito. E então ela olhou para a boca entreaberta dele, Peter percebeu o gesto dela e seu coração, como o da garota, também disparou. O rapaz fitou os lábios naturalmente rosados dela e antes que ele pudesse entender o que estava prestes a fazer o seu corpo já se inclinava para a frente. Então ele a beijou. Um simples toque de lábios quase sem se tocar de fato, mas o suficiente para fazê-los se esquecer de tudo. Safira deixou as suas mãos sob o ombro dele e Peter acariciava o rosto dela. Tão puro, mas tão errado. E exatamente naquele momento Simon se dera conta de que estava presenciando o primeiro beijo de Peter e Safira. O início do pecado. O começo do fim. Aquela leve brisa tocou Simon e as imagens desapareceram como fumaças junto dela, e ele estava de volta à rua em frente ao Neumos. A música abafada e o som de um ônibus levaram o som das trombetas para longe, substituindo-as. — O táxi já está vindo — disse Elliot e Simon virou-se até ela. — Ótimo — ele disse. Sua namorada franziu o cenho. — Você está bem? — perguntou. Simon olhou para a entrada do Neumos perdido em seus pensamentos. Ele não estava louco. Talvez a tese de Haile fosse verdade, ele vira Safira em pessoa. E pela primeira vez ele não teve medo das visões. E pela primeira vez após uma visão ele não despertara jogado ao chão em prantos. Ele os confrontara. Então ele pensou na Safira de cabelos rosas. Ela o chamara de Peter, então ela também tinha as visões. Como ele não pensara nisso antes? Então isso significava que ele não estava louco e nem sozinho. — Sim — ele voltou o olhar para Elliot respondendo a sua pergunta — Eu estou bem. ... A noite passara e o tímido sol nascia contra o horizonte. A cidade acordava junto com ele e as pessoas seguiam os seus caminhos aos seus afazeres. O celular que estava sob a cômoda começou a tocar fazendo Simon abrir os olhos. O garoto tateou contra o móvel, ainda sonolento e confuso devido o modo em que fora despertado. Ele forçou a sua mente à processar que horas indicava no visor de seu celular, que marcava sete e quarenta da manhã. — Simon — Cory gritou do corredor — Mamãe disse pra você se apressar. — Novidade — Simon resmungou com a sua voz extremamente rouca de sono. Ele se levantou e caminhou até o seu banheiro. Simon tirou a camiseta preta que cobria o seu corpo e o jogou na cesta de roupa suja, ao contrário de Haile ele odiava bagunça. Ele então fez o mesmo com a sua calça de moletom, também preta, e ao caminhar em direção à banheira ele se olhou no grande espelho de seu banheiro. Seu reflexo contra ele estava diferente. Quase como se ele tivesse mudado de fato. Simon se aproximou e se auto analisou. Havia algo diferente, então ele percebeu, o brilho de esperança cintilava em seus olhos cor de mel. ... — Nos vemos mais tarde — Alyah disse ao sair apressada do carro de Cory, correndo em direção as suas amigas que a aguardava em frente à escola. Quando Simon se preparou para sair do carro Cory chamou a sua atenção. — Como você está hoje? — perguntou e Simon virou a sua cabeça rapidamente para o irmão. — Estou bem — respondeu automaticamente. Cory desligou o carro e virou o corpo totalmente em direção à Simon. — O que estava havendo? — perguntou sério — Essa semana você está estranho. — Já disse — Simon deu de ombros — Estou sobrecarregado com tudo. — Tudo o que? — Tudo — disse olhando para o retrovisor evitando contato visual com o seu irmão. Simon não queria conversar. Pelo menos não em um diálogo que provavelmente teria que mentir e omitir durante noventa e nove porcento da conversa. — Simon — Cory disse mais firmemente — Mamãe e papai me perguntaram hoje mais cedo se eu suspeitava de você estar usando drogas. Com isso Simon o olhou incrédulo. — O que? — perguntou. — Eu te dei cobertura — Cory continuou — Mas eu preciso saber o que realmente está acontecendo com você.
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