Kyungsoo se olhava no espelho, um milhão de coisas reviravam por sua cabeça, e por alguns minutos se viu caprichando ao máximo para ficar bonito para Jongin. Estava apaixonado, isso era algo que não poderia mais negar para si mesmo, as atitudes do alfa o encantavam, Jongin era tudo o que um ômega poderia querer. Estava disposto a ir até o fim pelo Kim, mesmo que no final não desse certo, pelo menos tentaria.
Tentaria ser o ômega perfeito para Jongin.
Sem saber que já era desde o começo.
Estava ansioso, olhava para o relógio em seu pulso o tempo todo, Jongin chegaria em alguns minutos, e ele provavelmente deveria estar lindo, aliás, Jongin sempre estava lindo, e nem precisava se esforçar para isso. Mas que droga! Estava morrendo de amores por ele!
Ouviu o barulho da buzina de um carro e praticamente saltou do sofá, abriu a porta dando de cara com o carro de Jongin parado, o alfa estava com uma expressão de quase desespero e fazia gestos para que o Do entrasse rápido no carro. Ele entrou, mesmo sem entender o motivo de Jongin estar tão apressado.
— Desculpe a pressa. — o Kim finalmente conseguiu falar, assim que dobraram a esquina — Eu me atrasei, e o SeHun não para de mim ligar, não estava conseguindo colocar um terno no Jooheon, ele não parava de pular!
Kyungsoo acabou rindo imaginando Jongin correndo com uma calça pela casa enquanto o garoto pulava por cima dos móveis sem querer se vestir.
— Está rindo do que? — Jongin fingiu estar irritado — Quero ver quando for você tentando vestir um terno nele!
Se parasse para analisar o que tinha dito, Jongin teria entendido o motivo de Kyungsoo ter ficado vermelho e olhado para baixo. Jongin já havia chegado ao ponto de incluir tanto Kyungsoo em sua vida que até as suas falas já eram automáticas, como se tivesse certeza de que ele estaria lá no dia seguinte, na semana seguinte, no ano seguinte, sempre.
— O que foi? — o Kim perguntou, olhando Kyungsoo de canto de olho.
— Nada não.
Jongin não disse mais nada até chegarem na igreja. Estacionou ali perto, em uma vaga reservada para os padrinhos, tirou Jooheon da cadeirinha e o menino correu para segurar a mão de Kyungsoo. Jongin segurou a outra mão de seu filho e os três entraram juntos da imensa igreja.
O local era lindo, decorado com flores brancas e vasos chineses, assim como Lu Han queria, cerca de 300 pessoas estavam ali, a maioria eram os amigos e familiares de SeHun, já que a família de Lu Han morava na China e nem todos puderam vir.
Kyungsoo não se sentia confortável, muitas pessoas o olhavam, e nem sequer disfarçavam. Então isso era estar com um alfa cobiçado? Cruzaram todo o tapete vermelho até chegarem ao primeiro banco, onde havia um espaço reservado para algumas pessoas em especial, e o ômega se sentiu ainda mais confuso ao ver seu nome escrito ali, bem ao lado do espaço de Jooheon.
— Você vai ficar aqui com o Jooheon, eu sou o padrinho do SeHun, então tenho que ficar ao lado dele no altar. — Jongin informou enquanto Kyungsoo se sentava e ajeitava Jooheon no banco — Vou ficar ao lado de uma mulher, a madrinha que o SeHun escolheu, mas não fique com ciúmes, eu só tenho olhos pra você.
Kyungsoo mudou de cor, poderia ser apenas uma brincadeirinha, mas não deixava de ter lá seu fundo de verdade. E ficou ainda mais envergonhado quando Jongin se aproximou e selou seus lábios aos dele rapidamente. Aquilo sim havia sido inesperado, ainda mais com tantas pessoas olhando.
— Obedeça ao Omma, Jooheon.
Kyungsoo assistiu a cerimônia inteira sem falar com ninguém, por mais que a moça ao seu lado tenha dito algumas coisas, as quais ele apenas concordou não entendendo muito bem o mandarim da mesma. Jooheon aparentava estar entediado, mas ao mesmo tempo feliz em estar com quem acreditava fielmente ser sua mãe. Não sentiu ciúme, por mais que a moça ao lado de Jongin fosse bonita, a aliança brilhante gritava aos quatro ventos que ela era casada.
A cerimônia foi linda, com direito aos votos de casamento mais lindos que já ouviu, e nunca tinha visto um ômega chorar tanto em seu casamento quanto Lu Han chorou. E por dois segundos imaginou como seria o seu próprio casamento, se seria tão bonito quanto aquele, ou se seria mais simples, se choraria, se seu alfa escreveria votos como aqueles, se realmente se casaria um dia...
Se casaria com Jongin.
Casar com Jongin? Isso já era querer demais, no máximo passariam um tempo juntos, um ou dois cios, aquilo não seria duradouro. Mas que merda! Queria que fosse, queria estar com Jongin por todo o tempo possível, quase como um garotinho apaixonado que planeja todo o seu futuro ao lado de seu alfa perfeito. Patético.
— Vamos pra festa agora.
Quando se deu conta Jongin já o segurava pela mão para saírem da igreja, as pessoas já estavam indo embora. Só se permitiu ser guiado para dentro do carro do mesmo, e quando se deu conta já estavam em uma rua movimentada, cheia de carros por toda parte, Jongin procurava uma vaga como se a mesma fosse um pequeno alfinete no meio de um celeiro.
Encontrou a tal vaga, e depois de ter praticamente saído no tapa com outro cara, Jongin estacionou. Kyungsoo da quase briga enquanto caminhava ao lado do Kim, segurava Jooheon no colo para não o perder no meio de todos aqueles carros e pessoas que caminhavam para todos os lados.
Entraram no salão de festas, e havia muito mais gente ali do que no casamento em si, dezenas de mesas estavam espalhadas por toda parte, apenas com um espaço vazio no meio, onde provavelmente lá pelas tantas da madrugada sobrariam apenas os tios bêbados dançando. Mas antes que pudessem procurar um lugar, Jongin lembrou-se sobre o parquinho onde as crianças ficariam, para que não atrapalhassem a diversão dos adultos, e foi justamente para lá que se dirigiram primeiro.
Muitas crianças, e alguns funcionários tentando acalmar o tumulto no pula-pula. Kyungsoo colocou Jooheon no chão, e em cerca de dois segundos o garoto sumiu no meio de todas as demais crianças.
— É, parece que não vamos precisar nos preocupar com um possível choro e alguém gritando pela mamãe. — Jongin comentou assim que viu seu filho correr para o escorrega.
Kyungsoo lhe deu uma cotovelada.
— Não fale assim do seu filho. — o ômega reclamou, com uma falsa chateação.
— Ele agora é seu filho também.
— Não fique falando essas coisas. — o menor desviou seu olhar, ficava sem jeito sempre que o alfa falava coisas assim, o que se tornava cada vez mais frequente — Você fala como se eu fosse o seu ômega.
O que Jongin queria, afinal? O alfa estava sempre falando esse tipo de coisa, sempre o incluindo em sua vida, Kyungsoo se sentia confuso, queria acreditar em tudo, acreditar que Jongin o queria para sempre, queria acreditar que um dia o mesmo o marcaria, e seriam uma família feliz. Mas ao mesmo que o sorriso de Jongin o fazia acreditar nisso, tudo ao redor o desiludia.
— E você não é? — o Kim segurou seu queixo, e por dois segundos uniu seus lábios novamente, Kyungsoo sentia todas as suas ilusões se nutrirem sempre que o alfa fazia isso — Vem, vamos pra festa.
É, estava completamente apaixonado.
Mas isso era totalmente injusto, Jongin ficava tão perfeito dentro daquele terno preto e com o cabelo de lado, ele era incrível, e a forma como suas mãos grandes e quentes se encaixavam com as suas pequenas. Jongin poderia fazer o que quisesse com ele, mas mesmo assim respeitava os seus limites. Se alfas perfeitos não existiam, Jongin chegava muito perto de quebrar esse paradigma.
Com seus dedos entrelaçados Jongin o levou até uma mesa mais afastada, onde já haviam algumas pessoas sentadas, e pela aparência, não demorou que o Do chegasse a conclusão de que aquela era a família de Jongin. Ele estava o levando para conhecer seus pais? Kyungsoo tentava não entrar em pânico, aquilo era o mais perto que já chegou de ter algo sério com alguém, quando um alfa leva um ômega para conhecer sua família significa que existam grandes chances de que ele queira um relacionamento.
— Filho! — uma mulher muito bonita foi a primeira a se erguer na mesa, provavelmente uma das mulheres mais bonitas que Kyungsoo já teve o prazer de ver — Olha só como você está bonito!
Ela o abraçou, e só aí Jongin soltou a mão do ômega, para poder retribuir o abraço de sua mãe. Kyungsoo ficou quietinho em seu canto esperando pelo momento certo de abrir a boca, todos ali eram muito bonitos e bem vestidos, até a família de Jongin combinava com sua áurea de perfeição.
Como se encaixar ali?
— Não vai me apresentar o seu amigo?
A mulher olhou esperançosa para Kyungsoo, estava escrito em sua testa o quanto ansiava pela resposta do filho, já que nunca o viam acompanhado de ninguém, qualquer companhia já era o suficiente para sua família já se organizar para a queima de fogos. Sem nenhum exagero.
— Oh, claro. — Jongin olhou para o ômega, que olhou para a mulher envergonhado — Este é Do Kyungsoo, um amigo.
Kyungsoo murchou no exato momento, assim como toda a sua família. A expressão de decepção era inevitável, o pequeno ômega não curtiu nada ser chamado de amigo, por mais que devesse entender. O que estava pensando? Kim Jongin jamais seria o seu alfa, ele era bom demais para isso.
Mas que merda! Estava completamente apaixonado por um cara que dizia uma coisa quando estavam sozinhos, mas era incapaz de dizer o mesmo quando estavam diante de outras pessoas. Ele não merecia ser assumido, era isso que Jongin queria dizer?
Kyungsoo não era o suficiente?
— Um amigo? — pela primeira vez o orgulho do ômega falou mais alto, encarando o alfa com escarnio, olhou para todos da mesa e encarou o mais alto por alguns segundos, esperava uma resposta do mesmo, que não veio.
Então ele foi embora, deu as costas para a família Kim e saiu marchando rumo a porta de saído, deixando para trás Jongin e suas ilusões idiotas. Mas que merda! Jongin era tão falso quanto os demais alfas, era um hipócrita mentiroso, capaz de o iludir afirmando que jamais brincaria com ele.
E mesmo assim brincando na cara dura.
Seu coração estava quebrado.
— Ele não era só um amigo, era? — a irmã mais nova de Jongin foi a primeira a se manifestar depois daquele vexame.
— Não, quero que ele seja meu ômega, mas não me sinto pronto pra isso.
Jongin acabou se sentando, se sentia frustrado, havia destruído algo que nem sequer começou a construir direito. Era um t**o, um covarde. Se sentia o pior dos alfas por ter dito aquilo, um ômega como Kyungsoo não se encontrava em qualquer lugar, ele havia destruído algo que poderia tê-lo feito muito feliz.
Era um grande i****a!
— Filho, se gosta dele, deve pelo menos tentar. — sua mãe pôs a mão sobre seu ombro, queria consolar seu filho, ao mesmo tempo que queria lhe dar uns tapas.
— É, filho, nós alfas somos grandes imbecis, eu e sua mãe só estamos juntos porque ela sempre teve muita paciência comigo. — Seu pai quis descontrair o clima na mesa, sabia o quanto Jongin estava se sentindo péssimo — Você ainda vai errar muito até conseguir firmar as coisas, relacionamentos nunca foram o seu forte.
Errar faz parte do ciclo normal do Universo, são os erros que completavam a vida, e tornam ela cheia de altos e baixos, talvez devesse correr atrás de Kyungsoo naquele exato momento, todavia, pioraria as coisas, o melhor mesmo era conversarem quando Kyungsoo esfriasse a cabeça. Erros sempre ocorreriam enquanto a vida fosse vida, e era bem melhor brigarem agora do que depois, quando os sentimentos fossem mais fortes e tudo fosse mais doloroso.
Uma hora, algo teria que dar errado, pois nada é perfeito.
Por mais que Kyungsoo parecesse enxergar o alfa assim.
— Amanhã eu vou até ele, vou me desculpar e pedir para que ele seja oficialmente meu namorado, dizer que o quero como meu ômega, e o quanto estou apaixonado por ele.