We Need a Kiss

2819 Palavras
Jooheon simplesmente não dormia, e Jongin já sentara ao lado da cama do filho como alguém que já havia desistido, basicamente isso, Jongin estava desistindo de lutar contra seu próprio filho, pegando seu celular já pronto para ceder a chantagem emocional do pequeno ômega. O garoto chorava desesperado chamando o nome de Kyungsoo, sua pele pálida tomava tons extremos de vermelho depois de tanto tempo aos prantos. E isso quebrava o coração do alfa, se seu filho não tinha uma mãe, a culpa era exclusivamente dele, que optou por cria-lo sozinho, que nem sequer tentou construir algo de futuro com o ômega que colocou seu filho no mundo. A culpa era sua, culpa era de toda a sua irresponsabilidade. Não era tão tarde, e se saísse agora poderia encontrar Kyungsoo ainda acordado. Disse a seu filho que os dois iriam ver o omma, o que fez com que o garoto parasse e deixasse ser colocado na cadeirinha de segurança. Ultrapassou dois sinais, ligando pouquíssimo para isso, queria apenas chegar o mais rápido possível até o ômega. Todavia, não fazia ideia do que diria, afinal, não se tira alguém de casa simplesmente para colocar uma criança na cama. E lá estava ele, na porta dos fundos da lanchonete, juntando toda a sua cara de p*u para pedir um favor como aquele, e depois de bater algumas vezes foi atendido por um senhor de baixa estatura, com os cabelos já bem alvos e com óculos pendurados na ponta do nariz. Jongin sorriu de maneira educada tentando transparecer normalidade, por mais que por dentro estivesse em desespero. O que não fazia por seu filho? — Boa noite, Sr. Do, eu sou Kim Jongin... — Eu sei quem você é, meu jovem. — o velho o interrompeu, Jongin procurou algum sinal que indicasse que o mesmo estivesse irritado, todavia lhe parecia normal — O alfa que tem andado bastante com o meu neto. Kyungsoo está vendo televisão, eu vou chama-lo. Jongin ficou do lado de fora, vigiava seu filho para ter certeza de que ele estava bem no carro, e não demorou muito até Kyungsoo aparecer, de pijama e com uma cara confusa. O ômega o encarou esperando até que ele disse alguma coisa. Jongin agora já não tinha tanta certeza se aquela tinha sido uma boa ideia. — Aconteceu alguma coisa, Jongin? — perguntou. — Na verdade, eu estou até meio sem jeito de te falar, havia te dito que aquela seria a ultima vez, mas é que eu realmente não sei mais o que fazer. — coçou a cabeça, estava ainda mais sem jeito — Pode ir comigo até minha casa e me ajudar a colocar o meu filho pra dormir? Ele chorou por você a noite toda. O ômega mordeu seu lábio inferior, só queria deitar e dormir naquele momento, todavia ver os olhos de Jongin brilhando de esperança o fazia mudar de ideia. O que não faria por aquele alfa? Não poderia se classificar como alguém apaixonado, mas também não poderia dizer que seu coração não balançava quando aqueles lábios perfeitos se curvavam em um sorriso. — Jongin eu... — Por favor. — o alfa jogava sujo, sabia que ninguém resistia quando falava manhoso, ainda mais quando se tratava de ômegas solteiros. Não conseguiu mais resistir. — Vou avisar o meu avô. Entrou novamente, e passados alguns minutos reapareceu, ainda de pijama.   — Vamos. Kyungsoo estava com sono, e praticamente dormiu durante o percurso até a casa do alfa, mesmo que Jooheon o chamasse o tempo todo, o garoto estava preso na cadeirinha, não teria como sair de lá. Ao chegarem, Kyung finalmente pegou o garoto no colo, e fez o possível para se manter acordado enquanto subiam até o apartamento do Kim. O lugar era imenso, bastante organizado e tudo parecia ter um cheiro atraente. O alfa tinha direito, tudo ao redor sempre lhe gritaria isso. Jongin não o queria para ser seu ômega, no máximo o queria para passar seus cios com ele, ou simplesmente para cuidar de seu filho. — O quarto dele é bem ali. — o alfa seguiu até a última porta do corredor e a abriu. O quarto do garoto é grande e bastante espaçoso, tudo possuía tons claros, que transmitiam uma paz incrível, combinava perfeitamente com a personalidade do pequeno Kim. Brinquedos por toda parte, a maioria eram livros de colorir e ursinhos, além de caixas e mais caixas e massinha de modelar. A cama parecia ser grande demais para alguém tão pequeno, todavia Jongin lhe disse que era porque costumava deitar com ele até que dormisse. E foi o que Kyungsoo fez, acomodou o pequeno no meio dos vários lençóis e deitou ao seu lado, acariciando seus cabelos levemente até que o garoto começasse a cochilar. Jooheon parecia feliz só de ter o rapaz ali por perto. Ser ninado por uma mãe era tudo o que o pequeno ômega sempre quis. — Omma Kyung vai ficar com Jooheon? — o garotinho sussurrou quase dormindo, segurava um dos dedos do Do como quem sentia medo de perde-lo. — Omma Kyung vai ficar com Jooheon. — Kyungsoo confirmou, por mais que soubesse que aquela promessa tinha grandes chances de ser quebrada. Afinal, não poderia dizer até quando o alfa Kim o procuraria. E a partir do momento em que ele não mais aparecesse em sua lanchonete, parariam de se ver para sempre, pois por si só Kyungsoo não teria forças para procurar pelo garoto, e muito menos pelo pai do mesmo. — Omma Kyung toma café com Jooheon? — Omma Kyung toma café com Jooheon. Não demorou muito até que o garoto dormisse profundamente, ele estava cansado, principalmente depois de ter chorado tanto implorando ao seu pai para ver Kyungsoo. Jongin estava ao lado da cama, observando a forma como Kyungsoo acariciava o rosto de seu filho, e de como o garoto parecia tranquilo e seguro ao lado daquele ômega, realmente precisava de um ômega em sua vida, e quanto mais tempo passava ao lado de Kyungsoo, mais certeza tinha de que ele era esse ômega. O Do levantou-se da cama, finalmente tendo certeza de que o garoto dormia, passou por Jongin e saiu do quarto. O Kim o acompanhou, fechando a porta atrás de si logo em seguida. — Pode me deixar em casa agora? — perguntou. Estranhamente Jongin não queria que ele fosse, e se sentiu um pouco desapontado ao ouvir aquilo, sabia que o menor estava com sono e desejava descansar um pouco, só não esperava que ele quisesse ir embora tão rápido, quase como se não quisesse ficar ali. — Disse ao Jooheon que tomaria café com ele amanhã, vai desapontá-lo se não estiver aqui. — Jongin não saberia dizer se quem ficaria realmente desapontado era seu filho ou ele mesmo. Só queria que o ômega ficasse mais um pouco. — Você pode ir me buscar amanhã, se quiser. — estava vacilante, ainda de costas para o alfa, queria se manter distante do mesmo, pois seu medo de ser machucado era imenso. Jongin era o alfa que jamais poderia ter. Jongin era tudo o que um ômega como ele jamais teria, porque por mais que se esforçasse, nunca estaria a sua altura. Ele era um homem rico, poderoso, poderia ter quem quisesse, e com uma aparência daquelas ninguém o recusaria. Kyungsoo não era suficiente. E demoraria muito até que seu pensamento mudasse. — Mas e se eu pedir para você passar a noite aqui? Uma das mãos do moreno tocou o braço de Kyungsoo, que permanecia de costas para ele, se aproximou até sentir seus corpos se juntarem, e o abraçou colocando sua cabeça na curva do pescoço do menor. O ômega sentiu seu corpo tremer, o cheiro de Jongin estava mais forte, sua essência de alfa se espalhava pelo corredor como um clamor para que ele ficasse, e se passasse mais dois segundos naquele abraço se entregaria completamente. — Jongin, isso é golpe baixo. — foi a única coisa que conseguiu dizer, se falasse mais acabaria gemendo, principalmente porque as mãos do Kim apertavam sua cintura — Jongin eu... preciso ir. Foi difícil manter o controle, Jongin sentia todo o peso dos cios que passou sozinho, e da necessidade absurda de se saciar com alguém. Mas onde estava com a cabeça? Kyungsoo valia mais do que isso, valia mais do que uma simples noite, e não podia diminui-lo a esse ponto. Ele não era só um corpo para se saciar. — Passe a noite aqui, prometo não te tocar. O alfa não queria se afastar, por mais que lutasse contra seus instintos, o queria por perto e o teria, mesmo que não fosse exatamente da maneira que mais ansiava. O importante era ter sua presença, ter corpo para abraçar, ter sua companhia. Finalmente admitiria para si mesmo, que tudo o que mais precisava era de um ômega ao seu lado, não apenas por seu filho, mas por ele mesmo. Kim Jongin queria ter alguém. Kyungsoo não conseguiu falar mais nada, já estava totalmente hipnotizado por aquele cheiro, e m*l sentiu quando Jongin sutilmente o empurrou até seu quarto, nem quando o atirou em sua cama, quando trancou a porta, e quando o envolveu mis um abraço no meio de todos aqueles lençóis, e nem quando apagou a luz para dormirem juntos. E como o prometido, Jongin não o tocou.   [...]   Kyungsoo acordou assustado, as mãos grandes ao redor de sua cintura contavam a história, ele realmente havia ficado, havia dormido ao lado de Jongin, e por estarem com suas roupas intactas e corpos sem marca nenhuma, o Do tinha certeza do respeito do Kim, havia dormido ao lado de um alfa bom o suficiente para respeitá-lo. E Jongin dormindo conseguia ser ainda mais bonito, o rosto sereno exalava a beleza mais pura que um alfa poderia ter, Jongin era belo simplesmente em existir, e não precisava de mais nada para isso. Sentia vontade de tocar aqueles lábios, de senti-los sobre os seus mais uma vez, nem que fosse apenas por um segundo. E sem resistir aquela tentação, o ômega se aproximou, colando seus lábios aos do alfa por apenas dois segundos, logo em seguida se afastando. Só não esperava encontrar Jongin com os olhos abertos. — É uma ótima maneira de acordar alguém. Seus olhos praticamente saltaram para fora, se assustou, não esperava que aquele simples toque fosse acordá-lo, e agora se encontrava sem jeito, não deveria ter feito aquilo, agora Jongin pensaria coisas erradas sobre si. — Me desculpe, eu não queria... — iria mentir? Queria, e queria muito — É que eu... Jongin riu, era engraçado ver Kyungsoo vermelho e tentando se explicar. — Vem, vamos escovar os dentes, eu quero te beijar direito. — o alfa o segurou pela mão enquanto o puxava para o banheiro. E quando finalmente se tocou do que o Kim havia dito, se sentiu ainda mais envergonhado. Jongin realmente queria o beijar ao ponto de o fazer correr para o banheiro? O alfa lhe deu uma escova de dentes de limpa, o banheiro era espaçoso, desses que possuem duas pias, o que era ótimo para escovarem os dentes juntos. O clima não poderia ser outro, Kyungsoo o olhava de canto de olho sentindo seu estômago revirar de nervoso, assim que terminasse Jongin o beijaria, e pela velocidade que ambos escovavam seus dentes, os dois estavam ansiosos. O maior terminou primeiro, e ficou observando o ômega lavar sua boca bem devagar, aquilo era proposital, o baixinho estava se preparando psicologicamente e emocionalmente para o momento em que o Kim finalmente o beijaria. Depois que acabou colocou a escova sobre a pia, e finalmente encarou o alfa. — Você terminou, Kyungsoo? — Jongin perguntou enquanto se abaixava na altura do menor. Ele balançou a cabeça afirmando. O alfa o segurou pela nuca e juntou seus lábios, imediatamente pediu passagem para que aquele beijo começasse a acontecer, o que também foi concedido no momento exato. Mesmo envergonhado, Kyungsoo levou suas mãos até o rosto do moreno e em seguida para seus cabelos. O gosto do creme dental se espalhava por ambas as bocas, lhes proporcionando o frescor de um beijo matutino. O ômega sentia seu coração acelerar ainda mais, o beijo de Jongin era tão perfeito quanto ele, como se suas bocas tivessem nascido para ficarem juntas. Quando se afastaram, Kyungsoo continuou com seus olhos fechados por mais alguns segundos, até se sentir confiante o suficiente para encará-lo. E Jongin estava com aquele mesmo sorriso que o fazia suspirar. — Vamos tomar café. — o segurou pela mão novamente e o puxou para fora do banheiro. Ao chegarem à cozinha Jooheon já estava lá, era sábado, não teria aula naquele dia, então não haveria de que se preocupar, além de que no sábado Jongin costumava chegar mais tarde na empresa, aparecendo apenas para assinar alguns papeis e ir embora logo em seguida, e não poderia esquecer de que aquele sábado era especial, e que por isso fechariam tudo mais cedo. O casamento de SeHun e Lu Han seria naquele dia. — Omma Kyung vai tomar café com Jooheon! — o garotinho comemorou assim que viu o ômega sentar-se em uma das cadeiras da mesa. Talvez aquela tenha sido a melhor manhã da vida de Jooheon, onde finalmente foi mimada por quem acreditava ser sua mãe, o único dia em que não foi seu pai ou sua babá que ajudaram a tomar o café da manhã. Tudo o que Jongin conseguia fazer naquele momento era admirar tudo em Kyungsoo, sentia sua vida entrar nos trilhos certos quando o pequeno ômega estava ali, como se Kyungsoo fosse o exato pedaço que faltava para as coisas se encaixarem da forma certa. Chegara a hora de Kyungsoo ir para casa, seu avô deveria estar preocupado, além de que não poderia passar o dia todo de pijama. Jooheon ficou em casa com a empregada enquanto seu pai levava o Do para casa. E durante todo o trajeto tudo o que o pequeno ômega pensou era em como Jongin conseguia ser a droga de um alfa perfeito. Estava se metendo em briga de cachorro grande, e se não tomasse as rédeas de seu coração acabaria apaixonado por um alfa que queria apenas seu corpo. Até quando ficaria naquela dúvida? O que Jongin deveria fazer para que tivesse certeza de que ele queria algo sério de verdade? Mas se Jongin o quisesse para ser seu ômega, por que não havia dito nada até o momento? Eram tantas dúvidas, Kyungsoo se sentia confuso. Jongin parou na rua de trás, bem diante da porta de sua casa, e não demorou muito até que Kyungsoo notasse as senhoras fofoqueiras lá fora, todas com seus olhos voltados para o carro ali parado, ansiosas para comentarem a respeito de quem sairia dali. — Vista o meu casaco, pras pessoas não tiverem de pijama. — o Kim puxou um casaco que estava no banco de trás do carro e o entregou para o ômega. Kyungsoo o vestiu, vendo o quanto o casaco era grande para si. Jongin achou aquilo muito fofo. Os dois desceram do carro, e Jongin deu a volta para se despedir do mesmo, o que foi o suficiente para que os olhares se voltassem para ele. Não era nada comum ver Kyungsoo com alfas, e muito menos com um alfa tão bonito quanto aquele. Aquilo daria no que falar. — Jongin, as pessoas vão falar de nós. — Kyungsoo se assustou assim que o alfa o abraçou, aquele seria o comentário da semana, e em breve a rua inteira saberia que o ômega da lanchonete estava saindo com um alfa que aparentemente tinha muito dinheiro e que era muito bonito. Talvez Jongin jamais fosse entender, mas os comentários não seriam positivos, afinal, um ômega pobre e simples saindo com um alfa rico e bonito geraria comentários sobre como ele havia conseguido algo assim. Como Do Kyungsoo havia conseguido sair com um alfa desse porte? — Hoje é o casamento de um amigo, e eu quero que vá comigo. — o maior o afastou para poder o olhar enquanto fazia o convite, porém continuou com seus braços ao redor de sua cintura — Assim que anoitecer eu passo para te buscar, se arrume, quero que todos vejam o quanto você é lindo. Se sentiu envergonhado, balançou a cabeça afirmando que iria. Queria fugir daqueles olhares, sabiam que todas as velhas fofoqueiras da rua observavam os dois, e com certeza o fariam perguntas assim que Jongin fosse embora. O alfa aproximou seu rosto selando seus lábios rapidamente antes de ir. — Jongin, elas vão ficar fazendo perguntas. — É só você responder pra elas que eu sou o seu alfa. E depois disso ele foi embora, deixando para trás um ômega que agora tinha certeza, estava completamente apaixonado por aquele alfa, e mesmo que corresse o risco de ser iludido pelo mesmo, correria o risco.
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