No final do mês anterior Arthur quando estava saindo para a festa de réveillon no medieval festas ouviu a secretaria eletrônica, era a voz de Lana, ela chorava dizendo que ele tinha razão o amor não existia, sorriu convencido e aliviado ao mesmo tempo era óbvio que ampararia sua irmanzinha, antes daria um pequeno castigo depois a ajudaria a lamber as feridas, mas antes diria (Eu te disse!), Foi para a festa...
A secretaria entrou em seu luxuoso escritório o retirando de seus devaneios, guardou a foto na gaveta e as memórias no coração.
Salvador-BAHIA
Lana escorada no batente da porta do quarto contemplava com dor o quarto infantil decorado com esmero, tudo estava perfeito os desenhos nas paredes, o berço, os móveis.
O móbile musical que era pendurado sob o berço suavemente balançava, se aproximou com reverencia do bercinho vazio, pegou o travesseiro delicado, aspirou o delicado odor de lavandas ainda impregnado, seus s***s doíam cheios do leite que seu bebê jamais se alimentaria novamente.
Aproximou-se de um aparador pegou o porta retrato alisou o delicado e fofo rosto sorridente de uma menina de seis meses congelado naquela fotografia.
Na grande casa agora hipotecada só se ouvia seus gemidos de dor.
Tinha sido sua culpa, ao saber que seu marido estava a traindo ambos discutiam no carro, a pequena Ana Beatriz estava no banco de trás no bebê conforto, César perdeu o controle do carro...e por ironia só ela sobreviveu para descobrir que o infiel marido os levara a falência e amargar a perca mais preciosa da sua vida sua filhinha, Ana Beatriz.
Na época ligou para seu irmão, ela e César tinha ido morar longe de sua terra natal, seu irmão não tinha como saber da desgraça que estava a vida dela, era final de ano, faziam quinze dias que seu mundo tinha deixado de existir;
Achou que poderia fazer as pazes com seu irmão, única família existente, não explicou nada pelo telefone mas pediu que se ele quisesse falar com ela retornasse a ligação.
Agora findando o primeiro mês do ano, Arthur não retornou a ligação ela não tinha mais dinheiro, acabara de receber a notificação de que a casa seria leiloada para pagar as dívidas de César junto aos empregados da empresa falida.
Lana estava decidida, para ela era o fim, deixou a carta endereçada ao irmão dentro do berço vazio, tão vazio como sua alma e seu coração. Fechou a porta com cuidado como se alguém ainda dormisse ali, abriu as portas de vidro que davam para os fundos da casa, passou, pela piscina, desceu a escadinha de madeira, abriu a porta dos fundo seguiu pela areia da praia, andando para dentro do mar...
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Enquanto Arthur se debatia entre a vontade de falar com a irmã e o orgulho a porta do seu escritório se abre e uma feliz louquinha que ele amparou na sua casa entra sorridente ignorando a secretaria.
---Oi Elisabeth!
---Milorde essa sua criada é muito insolente, mas não foi isso que me trouxe a essa torre, veja trouxe-lhe algo para comer...
O celular toca, Elisabeth como sempre pula assustada, ele sorrir atende e o sorriso vai se apagando junto com seu esquecido coração.
---Senhor Arthur, Lamento informar mas sua irmã foi tirada do mar sem vida.---Uma voz profissional o informa.
DIAS ATUAIS
Lana nadou até os braços não responderem mais aos comandos do cérebro, suas lágrimas se misturavam com as salgadas águas do mar....
FRANÇA SÉC XVIII
Marie Adelaide sentia as forças desvanecendo, a vida indo em bora com a madrugada...
EM ALGUM LUGAR ENTRE O PASSADO E O PRESENTE
Lana estava ao lado de uma bela mulher de cabelos vermelhos, vestida num esvoaçante vestido roxo, ela olhava fixamente para algo, elas estavam flutuando próximas de um casal que não os via eles trajavam roupas de época e a mulher...era assustadoramente parecida com ela...
---Ele está ferido! ---Exclamou penalizada, olhou mais atenta para a cena que se desenrolava e percebeu o sangue, a mulher estava sentada em sangue!
---Uma hemorragia pós parto. ---A misteriosa mulher explicou ao perceber a fisionomia assustada da humana.
"---Que nome daremos? ---Adelaide perguntou, com a voz firme porém emocionada.
O jovem capitão olhou atentamente para a filha era tão delicada e fofinha.
---Juliette, tenha uma boa vida filha, papai te ama---Suas mãos estavam sujas de sangue, ou cheias de vida? Não sabia diferenciar naquele momento.Beijou a face delicada da filha e devolveu para a mãe, beijou a esposa e munindo-se das última forças se levantou, deixando atrás de si, sua vida, seus sonhos e seu amor."
---Ela o deixou ir, mas também está morrendo...--- Lana constatou com os olhos rasos de lágrimas.
---Você também está morrendo. ---A ruiva pontuou virando-se para ela.
---C-como?!---Lana lembrou que tinha decidido tirar a propria vida, havia nadado até...estar no meio daquele sonho maluco---Eu morri?!
---Ainda não, me chamo Nimte,estou lhe oferecendo a oportunidade de não roubar algo que não te pertence e ter que pagar com a eternidade, que coisa f**a se você tira algo que não te percence você está roubando por isso a eterna punição.---Fez um gesto negativo com a cabeça.
---Eu...Sinto muito...acho---Lana se sentiu envergonhada pela atitude covarde que tomou--- Só queria fugir, acabar com essa dor que ainda esta aqui.---apontou para o próprio coração.
---É o que muitos pensam, mas não sabem eles que o tormento só começa...--- A misteriosa mulher falou--- Mas você tem uma chance.
---O que devo fazer?
---Cuidar da criança e deixar a mãe partir para a eternidade em paz.
---Veja é a mãe, não pode fazer nada?!Eu irei pagar por meus erros eternamente, mas você não pode salvar a mãe...
---Sou só uma druida, não tenho esse poder, vida e morte... com você é menos complicado não tenho que cura-la só impedir que você faça a tolice de se m***r e a criança, é saudável, mas congelará até alguém aparecer.
---Pobrezinha— Lana agora com lágrimas deliberadas na face, olhou de novo para a cena.
----Não vou engana-la, há um preço!
---Não tenho mais dinheiro! --- Lana falou rindo do absurdo,pensou que com a morte seus problemas acabariam, mas m*l chegou aos portais do além e já estava envolvida em novos problemas.
----Você não pode mais voltar para sua antiga, vida será uma troca permanente...
---Caso tenha esquecido, você atrapalhou, graças a Deus meu quase suicidio!
---Agora fala em Deus! Humanos.
---...Então não importa se não voltarei, quem se importa?--- Lana continuou falando como se não tivesse sido interrompida.
---Você não se lembrará de nada da sua antiga vida, pode ser temporário ou nunca volte...
---Sem memórias, para me atormentar? O que devo fazer?
---Pegue--- A druídesa entregou uma rosa de cristal, colorida nos tons rosa avermelhado.
--É...è linda!--- Lana pegou o delicado artefato com cuidado.
---O perfume dela a levará até aquela mulher---Apontou para o plano mais abaixo.
---Não estamos no tempo dela?!---perguntou sem nada entender---
--- estamos apenas espiando.
---Enquanto eu morro?!
----Digamos que sim, isso me faz lembrar que...Se aprece, sim!? Não temos toda a eternidade...
---O que devo fazer? Dizer sim salabim?
---Pelas três luas! Não---Nimte exclamou---Essa flor só nasce em terras druidas---falou orgulhosa---poucos tem acesso com ou sem permissão---Susurrou mais para si.
---Porque será que tenho a impressão que você faz parte do segundo grupo?
---...O tempo também levará suas lembranças, mas a escolha será do seu intimo lembrar dos que ainda não existem em seu plano mortal.Diga que você é um presente druida para ela, a moça entenderá.
---Eu...Um presente? Já disseram muitas coisas sobre mim, mas presente para alguém? --- Lana falou um pouco emocionada, teria mesmo valor?
---Você terá um valor inestimável para aquela garotinha---Nimte revirou os olhos verdes, tirando a emoção do momento---Pegue aspire o perfume.
Marie Adelaide Céleriér contemplava seus últimos instantes de vida.Com o bebê nos braços se despedia da filhinha de poucas horas de vida.
Lana desceu do plano onde estava como se aterrizasse suavemente ao lado da mulher, que assustada e maravilhada levantou seu pálido rosto, para a jovem, seria uma druída, das lendas de sua familía?
Como sua mãe lhe contava quando criança? Era...Era idêntica a si própria,a diferença é que usava uma estranha roupa,uma espécie de calça e blusa de mangas compridas,já era o delírio da morte,estava se vendo, pensou enquanto as forças se esvaiam, fazia frio o dia estava nascendo.A névoa da madrugada ainda não havia se dissipado de todo.
---Q-Quem é você---Perguntou com voz débil, o sono queria abraça-la para sempre, só mais um pouco pedia aos céus.
Lana confusa começava a sentir que se materializava os odores do cais invadindo agora suas narinas, o frio da manhã daquele lugar inóspito, o cheiro ocre de sangue e fumaça, em meio as sensações falou.
---S-sou um presente druída para você--- Lana estava chocada, ela falou naquele idioma antigo?!
A moça sorriu aliviada, olhou para o bebê em seus braços
---Fui ouvida, querida, agora tudo ficará bem, ela cuidará de você,vou me encontrar com o papai---Cheirou suavemente o pequeno nariz---Pequena Juliette é como se eu estivesse com você, sua fada madrinha parece comigo.
"---Humanos...---Rana da sua invisibilidade murmurou"
A jovem Moribunda continuou a falar com sua filhinha
---Juliette preste atenção é a primeira e única estória que poderei te contar;
“Era uma vez três irmãs druidesas filhas do tempo, a mais nova apaixonou-se por um humano.Uma druida que amava um humano, e um humano que amava uma linda irmã druida, O líder do tempo ficou muito zangado e preocupado sua filha mais querida havia quebrado as leis universais e seria punida pelo grande conselho.
Semit o guardião do tempo reunião suas duas filhas mais velhas.
---Só há um jeito de salvar sua irmã e o humano, ele precisa ser transformado.
---A dança do tempo, pai é muito arriscado e se os guardiões...--- Arok a mais velha e mais prudente das filhas falou.
---Não há muita coisa a perder, temos que tentar,o papai pode ser banido se ele não fizer assim e é melhor estarmos vivos se em algum momento quisermos reverter a sentença de Odynungê e seu humano bobo.--- falou Nimte.
Para o rei sua filha Ninte era a mais decidida de todas as outras e a mais imprivesivel ela levava em sua personalidade um misto da prudência e da inconsequência de Odynungê, lembrava Radnela sua querida esposa, era automático colocar a mão no coração ao lembrar...
Selim o fiel aprendiz entrou esbaforido na câmara floral interrompendo os três.
---A sentença de Odynungê... estão indo busca-los no mundo dos humanos... ela e seu humano estão sendo levados para o campo das decisões.
---Temos que agir--- Semit falou para as filhas
---Estamos prontas pai. ---Nimte falou
Arok estava concentrada em seu cetro.
---Temos que ir agora, As meninas estão nascendo---Arok falou
---Onitse chegou---Selim anunciou, a guardiã do destino chegou
---O momento tem que ser esse, eles desmaterializaram-se aparecendo no mundo humano, Odynungê e o guerreiro apreciavam suas pequenas gêmeas.
---Pai, Nimte, Arok--- Odynumgê falou não tão surpresa, A família cercou o casal, emocionados com os novos membros.
Onitse materializou as pulseiras de estrelas e suavemente falou---Tem que ser agora, eles estão chegando, a mãe beijou o rostinho de cada filha e entregou ao marido que por sua vez entregou a cada uma das cunhadas também se despedindo de suas pequenas, elas desapareceram Semit soprou ao desventurado casal a única esperança e também desapareceu com a dor da despedida no olhar”
A druida e seu marido o guerreiro humano foram aprisionados no mundo mágico suas filhas cumprem seus destinos até que se cruzassem novamente, sua avó costumava dizer que eu tinha sido um presente druída e que no tempo que eu mais precisasse minha familha mágica me ajudaria, eu escolho ser apenas humana quero me juntar a seu pai minha pequena, você não estará sozinha.--- Marie falou para sua pequena.
Olhou para a outra que agora estava de joelhos ao seu lado.
Lana se pudesse daria sua vida para que a outra vivesse,era melhor do que ela...---As duas mulheres idênticas se olharam nos olhos e se amaram como irmãs.
A criança começou a chorar.
---Não chore querida---Marie Adelaide falou num sussurro de vida---Eu estou feliz, amei e fui amada e agora a minha irmã do tempo cuidará da minha filha, não poderia querer melhor.
---Se quiser posso tirar a pulseira e apenas seu lado druida prevalecerá----Nimte falou.
---Não abro mão da minha humanidade, quero seguir meu caminho humano. ---Falou em um sussurro, o desejo foi respeitado.
---Beijou a pequena que agora dormia tranquilamente---Tenha uma boa vida minha querida Juliette, a mamãe te ama.
---A protegerei com minha vida se preciso for---Lana prometeu solene
---Você...Já...Esta...fazendo...Vamos não tenho muito tempo, a lenda se provou verdadeira...até agora. ---Com carinho depositou o pequeno embrulho ao seu lado
---Segurem a rosa juntas e você falará assim ... ---Nimte instruiu as sobrinhas
---Que o tempo me leve! Desejo que o tempo me leve, que troquemos de lugar, que o passado se torne presente e o presente o passado!
---Que o tempo me leve, desejo que troquemos de lugar o presente se torne passado, e o futuro se torne o presente!
Falaram em uníssono olhando-se nos olhos partilhando da mesma vontade, do mesmo desejo, cada uma por seus motivos.A flor se desfez em luz, cegando-as momentaneamente.