Pré-visualização gratuita Cap. 01 Murilo
Murilo narrando
Minha mãe diz que não, mas quando eu me olho no espelho eu vejo cabelos brancos e eles tem nome, um nome pequeno, de uma pessoa pequena, baixinha e magrela, chamada Íris.
A Íris se tornou a minha dor de cabeça.
Se eu não estou estressado e ansioso por causa da saúde dela, eu tô estressado e nervoso por causa das maluquices dela.
Só que papo reto, eu prefiro as maluquices.
Quando ela foi para aquele baile na Rocinha eu fiquei doido possuído, um mês só que ela estava em casa, isso que ela ficou m*l no hospital antes, até o transplante chegou a ser adiado.
Eu queria levar ela pra casa direito, mas ela insistiu que eu a levasse para comer algo, pois ela nunca pode sair e ela queria muito sair comigo, foi tanto drama que eu topei, mas logo eu me arrependi.
Ela passou m*l eu tive que levar ela pro hospital e quando os pais dela chegaram lá o barraco comeu firme.
P o r r a, eu não tinha nada a ver, ela fez a maluquice, eu ainda tirei ela de lá, o bagulho poderia ser muito pior, mas se os pais dela já não gostavam de mim, agora não tinha mais gratidão que fizesse eles disfarçarem.
Ela até foi liberada, mas dias depois numa consulta de retorno ela voltou a ser internada. Sua imunidade estava baixa, as suas plaquetas e tantas outras taxas que eu fiquei até zonzo quando o médico me ligou e eu fui até o hospital e sentei na sala dele pra conversar, antes de ir ao quarto dela. A verdade é que as pessoas que têm algum tipo de câncer, mesmo depois de transplantes ou cirurgias em geral, que foram bem sucedidas, precisam se cuidar, fazer exames e um acompanhamento por 5 longos anos, a fim de monitorar a possibilidade do câncer voltar ou de surgir novos.
Não é fácil, eu sei que ela quer viver, ela é nova e tem pressa, ela também passou anos dentro de hospitais, mas as coisas não podem ser assim.
* lembrança on *
Murilo: - O médico me ligou que tu tá tocando o terror aqui na ala pô. - falo de braços cruzados, ela tá emburrada na cama de braços cruzados
Íris: - Estou um tempão tentando falar com você e nada. Tá me ignorando, por que? - ela fala na lata
Murilo: - Tava ocupado! - falo simples
Mas a verdade é que quando ela desmaiou nos meus braços, p o r r a, eu fiquei bolado, o meu coração chega parou, não sei se tô pronto pra essa proximidade toda que a gente já tem, se alguma parada acontecer com ela, p o r r a, não gosto nem de pensar
Íris: - Não adianta fugir de mim Murilo. - eu sei que a sua fala tem muitos significados
Já estamos m*l acostumados nesse pouco tempo, nos falamos da hora que acordamos até a hora que vamos dormir. Tantos bailes deixei de ir e fiquei assistindo série com ela, em na minha casa e ela no hospital ou na casa dela, era um olho na série e outro no celular pra comentar sobre.
Eu só não sei o quanto disso pra ela é carência de não sair, de não ver ninguém, de não ter amigos.
Eu não quero me apegar demais de novo. Ela é uma garota legal, alto astral, bonita, mesmo baqueada do câncer e quando se recuperar mais então.. já vi fotos dela de antes, ela vai voltar a ser aquela garota linda, alias mais que isso, pois o tempo passou e ela está aí uma mulher.
Murilo: - A parada é que tu é doida, não pode tá saindo, quer meter o louco, deixar todo mundo preocupado, tem um treco nos meus braços.. - ignoro o que ela fala e mudo o assunto - Na próxima são duas ambulâncias, uma pra tu e uma pra mim, porque eu vou enfartar c a r a l h o. - falo com os braços abertos e a desgraçada ri - Ri mesmo, tu não tem amor a vida, não tem nem consideração pelo o que eu fiz por você. - jogo na sua cara irritado e o sorriso dela morre
Não era o que eu queria, mas tem que entrar na cabeça dela ou ela vai acabar morrendo por besteira, porque tá aí com medula nova, agora é questão de cuidado e tempo.
Íris: - Ui, doeu!
Murilo: - Doeu, mas é a verdade. Eu só quero que tu se cuide, depois eu te levo em baile até na p u t a que pariu. - continuo irritado, não sei nem porque estou tão irritado, mas to irritado pra c a r a l h o
Íris: - Tá ok, vou me cuidar. - ela fala simples com as mãos pra cima em forma de rendição
* lembrança off *
Pelo menos a partir disso entre uma maluquice e outra ela começou a se cuidar, mas sempre me exigindo junto dela e eu acabei meio que pegando essa responsabilidade pra mim, mas sempre focado que é apenas amizade e deixando claro o tempo todo.
Nós fomos ficando mais próximos, contando mais coisas da nossa vida um para o outro, passando o dia todo se falando, coisas foram acontecendo, entre os acompanhando médicos dela e outros tratamentos que ela precisou, o cabelo dela foi crescendo, sua pele ficando mais bonita, o rosto ganhou cor, as olheiras foram embora, liberaram exercícios físicos e de etapa em etapa, 1 ano se passou fácil.
Hoje é aniversário de 1 ano da alta dela e eu vou levar ela pra comemorar, como ela disse que gostaria.
Passei uma mensagem e peguei ela na porta do prédio dela.
Murilo: - E aí, animada?
Íris: - Muito! Onde vamos?
Murilo: - Surpresa! - acelero pro morro da Rocinha, reservei uma mesa legal lá no mirante
Íris: - Aiii que lindo é aqui Lilo. - aí ela quebra o b a n d i d o né, de Hellboy pra Lilo, não é mole, mas se me perguntarem se eu tenho coragem de negar alguma coisa pra Íris, a minha resposta é não, sou mole pra c a r a l h o com ela - Eu amei, muito obrigada por me trazer aqui. - ela segura o meu rosto, ficando na ponta dos pés, ela vai me dar um beijo na bochecha mas eu me mexo me desequilibrando, devido a ela me puxar de surpresa, e o beijo acaba sendo na boca, eu arregalo os olhos - Ops.. - ela fala sapeca - Me desculpa, foi sem querer. - ela pisca os olhos inocentemente, mas eu duvido que ela sinta alguma culpa
Já vem um tempo que a gente vem na troca de olhares e disfarçando, eu to sempre enfatizando a amizade, depois de tomar no cu bonito com a Clara, eu to bem de boa, mas tá confesso que tá ficando f o d a, eu tô ficando balançado. Ela também se matriculou num curso, bagulho de t.i., só tem maluco, essa p o r r a tá me f o d e n d o.
Sentamos um de frente para o outro e comemos na paz, ela sorri o tempo todo e fica linda sorrindo, fala animada do curso, fala dos amigos que tá fazendo lá, e que entrou uma mina nova, é f o d a, o curso tem 10 maluco e duas mina, os cara tão no céu.
Íris: - Murilo.. - ela se levanta e vem sentar ao meu lado e juntos olhamos o horizonte, até que ela me olha nos olhos de forma intensa - Até quando a gente vai resistir? - ela pergunta olhando pra minha boca e eu faço o que eu já venho pensando e evitando há muito tempo
Eu não sei o que pode acontecer daqui pra frente, nem como seria, mas no momento o que eu faço é segurar na nuca da Íris e trazer o seu rosto pra junto do meu selando os nossos lábios.