O Regresso

607 Palavras
Desde que tinha dois anos, Ambra Di Rossi conhecia a palavra "mãe" apenas como um conceito distante e vago. Sua memória dela era um borrão, quase como um sonho impossível de recapturar. O que restara era a história contada por outros e o silêncio que seu pai nunca quis quebrar. Seis meses após a morte de sua mãe, seu pai se casou novamente, e Ambra se lembrava vagamente do medo e da confusão que sentiu quando uma mulher estranha entrou em suas vidas. Diana Di Rossi, a nova esposa de seu pai, era o oposto do que Ambra poderia imaginar. Ela não tinha semelhança com sua mãe, cuja imagem Ambra conhecia apenas pelas fotos e histórias empoeiradas. Diana era uma mulher fútil e desagradável, obcecada por status e aparência. Suas filhas, Bianca e Alessia, eram reflexos de sua vaidade, sempre na vanguarda das preocupações de Diana. Desde o início, Diana deixou claro que Ambra não era bem-vinda. A hostilidade era evidente e não disfarçada. Diana fez questão de colocar suas filhas acima de Ambra em tudo, desde as pequenas coisas do cotidiano até os momentos mais significativos. Com o tempo, sua antipatia se transformou em algo mais incisivo, e Ambra tornou-se uma peça deslocada na nova vida familiar. A decisão de enviar Ambra para estudar fora foi um alívio disfarçado de punição. Aos doze anos, ela foi enviada para um internato na Suíça, uma forma de seu pai e Diana se distanciarem do incômodo que sua presença representava. As longas horas de estudo e a disciplina rigorosa do colégio ajudaram Ambra a esquecer o desconforto de casa, mas a cada férias de verão, ela retornava a uma mansão que parecia mais fria e distante. Agora, dez anos depois, Ambra estava de volta à Itália. O internato havia moldado não apenas sua educação, mas também sua capacidade de lidar com a solidão e a indiferença. No entanto, o regresso não seria fácil. Seu pai, sempre homem de poucas palavras e muitas decisões, já tinha planos para ela que se alinhavam mais com os interesses da família do que com os seus próprios desejos. Diana e suas filhas haviam se acomodado em suas vidas confortáveis, e Bianca e Alessia eram uma constante presença, assim como o desprezo sutil que nutriram por Ambra. Elas eram a face visível da nova ordem familiar, enquanto Ambra era um eco do passado, uma lembrança que seu pai e Diana preferiam esquecer. O retorno à mansão Di Rossi foi marcado por uma recepção fria e protocolar. Diana estava impecável em seu vestido de seda, e suas filhas, sempre elegantes, olhavam para Ambra com um misto de curiosidade e indiferença. A diferença era clara: Ambra havia saído como uma menina e retornava como uma mulher, mas a dinâmica familiar não havia mudado. Diana parecia ainda mais empenhada em deixar claro que Ambra não fazia parte do novo mundo que havia criado. Nos primeiros dias, a estranheza do retorno era opressiva. A mansão estava cheia de lembranças que Ambra preferia esquecer, e o ar estava carregado de uma tensão que ela não conseguia identificar completamente. Seu pai parecia distante e reservado, mais focado nas próprias preocupações do que no bem-estar da filha. Com o retorno, Ambra sabia que algo estava por vir. Seu pai mencionara, de forma vaga e enigmática, que "novos tempos exigem novas responsabilidades." Ela não sabia exatamente o que ele tinha em mente, mas uma coisa era certa: seu futuro estava prestes a se revelar de uma maneira inesperada, e ela precisava se preparar para enfrentar o que estava por vir, com a dignidade e a determinação que sempre foram suas maiores aliadas.
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