Apresentação

927 Palavras
Diana desceu as escadas devagar, cada passo ecoando pelo corredor silencioso. Seus olhos fixaram-se em Ambra com um desdém que a jovem já conhecia bem. Sempre fora assim. — Olha, minha querida enteada voltou — disse Diana, destilando seu veneno com cada palavra. Ambra apenas a ignorou, mantendo a cabeça erguida. Ela sentia o peso do desprezo de Diana, mas não deixaria que isso a abalasse. O ar estava carregado de tensão, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar sobre elas. Diana aproximou-se, seus olhos brilhando com uma malícia contida. — Não vai dizer nada? — provocou. Ambra respirou fundo, tentando manter a calma. Ela sabia que qualquer resposta só alimentaria o prazer c***l de Diana. Em vez disso, virou-se e começou a subir as escadas, cada passo um desafio silencioso à autoridade da madrasta. Ambra sentia-se vazia naquela casa. Cada canto parecia impregnado com a presença opressiva de sua madrasta, que mandava em tudo ali. Seu pai, sempre ausente, era uma figura distante, quase irreconhecível. As irmãs, envoltas em suas próprias vidas, a ignoravam constantemente, como se ela fosse invisível. Infelizmente, Ambra não tinha memórias felizes naquele lugar. As paredes, que deveriam abrigar lembranças calorosas, apenas refletiam a frieza e a indiferença que a cercavam. Ela caminhava pelos corredores com um peso no coração, sentindo-se uma estranha em sua própria casa. Ambra não se sentia feliz. O retorno ao lar, que deveria ser um momento de alegria, estava carregado de um desconforto que parecia se intensificar com cada passo que dava. A festa de boas-vindas, que deveria celebrar seu regresso, apenas ressaltava o distanciamento que sentia. As risadas e conversas ao fundo soavam distantes e insinceras, como se tentassem esconder a indiferença que a envolvia. A festa era formal e ostensiva, um ritual de recepção que parecia mais um formalismo do que um verdadeiro acolhimento. As pessoas a cumprimentavam com sorrisos forçados, e Ambra sentia a frieza das interações, como se estivesse apenas passando por um processo automático. Em vez de calor e amizade, sentia o peso do desinteresse e da estranheza. A atmosfera ao redor dela estava repleta de um sentimento que, embora não fosse explicitamente hostil, era claramente distante. Cada gesto, cada palavra parecia um lembrete de que, apesar da festa, Ambra ainda não era plenamente aceita ali. Ambra olhou para o espelho, sentindo-se cada vez mais desconfortável com o vestido preto e justo que a envolvia. O tecido, esticado sobre seu corpo, parecia acentuar cada curva de forma vulgar, em contraste com o estilo reservado que ela preferiria. A sensação de desconforto era quase física, como se o vestido não fosse apenas uma peça de roupa, mas uma segunda pele que a incomodava. Quando finalmente se armou de coragem para questionar a madrasta, encontrou Diana no salão principal, onde ela organizava os últimos detalhes da festa. O brilho da satisfação no rosto de Diana parecia aumentar o desconforto de Ambra. — Por que eu tenho que usar isso? — Ambra perguntou, a voz tensa. Diana a olhou com um sorriso calculado, quase como se a indignação de Ambra fosse uma reação esperada. — Você está na idade de se casar, Ambra — respondeu Diana, o tom cortante como um aviso. — Precisa se mostrar um pouco mais. Não pode se apresentar com aquele visual modesto de sempre. É hora de impressionar. Aquelas palavras soaram como uma crítica disfarçada de conselho. Ambra sentiu uma pontada de frustração e insegurança. A necessidade de estar de acordo com as expectativas de Diana fazia seu coração acelerar e a fazia sentir-se ainda mais deslocada. O vestido que deveria ser um símbolo de boas-vindas parecia agora uma forma de punição, uma maneira de lembrar-lhe constantemente de que sua presença ali era uma concessão, não uma celebração. A sensação de ser observada e julgada não fazia com que ela se sentisse mais próxima do lar, mas sim mais isolada e vulnerável. O salão estava repleto de pessoas que Ambra não conhecia. As conversas animadas e os risos pareciam ecoar pelo espaço elegante, mas para ela, a festa era um cenário distante e opressor. Cada rosto que via era um lembrete de que estava cercada por estranhos, todos ligados ao mundo sombrio da máfia, um universo que ela nunca desejara fazer parte. O burburinho ao seu redor só intensificava seu desconforto. Ambra se sentia como um objeto em exibição. A sensação era de uma alienação c***l: não estava ali para ser acolhida ou para encontrar antigos amigos, mas para ser apresentada como um “troféu”, um pedaço de carne destinada a se casar. A ideia a fazia sentir-se encolhida e envergonhada. Cada apresentação, cada olhar, parecia um lembrete de que sua presença estava sendo reduzida a um mero ativo dentro dos planos de seu pai. Quando seu pai se aproximou, seus olhos estavam cheios de uma satisfação fria que Ambra não compreendia. Ele a olhou com um orgulho distante, como se ela fosse apenas uma extensão de sua própria realização. — Venha, minha filha — ele disse, gesticulando para que ela o seguisse. — Deixe-me apresentar você a alguns amigos. Ambra o seguiu com passos hesitantes, sentindo-se como uma marionete manipulada pelos fios de um destino que não escolheu. A sensação de estar em exibição, de ser julgada e avaliada não por quem era, mas pelo potencial que representava, a angustiava profundamente. Cada sorriso que recebia parecia ser uma máscara, escondendo a verdade: a festa não era para ela, mas para que seu pai pudesse mostrar o que tinha, uma mercadoria à disposição de um mercado c***l.
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