Bianca se aproximou de Ambra com a leveza que parecia ocultar um tom de crueldade. Sua taça de champanhe cintilava sob as luzes do salão, refletindo um brilho que contrastava com a frieza em seus olhos. Ela se acomodou ao lado da irmã, um sorriso debochado no rosto, e observou a movimentação com um ar de diversão insensível.
— Olha em volta, irmãzinha — disse Bianca, a voz impregnada de sarcasmo enquanto a olhava com um brilho de malícia. — Papai está escolhendo seu futuro marido. Será quem será, hein? Um velho t****o? Um desses loucos?
A risada de Bianca era uma lâmina afiada que penetrava a vulnerabilidade de Ambra. A zombaria contida nas palavras dela fazia com que Ambra se sentisse ainda mais exposta, como se o desconforto de estar em exibição fosse amplificado pela crueldade da irmã. O sarcasmo de Bianca parecia uma ironia c***l sobre a situação já desconcertante de Ambra, acentuando o sentimento de humilhação.
Ambra forçou um sorriso, embora suas mãos tremessem ligeiramente ao tentar manter a compostura. Sentia um nó de angústia se formar em seu estômago, uma mistura de raiva e tristeza. O comentário de Bianca era um lembrete amargo de que, para alguns, sua situação não era apenas um incômodo, mas um espetáculo para diversão alheia. Cada risada e cada palavra parecia um peso a mais em seus ombros, fazendo com que ela se sentisse cada vez mais pequena e desamparada no meio daquela multidão indiferente.
Ambra se afastou lentamente do salão, procurando desesperadamente por um lugar onde pudesse se refugiar e encontrar um pouco de paz. O corredor parecia uma rota de escape promissora, longe das observações e da atmosfera sufocante da festa. No entanto, enquanto caminhava com passos apressados e cabeça baixa, esbarrou em alguém.
Ela levantou o olhar rapidamente, seus olhos encontrando o de um homem alto e imponente, com cabelos pretos que caíam na altura dos ombros. O que mais a surpreendeu, no entanto, foi a máscara preta que cobria a metade de seu rosto. O mistério da máscara parecia acrescentar uma camada de inquietação à sua presença.
— Desculpe, eu não vi você — Ambra gaguejou, a voz tremendo. A sensação de ser pega de surpresa fez seu coração acelerar, aumentando ainda mais o seu desconforto.
O homem olhou para ela com um olhar de desdém, seus olhos por trás da máscara expressando um desprezo claro. A sensação de ser desconsiderada e julgada naquele momento fez com que Ambra se sentisse ainda mais pequena e insignificante. Sem uma palavra, o homem se afastou, e o som dos passos ecoando pelo corredor parecia amplificar a solidão que ela sentia.
Ambra permaneceu ali por um instante, a mente girando em torno do encontro inesperado. A frieza no olhar do homem e a rejeição implícita a fizeram se sentir mais isolada. Com um suspiro resignado, ela continuou sua busca por um canto silencioso, seu desejo de escapar da festa tornando-se ainda mais urgente.
Na manhã seguinte, o sol brilhava forte, filtrando-se através das cortinas e iluminando a sala de café da manhã com uma luz suave. O pai de Ambra estava radiante, seus olhos brilhando de uma alegria que parecia transbordar em cada palavra que ele dizia. Sua madrasta, ao seu lado, compartilhava o mesmo sorriso, os olhos cintilando com um brilho que parecia esconder uma satisfação m*l disfarçada.
Ambra estava absorta no momento, levando um pedaço de mamão à boca. Adoçicado pelo calor do sol e pela frescura da fruta, o pedaço de mamão parecia ter um sabor metálico e insípido. Quando seu pai finalmente falou, sua voz cortou o ar como uma lâmina afiada.
— Você se casa em três meses — anunciou ele com um tom de solenidade e entusiasmo que fazia o coração de Ambra bater descompassado. As palavras eram como um golpe na estrutura da sua realidade, um eco ensurdecedor que a fez paralisar. Seu rosto empalideceu, e o pedaço de mamão escorregou de suas mãos, caindo sem som no prato.
Ambra sentiu suas pernas tremerem, como se estivessem prestes a desmoronar sob o peso de uma carga insuportável. O calor do café da manhã parecia ter se transformado em um frio cortante, que a envolvia e a fazia tremer. Seu coração acelerava de maneira desesperada, quase pulando para fora do peito, enquanto uma onda de desespero e incredulidade tomava conta dela.
A boca de Ambra se abriu, mas nenhuma palavra saiu. Estava devastada demais para qualquer reação coerente. A mente dela girava em uma tempestade de pensamentos caóticos, lutando para processar o que acabara de ouvir. As palavras de seu pai pareciam ecoar interminavelmente na sua cabeça.
— Vincenzo será um ótimo genro. Sinta-se honrada — continuou o pai, um sorriso orgulhoso estampado no rosto. Mas para Ambra, as palavras eram um mero borrão de promessas vazias. A ideia de se casar com Vincenzo, alguém com quem não sentia conexão, parecia tão distante da sua realidade quanto o horizonte do mar em um dia nublado.
O silêncio que se seguiu era denso e carregado, e Ambra se sentia como se estivesse afundando em um mar de incertezas e resignação. As lágrimas começavam a se formar em seus olhos, enquanto ela lutava para manter a compostura diante de um futuro que agora se apresentava como uma prisão implacável.