Ambra sentou-se à mesa, a mente um turbilhão de pensamentos confusos e angustiados. O café da manhã que antes parecia tão cotidiano agora se transformara em um cenário de desolação silenciosa. O futuro que se desenhava diante dela era uma neblina opaca e ameaçadora, e cada detalhe sobre o casamento parecia um mistério que apenas aprofundava sua inquietação.
A ideia de se casar com um homem que nunca havia visto era um conceito incompreensível e aterrorizante. Ela não tinha a menor ideia de como Vincenzo era, como se apresentava, ou o que ele fazia. A incerteza sobre sua aparência física, seus hábitos e suas preferências fazia com que a angústia de Ambra se tornasse quase insuportável. O desconhecido se estendia diante dela como um abismo, e a falta de informações apenas ampliava o medo e a insegurança.
O pensamento de passar o resto da vida com um estranho, sem a possibilidade de conhecer suas nuances, seus sonhos ou suas frustrações, fazia seu estômago se revirar. Ambra sentia-se como se estivesse sendo empurrada para dentro de um túnel escuro, sem a menor ideia de onde ele conduziria ou o que poderia encontrar no final. A sensação de ser privada de sua própria autonomia a fazia se sentir desamparada, como se seu próprio destino tivesse sido tomado de suas mãos.
Cada vez que ela tentava imaginar o que seria de sua vida ao lado de Vincenzo, a imagem permanecia vaga e desconcertante. Sentia-se perdida, como uma peça de quebra-cabeça que não se encaixava em lugar algum. O pensamento de que seus dias seriam preenchidos por uma rotina e uma convivência com alguém que ela m*l conhecia a atormentava, enchendo-a de um desespero silencioso.
Enquanto a luz do dia continuava a entrar pela janela, ela sentia como se estivesse afundando em uma sombra de incerteza. As perguntas sobre seu futuro pairavam sobre ela como nuvens pesadas, e a tristeza de não ter controle sobre sua própria vida a envolvia como uma manta fria e opressiva. Ambra sabia que precisava enfrentar essa nova realidade, mas a ideia de um futuro com um completo desconhecido a deixava completamente desorientada e amedrontada.
Após o café da manhã, a família recebeu a visita de Alessa, a outra irmã de Ambra. Alessa, ao contrário de Bianca, não demonstrava rudeza ao encontrar-se com a irmã. Ambra não via Alessa desde que fora para o internato, e o reencontro trouxe uma mistura de emoções.
Alessa estava diferente. Casada há um ano com um homem quinze anos mais velho, o casamento fora arranjado pelas famílias, mas agora ela exibia uma barriga de seis meses, esperando sua primeira filha. Ela parecia genuinamente feliz, o que contrastava com a visão que Ambra tinha do próprio futuro.
Enquanto observava Alessa, Ambra sentia um turbilhão de sentimentos. Havia um profundo desejo de se reconectar com a irmã, um anseio por uma conexão familiar que parecia ter se perdido ao longo dos anos. A felicidade de Alessa, embora inspiradora, também provocava um pingo de esperança misturado com uma pitada de tristeza. Para Ambra, a vida da irmã parecia um vislumbre do que poderia ter sido, mas estava fora de seu alcance.
— Olá, Ambra — disse Alessa, com um sorriso caloroso. — Quanto tempo!
— Olá, Alessa — respondeu Ambra, tentando esconder a vulnerabilidade em sua voz. — É bom te ver.
O abraço entre as irmãs foi breve, mas carregado de um sentimento que transcendeu palavras. Enquanto conversavam, Ambra notava como a felicidade de Alessa parecia irradiar um tipo de esperança que ela ainda lutava para encontrar em sua própria vida. Era um lembrete de que, apesar das diferenças e das escolhas forçadas pela vida, havia momentos de conexão que ainda podiam ser recuperados.
Ambra sentou-se ao lado de Alessa, com um misto de hesitação e desejo de conectar-se. Havia tantas perguntas que ferviam em sua mente, mas ela não sabia por onde começar. A presença de Alessa, com sua barriga de gestante e a aura de felicidade, fazia Ambra se sentir um tanto deslocada, como se suas dúvidas e inseguranças não fossem bem-vindas.
Alessa parecia ler seus pensamentos e, com um olhar compreensivo, disse:
— Pergunte, Ambra.
Ambra arregalou os olhos, surpresa. Como Alessa sabia o que ela queria saber? O sentimento de vulnerabilidade que Ambra tentava esconder agora estava exposto, e ela sentiu um leve rubor de constrangimento. No entanto, a compreensão no olhar da irmã oferecia um conforto inesperado.
— Eu passei por isso, sei como você está se sentindo — continuou Alessa, sua voz carregada de empatia. — Como ele é?
Ambra sentiu um alívio imediato ao ouvir as palavras de Alessa. Era como se uma ponte invisível se formasse entre as duas irmãs, ligando suas experiências e sentimentos. Ela olhou para a irmã, seus olhos refletindo uma mistura de curiosidade e uma pitada de ansiedade.
— Como ele é? — repetiu Ambra, sua voz quase um sussurro. — Você se sente feliz com ele?
Alessa suspirou profundamente, o olhar se suavizando ao lembrar de sua própria jornada. Seu rosto mostrou uma mistura de saudade e tranquilidade, como se estivesse revivendo os momentos que levaram à sua situação atual.
— Ele é um homem bom, apesar da diferença de idade — respondeu Alessa, a voz carregada de um tom reflexivo. — É mais compreensivo e paciente do que eu esperava. No início, foi difícil, mas com o tempo, aprendi a ver o melhor nele. E, sim, eu sou feliz.
As palavras de Alessa, apesar de encorajadoras, não apagavam a incerteza que ainda pairava sobre Ambra. No entanto, o olhar genuíno e a serenidade de sua irmã ofereciam um vislumbre de esperança. Ambra sentia um turbilhão de emoções: um pouco de inveja, um tanto de curiosidade e, acima de tudo, uma esperança silenciosa de que, talvez, um dia ela pudesse encontrar algo semelhante em sua própria vida.