Preparativos

900 Palavras
Ambra sentiu um alívio misturado com um novo turbilhão de emoções ao ouvir as palavras de Alessa. O fato de sua irmã ser feliz e bem tratada trouxe um sopro de esperança para ela, um vislumbre de um futuro que poderia ser diferente do que imaginara. — Alessa, você conhece meu futuro marido? — perguntou Ambra, a ansiedade clara em sua voz. Alessa, segurando uma xícara de chá com uma mão e repousando a outra no colo, levou a bebida aos lábios. Acalmando-se, ela respondeu com um tom que parecia ter sido ponderado. — Sim — disse Alessa, antes de dar um pequeno gole. Ambra não conseguiu esconder a sua inquietação. O desejo de saber mais sobre o homem com quem estaria unida era forte, quase avassalador. — Como ele é? — insistiu Ambra, sua voz tremendo um pouco. Alessa pareceu hesitar por um momento, como se estivesse pesando suas palavras. Então, com um olhar pensativo, respondeu: — Ele é um homem exótico, poderoso. Eu diria que é temido por muitos. Essas palavras caíram sobre Ambra como um balde de água fria. Uma onda de pavor a tomou, e ela sentiu um frio percorrer sua espinha. O pânico, que até então ela tentara controlar, agora se manifestava com intensidade. A imagem de um homem temido, poderoso e exótico parecia uma sombra que ameaçava envolver seu futuro de forma implacável. Ambra apertou as mãos nos joelhos, tentando acalmar o tremor que sentia. A sensação de impotência e a incerteza sobre o que viria a seguir eram quase sufocantes. Enquanto Alessa a observava com um olhar compreensivo, Ambra lutava para processar as novas informações, buscando algum sinal de esperança ou conforto que pudesse aplacar o medo crescente. Os dias passaram com uma velocidade desconcertante, e os preparativos para o casamento avançavam a todo vapor. Entre a escolha das flores, a seleção dos doces e o planejamento dos bolos, Ambra sentia-se completamente perdida. A imensidão de detalhes a fazia sentir-se pequena e insignificante, como se estivesse afundando sob o peso das expectativas e das obrigações. Diana, por outro lado, mantinha uma fachada impecável diante dos convidados e familiares. Com um sorriso encantador e palavras cuidadosamente escolhidas, ela se apresentava como a madrasta ideal, aquela que apoiava e celebrava o grande dia. Contudo, por trás dessa máscara de cordialidade, as coisas eram bem diferentes. Em conversas privadas, Diana revelava sua verdadeira opinião sobre o casamento. Suas palavras eram venenosas, carregadas de um desdém dissimulado que fazia o coração de Ambra afundar ainda mais. — Não entendo por que estamos gastando tanto com essa festa — Diana dizia, seu tom de voz carregado de sarcasmo. — É apenas uma formalidade. Você não acha? Ambra, com o rosto pálido e as mãos trêmulas, tentava absorver a dor dessas palavras. A insegurança a consumia, e a dúvida sobre o futuro só aumentava. A impressão de que tudo ao seu redor era uma farsa a fazia sentir-se cada vez mais isolada, como se estivesse atravessando um labirinto sem saída. A cada palavra de Diana, a confiança de Ambra se esfacelava um pouco mais, e a expectativa do casamento se transformava em um evento que apenas amplificava sua angústia. O contraste entre a aparência de apoio de Diana e suas críticas ocultas criava uma ferida invisível, uma pressão constante que Ambra não sabia como aliviar. Diana conduziu Ambra até o salão com uma imponência que deixava claro seu controle sobre a situação. A decoração do local era luxuosa, mas Ambra sentia-se um peão em um tabuleiro onde outras peças moviam-se à vontade. Diana fez questão de supervisionar cada detalhe com precisão, escolhendo o vestido, a maquiagem e todos os acessórios com um entusiasmo distante da empatia. — Este vestido é perfeito para você — Diana afirmou, apontando para um modelo deslumbrante que parecia exigir mais do que uma simples aprovação. — E a maquiagem deve realçar sua beleza sem exageros. Ambra tentou protestar, mas sua voz parecia um murmúrio distante diante da autoridade de Diana. Sua opinião não tinha espaço; cada decisão era tomada sem consulta, e o desconforto dela era ignorado como um ruído de fundo. A sensação de alienação intensificava-se à medida que o espelho refletia uma imagem que não parecia ser dela, mas de uma figura preparada para um papel predestinado. Quando finalmente se preparava, o nervosismo era palpável. Ambra sabia apenas que estava sendo preparada para encontrar seu futuro marido pela primeira vez, um homem que era ainda um desconhecido para ela. Essa ausência de familiaridade tornava a situação ainda mais opressiva, como se estivesse prestes a enfrentar uma prova sem ter estudado. O momento chegou com um toque de tensão. Diana e os preparadores estavam agora preocupados com a pontualidade e com o impacto visual que Ambra deveria causar. Cada ajuste no vestido e cada pincelada na maquiagem eram realizados com precisão quase mecânica, como se Ambra fosse um projeto a ser aperfeiçoado para um público que ela não conhecia, mas que determinaria o rumo de sua vida. Ambra respirava profundamente, tentando esconder a ansiedade crescente. A expectativa de encontrar seu noivo era uma mistura amarga de medo e curiosidade. Sentia-se como uma marionete nas mãos de uma marionetista que movia os fios de sua vida com uma frieza implacável. Cada momento parecia uma introdução forçada a um futuro incerto, e a sensação de desamparo aumentava à medida que o grande dia se aproximava.
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