O vestido

846 Palavras
O encontro seria em um hotel renomado e luxuoso, cuja escolha fora exclusivamente do futuro marido de Ambra. Seu pai aceitou todas as regras impostas sem hesitar. Ambra chegou com uma hora de antecedência, acompanhada por Diana. À medida que cruzavam a entrada, os funcionários do hotel os recepcionaram calorosamente, todos cientes de quem eram. A suíte estava preparada com um cuidado que só se vê em momentos especiais, com detalhes que sugeriam a presença iminente de recém-casados. Ambra sentiu seu coração acelerar à medida que a ansiedade se apoderava dela. O ambiente elegante e acolhedor, ao invés de confortá-la, parecia amplificar seu desespero. Com um olhar nervoso, ela se voltou para Diana, esperando algum consolo. Diana, percebendo a apreensão nos olhos de Ambra, ofereceu-lhe um sorriso compreensivo. — Relaxe, querida, ele é apenas um homem. O máximo que vai fazer é lhe f***r. Curta o momento — disse Diana com um tom de leveza, piscando para ela antes de sair do quarto. Ambra ficou sozinha na suíte, as palavras de Diana ressoando em sua mente. Tentou respirar fundo, tentando acalmar o tumulto interno. Cada detalhe do ambiente parecia se tornar um reflexo da intensidade de suas emoções. O luxo ao redor, em vez de ser um alívio, parecia um lembrete da grandeza e da pressão do momento que estava prestes a acontecer. Enquanto Ambra aguardava a chegada do homem com quem se casaria, sua mente estava em um turbilhão de pensamentos. A incerteza a dominava, preenchendo-a com uma ansiedade palpável. Perguntas aterrorizantes a atormentavam: E se ele fosse agressivo? E se me desprezasse? A sensação de ser desconsiderada, que já havia sentido em sua própria família, voltava com força. A tristeza a envolveu, fazendo com que o ambiente luxuoso da suíte parecesse sufocante. O som de uma batida na porta interrompeu seu turbilhão mental. Ambra se virou rapidamente, seu coração acelerando mais uma vez. Ao olhar na direção da entrada, viu-o apenas de relance. Ele era alto, com cabelos pretos e longos que caíam até os ombros. O que mais a intrigou, no entanto, foi a máscara que cobria metade de seu rosto. Um frio na espinha percorreu seu corpo quando ela percebeu que o homem diante dela era o mesmo com quem havia esbarrado outro dia. O reconhecimento trouxe um misto de alívio e inquietação. Ele era familiar, mas o seu semblante mascarado e a situação em que se encontravam apenas intensificavam a tensão e a confusão dentro dela. A porta se fechou atrás dele com um clique sutil, e Ambra sentiu o peso da situação a envolver mais intensamente. Ela olhou para ele, esperando, enquanto a incerteza se entrelaçava com um desejo profundo de entender o que o futuro lhe reservava. Ele a observou com um olhar penetrante, avaliando cada detalhe de seu corpo. Ambra se encolheu sob a intensidade daquele olhar, sentindo-se exposta e vulnerável. O olhar dele parecia desnudá-la, atravessando a camada de confiança que ela tentava manter. A sensação de estar sendo examinada de maneira tão invasiva fez com que ela se sentisse ainda mais desconfortável. — Se veste assim com frequência? — Perguntou ele, enquanto fechava a porta atrás de si com um clique decidido. Ambra, com a voz quase inaudível e os olhos fixos no chão, respondeu: — Não. Sua resposta foi breve e cheia de timidez. Sentindo-se desconfortável com o olhar contínuo e avaliativo, ela cruzou os braços na frente do corpo, tentando ocultar o decote do vestido. O gesto de se proteger não fez com que a sensação de constrangimento diminuísse. Pelo contrário, amplificou a insegurança que a dominava. Cada movimento dele parecia carregado de uma expectativa que ela ainda não conseguia compreender, intensificando seu nervosismo enquanto tentava manter alguma forma de dignidade diante daquela situação inesperada. Ambra sentiu um frio cortante percorrer sua espinha quando as palavras de seu marido ecoaram na sala. Ele a encarava com um olhar de desprezo, e suas palavras cortantes se destacavam no ar, como lâminas afiadas. A humilhação e a vergonha se misturavam, formando um nó doloroso em sua garganta. — Não se vista mais assim, parecendo uma p********a — ele disse com uma frieza que parecia impregnar o ambiente. — Você será minha esposa; aja como tal. O tom autoritário e a falta de empatia em suas palavras fizeram o coração de Ambra acelerar. Cada palavra parecia um golpe, e a dor emocional era palpável. Ela queria explicar que a escolha da roupa não fora sua, mas de Diana, sua madrasta, mas a voz lhe falhou. O medo e a submissão dominavam seu ser. — Sim, senhor — foi tudo o que conseguiu murmurar, sua voz quase inaudível e cheia de um desespero silencioso. A sensação de impotência era esmagadora, e suas mãos tremiam ligeiramente ao lado do corpo. O olhar de seu marido era como uma marca que parecia afundar em sua alma, e Ambra se viu lutando contra as lágrimas que ameaçavam escapar. O ambiente ao redor parecia encolher, e o silêncio que se seguiu ao seu murmúrio de aceitação era carregado de uma tensão sufocante.
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