Paro em frente a porta do escritório de Isaac, espero Inácio ficar ao meu lado.
— Não vai entrar? — Inácio pergunta.
— Estou esperando você abrir a porta pra Realeza aqui bebê. — Ele revira os olhos e abre a porta para mim.
— Você não presta Tina, Boa sorte. — Ele diz.
Entro no escritório de Isaac, o lugar é bastante bonito, a mesa de madeira de cerejeira se destaca e a enorme prateleira de livros atrás deixa o lugar mais elegante.
Vejo Isaac olhando para tela de seu computador e assim que percebe a movimentação na sala me olha.
— Sente-se ovelhinha. — Ele sorri.
— Tô bem em pé e já disse para não me chamar de ovelhinha. — Digo cruzando os braços.
Ele ignora totalmente a minha falta de educação e se levanta passando a mão por sua mesa.
— Estava vendo aqui na câmera e vi que estava envolvida em brigas — Ele se encosta na mesa e cruza os braços.
— Não vou mentir, estava sim, porém Priscila me estressou.
— Eu já disse para não se envolver com briga aqui na casa. — Falo negando com a cabeça. — Mas você nunca escuta né ?
— Isaac você sabe que Priscila nunca gostou de mim.
— Você sabe que não vai ser protegida para sempre né gracinha? — Ele fica de pé em minha frente. — Você me pertence e eu já estou ficando louquinho para fazer você de minha mulher.
Ele vem caminhando em minha direção, a cada um passo seu dou dois para trás, até que sinto a fria madeira da porta em minhas costas.
— Isaac por favor, prometo não me meter em brigas mais por favor, não me obrigue a me vender. — Digo empurrando ele.
— Garota você sempre fala a mesma coisa e eu já estou cansado. — Ele diz irritado, ele segura minha cintura e em um reflexo rápido e chuto suas partes íntimas dele.
Imediatamente ele coloca as mãos no local do chute e se ajoelha devagar.
— Sua filha da p**a, você vai me pagar caro. — Ele diz entre dentes.
— Isaac ?! O seu amigo já chegou, posso mandar entrar?
— Sim, pode mandar. — Ele fala respirando fundo e se levantando.
Inácio me olha curiso e eu arregalo os olhos.
— Mais tarde a gente conversa. — Isaac fala me lançando um olhar assustador.
Saio do escritório e no meio do caminho esbarro em Nicolas.
— Ei tudo bem?! — Ele segura meus ombros.
— Eu estou tão na m***a Nicolau. — Digo abraçando ele.
Nicolas é o unico rapaz que me entende e apesar de muitas vezes a gente brigar, sei que ele me ajudaria a fazer qualquer coisa.
— Nicolau eu preciso fugir daqui, preciso dar um jeito de sumir. — Digo desesperada.
— O quê? Porque? Valentina já conversamos sobre isso, não tem como....
— Ok Nicolas se não me ajuda eu me viro. — Me solto dele e vou para o pequeno quarto que ocupo nesse bordel.
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P.O.V. M. A. T. H. E. U. S
Algumas horas depois estamos em frente a um prédio, a rua onde ele se encontra não parece ser movimentada, a diversos bares ao redor e pequenas casinhas.
— É aqui? — Pergunto para Diogo que concorda com a cabeça.
Ele vai na frente e ainda meio desconfiado vou atrás.
De primeira um enorme espaço, as paredes são vermelhas sangue, vejo alguns sofás e mesas espalhadas por todo o salão, tem até um mini palco e bem no centro um ferro, ao lado do palco posso ver um pequeno bar.
O lugar até que é bonito, Diogo fala com um homem e minutos depois somos chamados para conversar com um tal de Isaac.
Somos levados por um homen alto e vestido com terno, talvez esse seja o segurança do bordel, ao entrar na sala vejo um homem sentado.
— Olá Diogo, como é bom rever você!! — O rapaz se levanta e cumprimenta nós dois.
— Isaac serei direto, preciso da sua melhor garota para meu amigo. — O tal Isaac me encara.
— Não é para mim. — Cruzo os braços.
— Quero saber se você tem alguém em especial nesse lugar. — Diogo fala fazendo com que ele desvie o olhar de mim.
— Temos sim moças de várias formas, temos loiras, morenas, ruivas, magras, gordas, altas, baixas, aqui a variedades de mulheres. — Diz como se estivesse falando de um produto qualquer e não de mulheres.
— Preciso ver elas, não posso levar um produto sem antes avaliar. — Diogo fala sorrindo de canto.
— Se assim vocês querem, assim acontecerá. — Ele sorri.
Em poucos minutos ele nos leva de volta ao salão principal, ele oferece drinks mas não aceito já que se eu começar não sei se posso parar, Diogo como nunca n**a nada aceita algumas doses de whisky.
Estamos sentado esperando as garotas se prepararem.
— Você tem certeza do que estamos fazendo? — Pergunto para Diogo.
— Acha melhor deixarmos isso quieto e sofremos as consequências depois? A máfia é a vida de Augusto, se não fosse por isso ele se destruiria aos poucos após o acidente.
— É você tem razão.
— Aqui esta as fichas de todas as meninas. — O segurança que descobri se chamar Nicolas nos entrega uma pasta.
Abro a pasta e vejo os nomes verdadeiros, idade, antigo endereço e o motivo de estarem aqui.
Uau eles são bem organizados.
Quando olho para frente e vejo diversas garotas entrando em uma unica fila e pararem em nossa frente.
Todas estão sorrindo e com roupas luxuosas, muitas com vestidos minúsculos e outras carregadas de maquiagem.
Apenas uma que me intrigou por estar com o cabelo amarrado em um coque e com um moletom maior que seu corpo minúsculo.
Fico a encarar ela até que nossos olhares se encontrem, seus olhos azuis estão inchados e suas bochechas vermelhas.
Porque ela estava chorando?
Tento procurar sua ficha.
— Oi eu sou a Lídia !! Tenho 23 anos. — Uma ruiva fala sorrindo dando uma passo a frente.
Olho sua ficha e vejo que ela estava aqui por conta de uma dívida de drogas.
Ela é bastante bonita, suas curvas estão sendo destacadas por um vestido vermelho assim como seus labios.
— Proxima. — Falo curto e grosso.
Ela não se abala, volta ao seu lugar sem perder a posse.
— Olá!! Sou a Raquel e tenho 24!!
Raquel envolvida com um traficante e vendida pelo próprio marido para quitar uma dívida.
— Próxima. — E assim se vai por 15 meninas seguidas, todas tem algum envolvimento com drogas ou dívidas.
— Matheus você não dá um tempo em!! — Diogo sussurra para mim.
— Eu não vou levar nenhuma traficante ou drogada para ser esposa do meu irmão. — Sussurro de volta.
Olho para frente e vejo uma loira formosa vim até proximo a nós, ela parece estar bem confiante e desfila até estar a nossa frente.
— Satisfação em conhecer vocês, sou Priscila. — Ela folhea a pasta até encontrar sua ficha. — Pode ter certeza que sou a sua única escolha.
— OXIGENADA. — Escuto uma voz fina grita ao final da fila.
Olho em direção a fila e vejo a pequena garota de coque e moletom sorrindo com sarcasmo.
— Se você se acha melhor, porque nós se apresente. — Falo olhando para ela.
Seu semblante muda, seu sorriso some e ela chega a mudar de cor, seus olhos se arregalam e parece que ela não consegue respirar.
— Venha Valentina se apresentar. — Isaac ordena.
Ela parece voltar ao seu estado normal, ajeita seu moletom e caminha até nossa frente ainda com o semblante fechado.
— Sou Valentina. — Ela fala séria.
— Quantos anos? — Pergunto.
— 23. — Ela não diz mais nada, não sorri apenas fica nos olhando.
Algo nela me instiga a descobrir mais sobre ela.
— Conte me mais sobre você, como veio parar aqui, que tal?
— Minha tia me vendeu quando tinha 18 anos e desde então nunca vi a luz do dia. — Ela fala fazendo um pouco de drama.
— Sério?
— Sim, e como posso te dizer isso...não sou nenhuma p********a, eu trabalho aqui de garçonete por que não me misturo com elas. — Ela fala com um sorriso.
Essa garota me chamou a atenção.
— Obrigado então Valentina.— Ela se vira e volta pro final da fila.
— Vamos levar essa. — Digo sussurrando no ouvido do Diogo.
— Essa tem certeza, ela é tão....
— m*l educada, m*l vestida e parece ser um problema certeiro?
— Exatamente. — concorda.
— Então vai ser essa mesmo, irei adorar ver Augusto endoidar. — Falo me levantando.
— Muito obrigada a todas as garotas, vocês são maravilhosas. — Todas dão pequenas risadas. — Isaac podemos terminar o processo de compra?
Isaac concorda com a cabeça e nos acompanha de volta para seu escritório.
— Então já se decidiram? — Ele se senta em nossa frente.
— Sim, iremos levar a pequena m*l educada.
— Quem? Valentina? Tem certeza? Ela é um pouco bem...seu jeito é peculiar.
— Eu sei, e é dessas que preciso. — Dou um sorriso só de pensar o que aquela pequena pode fazer com meu irmão.
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P.O.V. V. A. L. E. T. I. N. A
assim que a pequena entrevista com os dois amigos de Isaac, ficamos sentadas conversando sobre o assunto principal.
Quem será a escolhida?
— Ai amiga, você viu que lindos. — Laura vem correndo até mim.
— Laura eles querem comprar uma garota e lá se sabe para quê. — reviro os olhos com sua animação.
— Mas amiga, a escolhida terá sorte, sairá desse fim de mundo...
— Isso não quer dizer que você deve ficar animada. — Ela me ignora e começa a comentar o quanto tinha achado o moreno bonito.
Em pouco minutos eles voltam Isaac, o moreno e um loiro que estava bem animado já que tinha bebido algumas doses de whisky.
— Meninas?! — Isaac chama, fazendo todas nós voltamos a fazer uma fila. — Meus amigos decidiram quem eles irão levar, a escolhida é...— Sem o menor aviso ele diz — Valentina.
Meu primeiro instinto é travar, meu coração congela, novamente aquela sensação de me sentir fraca.
Eu não consigo acreditar que eu estava sendo vendida outra vez.
— Eu não vou. — Digo nervosa.
— Você sim. — O loiro anda em minha direção.
— Não, eu não sou nenhuma p********a, vocês não vão me levar. — Me Afasto dele.
— Você quer se ver livre desse cabaré ou não? — Meus olhos se enchem de lágrimas, minha garganta se fecha e sinto uma enorme falta de ar.
Olho para Laura que está sorrindo para mim ela faz um sinal de positivo com a cabeça, corro para ela e a aperto.
— Tchau Laura, saiba que eu voltarei para te tirar daqui.
— Se cuida tina, não me esqueça.
— Eu sempre me cuido, e nunca irei te esquecer. — Solto ela e me viro para o rapaz loiro, percebo que o moreno já não está mais presente. — Vou pegar minhas roupas.
— Para aonde a gente vai, você não precisara das suas roupas. — Ele fala se dirigindo para fora do bordel.
— Ei !! Valentina?! — Olho para trás e vejo Priscila vim até mim.
Se ela me provoca, vou avançar na cara dela.
— Diga Priscila. — Ela respira fundo, olha dentro dos meus olhos.
— Boa sorte, você merece. — Ela pega minhas duas mãos.
— Quê? — Falo sem entender nada.
— Apesar das nossas desavenças você mereçe sair desse local, esse lugar não é pra você. — Então entendo tudo.
— Obrigada Priscila, você também merece tudo de bom.
Dou um abraço nela.
— Se cuida Priscila. — Me solto dela.
— Você também.
Saio do bordel e me sinto livre, o vento bate forte no meu rosto e pela primeira vez em muito tempo sinto o sol quente contra minha pele.
Vejo um enorme carro parado em frente ao bordel, o loiro estava encostado na porta do carro apenas me esperando.
Caminho firmemente até eles, paro em sua frente.
— Está pronta?
— Para onde estão me levando? — Ele não diz nada só aponta para o carro.
O moreno me olha bem serio.
— Ok, vocês sabem o meu nome, posso saber os nomes de vocês?
— Eu me chamo Diogo o mais gato de todos. — O loiro fala. — E essa morena linda é o Matheus. — O Matheus da um t**a nele fazendo Diogo sorrir.
Eles voltam a ficar serios e não se houve mais conversa.