O barracão cheirava a gasolina, suor e medo. O cara, um peixe pequeno chamado Leandro, estava pendurado por uma corrente no pulso, os pés m*l tocando o chão de terra batida. Ele já estava marcado: um olho inchado e fechado, o lábio partido, sangue escorrendo do nariz para a boca. Edu tinha acabado de colocar as ferramentas em cima do velho barril de óleo: um pé de c***a, uma chave de f***a grossa, um maçarico. Eu estava parado na frente dele. Não era o Murilo que contava histórias para o Joãozinho. Não era o homem que sussurrava palavras de amor para a Bárbara. Era o “queimado”. O Dono. A fera que eles tinham sido burros o suficiente de despertar. — Quem te mandou invadir o apartamento dela? — minha voz era plana, sem emoção. A raiva tinha evaporado, deixando para trás um vácuo gelado e

