A UTI era um mundo à parte. Um reino de silêncio quebrado apenas por bips monótonos de monitores, o sussurro fantasmagórico de ventiladores e o som abafado de respiração mecânica. O ar era mais frio, mais pesado, carregado do cheiro agressivo de antisséptico e desespero. Eles nos deixaram ver ele por apenas cinco minutos. João, meu pequeno guerreiro, estava irreconhecível sob uma rede de tubos e fios. Um tubo na boca, conectado a um ventilador que respirava por ele. Sua pele, já pálida, tinha um tom acinzentado. Seus olhos estavam fechados, seus cílios escuros em repouso contra suas bochechas sem cor. Ele parecia tão pequeno naquela cama enorme, cercado por máquinas de aço inoxidável. Murilo ficou parado ao lado da cama, sua mão enorme envolvendo o pé descalço de João que saía de baixo d

