O envelope branco estava na minha mesa há exatas doze horas. Dentro dele, a verdade em letras de forma: "Probability of Paternity: 0.00%". Joãozinho não era meu filho. Eu devia ter sentido alívio. Era o que qualquer homem racional sentiria. Um problema a menos. Uma responsabilidade a menos. A prova de que Renata mentiu, como sempre mentiu. Mas o que veio não foi alívio. Foi uma perda aguda, como se alguém tivesse arrancado algo de mim que eu nem sabia que tinha crescido. Passei a semana observando ele. Observando eles. João aprendendo a amarrar o cadarço com a paciência de Bárbara. João rindo no jardim com Lurdes. João dormindo no sofá à tarde, segurando aquele ursinho de pelúcia ridículo. João me chamando de "tio Murilo" com uma confiança que me partia ao meio. Agora eu sabia. Ele

