Capítulo 2 - Debaixo de toda a lama.

1379 Palavras
Inês e Macarena conversavam. - Mas isso que você está me oferecendo não são férias, Macarena. Eu continuaria trabalhando, só que em outro lugar. - disse Inês. - Sim, eu sei. Mas são quase umas férias, sabe por quê? - disse Macarena. - Não. Mas tenho certeza que você vai me dizer. - disse Inês com um leve sorriso. - Por ser uma cidade pequena, o trabalho é pouco. E você vai ter chance de desopilar, longe daqui. Aqui todo mundo te conhece, conhece o Henrique, querendo ou não vão estar, de vez em quando, perguntando o que aconteceu, e você não quer mais falar no assunto, não é? - Não. Realmente, me dói muito lembrar do que houve. - disse Inês com certa tristeza. - Pois é. Tá aí a sua chance.... Olha, não é por muito tempo, é coisa de uns seis meses. - Seis meses?! Macarena, eu não posso me ausentar da clínica tanto tempo! - disse Inês. - Não se preocupe. Eu cuido de tudo até você voltar. Por acaso não confia em mim? - Sabe, muito bem, que não se trata disso, Macarena. Você é a pessoa em que mais confio no mundo. É que... Eu não sei. - Vamos, Inesita. Só pense a respeito, tá bom?... Afinal, eu só preciso dar a resposta no final da semana. - Está bem. - concordou Inês. - Eu vou pensar, e até lá, te dou a resposta. *** Mais tarde, Inês estava saindo para almoçar, quando encontra Henrique a esperando do lado de fora. - Inês. - disse ele. - O que você quer? - ela pergunta secamente. - Precisamos conversar. - disse Henrique. - Não temos nada pra conversar. Eu disse que o meu advogado procuraria por você, não foi? - Sim. E é exatamente sobre isso que precisamos conversar. Ele me procurou. Disse que você já deu entrada nos papéis do divórcio. - Sim. Qual é a sua dúvida? - pergunta Inês sem realmente se importar. - Vai mesmo insistir nessa história de divórcio? - Como assim?... Mas é claro que eu vou! - disse Inês. - O que você pensa?! Que isso foi uma briguinha à toa?! Que, a qualquer momento, vamos voltar e fingir que nada aconteceu?! - Inês... - Henrique, deixa eu expor a situação pra você mais uma vez: VOCÊ ME TRAIU!... Da forma mais covarde, infame e grotesca! - exclamou Inês. - Mas eu estou arrependido! - disse Henrique. - Não faz ideia do quanto me sinto culpado por tudo o que houve. - O seu arrependimento não me serve de nada!... E quer saber mais? Por mim, você pode nadar num mar de culpa até se afogar! Eu não tô nem aí!... Agora, se me der licença, eu vou almoçar. - Eu posso te acompanhar? - pergunta Henrique. - Não. Não pode. Não quero perder o meu apetite. - disse Inês. Se Henrique estava mesmo arrependido ou não, Inês não queria saber. Uma coisa que ela lhe havia dito na época que iniciaram o seu relacionamento, era que ela poderia perdoar qualquer coisa, menos ser enganada. Isso jamais! Mas Henrique era insistente, ele a procurava no trabalho, em casa, em outros ambientes em que tinham amigos em comum... E sempre com a mesma conversa: "Eu te amo. Estou arrependido. Quero voltar.". Aquilo já estava tirando Inês do sério. Foi então que ela decidiu... - Macarena? - disse ela entrando na clínica. - Sim, Inês? - Não aguento mais o Henrique no meu pé, pedindo pra que voltemos!... Quer saber? Pode confirmar aquela história das "férias"! Eu aceito! - Sério, amiga?! - disse Macarena toda contente. - Vou ligar pra minha tia agora mesmo. Você pode ficar na pensão dela. - Mas eu não quero incomodar a sua tia, Macarena. Eu posso ir pra um hotel. - disse Inês. - De maneira alguma! Se eu for com uma conversa dessa pra minha tia, ela vai ficar super ofendida! Você não a conhece! *** Tudo foi combinado. E, finalmente, chegara o dia de Inês viajar. - Tem certeza que está tudo certo com sua tia Rosa, não é, Macarena? - pergunta Inês. - Tudo certíssimo, Inesita! Você chega na cidade e pergunta onde fica a pensão da dona Rosa. Todo mundo a conhece por lá! - disse Macarena. - Tudo bem... Preciso que me faça um favor. - disse Inês. - O que quiser, amiga. - Só você sabe pra onde estou indo, e por motivo algum eu quero que o Henrique saiba disso! - Que é isso, amiga! Acha que eu vou contar pro Henrique?! Ficou louca?! - exclamou Macarena. - Por mais cara de coitado que ele faça, não conte nada a ele! - Nem se preocupe com isso. Agora é melhor você ir. E Inês pega a estrada. No início, ela estava até empolgada com a possibilidade de trabalhar em um lugar novo. - Vai ser uma experiência interessante! Vou aprender coisas novas, conhecer gente nova!... É. Vai ser legal! - disse Inês enquanto dirigia. *** Um pouco mais tarde, a empolgação já não estava assim tão aparente. Principalmente, porque caia um verdadeiro temporal. - Mas onde é que eu estava com a cabeça quando aceitei que Macarena me botasse numa dessa!... Povoado de El Paso! Onde fica esse lugar, afinal, meu Deus?! - exclamava Inês. Essa é uma daquelas situações onde você pensa que nada mais de r**m pode acontecer. Porém, acontece. No caso de Inês, o carro começa a falhar. - Ah, não!... Não! Não! Não!... Vamos rapaz, não faça isso comigo! Os apelos não serviram. O carro morre no meio da estrada. Inês sai para ver se consegue ajuda. De repente, ela vê uma caminhonete se aproximando, ela começa a dar sinal pedindo ajuda. - Tem uma mulher precisando de ajuda, senhor. Não deveriamos parar? - perguntou o empregado. - Não temos tempo pra isso! - disse o homem. - E eu não vou ficar todo ensopado só porque uma mulher foi se meter em dirigir! Toque esse carro Benito! O empregado até que queria parar e ajudar, mas ele estava cumprindo ordens então não tinha o que fazer. Porém, tentando desviar de um buraco ele acaba por dar um banho de lama em Inês. - Seu infeliz! Quem você pensa que é?! - ela esbraveja enquanto a caminhote se afasta. Perdida, com o carro enguiçado, e toda suja de lama. Inês levantou a cabeça e olhou para o céu como se pedisse uma ajuda divina. - O que é que a "Dona" tanto olha pra cima? - perguntou um senhor já de certa idade que dirigia um trator. - Oh!... Olá! - surpreende-se Inês. - O que a "Dona" faz aqui parada num temporal desse? - pergunta o senhor. - Meu carro enguiçou. Será que o senhor pode me ajudar? - ela pergunta. - Pra onde a "Dona" vai? - Para El Paso. - ela responde. - Ah, mas a senhora tá com muita sorte! Está bem perto! - disse ele sorrindo. - Sério?!... Mas como vou chegar até lá com o carro assim? - Ah, isso é vai ser moleza, "Dona"! O senhor pegou uma corda amarrou no carro de Inês e o rebocou até a cidade. *** Rosa cuidava de seus afazeres, quando escuta o barulho do trator na frente de sua pensão. Ela pega o guarda-chuva e vai ver do que se trata. - Jacinto! Você não tem um pingo de juízo, não é?!... Andar com esse trator por aí, num tempo desse! - disse Rosa. - E ainda mais rebocando um carro! - Ora, Rosa! Se eu não faço isso como é que eu ia trazer a moça?! - disse Jacinto. - Por favor, não brigue com ele. - disse Inês. - Ele só estava me ajudando. - Minha Nossa!... - surpreende-se Rosa ao ver Inês toda suja de lama. - Quem é a senhora? - Me chamo Inês Huerta. Sou a nova veterinária da cidade. - Você é a amiga da Macarena? A outra doutora que ela falou? - Sim, senhora. Sei que não parece por causa dessa lama toda... - disse Inês sorrindo. - ... Mas sou eu sim. Finalmente, Inês chegara à El Paso. O que o destino estaria lhe reservando, agora que estava naquela cidade?
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