Pré-visualização gratuita Capítulo 1 - Uma surpresa desagradável.
Inês Huerta era uma veterinária de "mão cheia". Desde criança tinha paixão por animais, e então, logo cedo decidiu o que queria da vida.
Assim que se formou, abriu uma clínica, e com o passar dos anos ganhou a simpatia e a confiança de seus clientes e pacientes (cães, gatos e etc.).
Na faculdade, conheceu Henrique, foi amor a primeira vista! Ela tinha tanta certeza que ele era o homem de sua vida, que se casou sem pensar duas vezes.
Inês era feliz. E pensava que nada poderia destruir essa felicidade.
Clínica Veterinária.
Macarena era a melhor amiga e sócia de Inês na clínica.
- Ué?... Pra onde vai? - pergunta Macarena.
- Henrique e eu combinamos de almoçarmos juntos. - responde Inês.
- Pensei que ele viesse te buscar.
- Geralmente, ele vem. Mas hoje, eu quero lhe fazer uma surpresa! - disse Inês toda contente.
- Sabe, hoje em dia, é difícil se ver um casamento tão feliz como o de vocês! - disse Macarena sorrindo. - Faz quanto tempo?
- Quinze anos! - suspira Inês. - Fazemos na próxima semana.
- Já?!... Pois com a paixão que vocês tem, nem parece. - disse Macarena.
- Eu é que sei! - disse Inês sorrindo. - Bom, eu já vou. Até mais tarde, Macarena!
- Bom almoço! Até!
***
Pouco tempo depois, Inês chegara ao escritório de seu marido, Henrique Villar. Um advogado de renome, só se interessava por grandes casos, e ganhava todos. Era um homem bonito, charmoso e um cavalheiro. Um príncipe, um lorde. O marido perfeito.
Inês sai do elevador e se dirige até a sala de seu marido. Estranhou um pouco por não ver a secretária em seu posto, mas não se deteve. E ao abrir a porta deu de cara com aquela cena.
A secretária só de langerie em cima do seu marido. Os dois estavam se beijando, se agarrando, se pegando. Parecia mais as preliminares de um filme pornô, daqueles mais chinfrins!
- Mas o que é isso?! - grita Inês.
- Inês! - assusta-se Henrique. - O que faz aqui?!
- Eu vim pra te fazer uma surpresa, mas parece que quem teve a surpresa fui eu! - exclama Inês.
- Inês, meu amor, eu posso explicar...
- "Meu amor"?! Você tem coragem de me chamar de "meu amor" depois do que eu acabo de encontrar aqui?! - disse Inês mais do que indignada. - E você, sua cretina?! Há quanto tempo está de caso com o meu marido?! - disse ela segurando a mulher pelos cabelos.
- Ai! A senhora está me machucando! - disse a secretária.
- Eu devia arrancar o seu escalpo, sua vagabunda!... Vai! Pega os seus trapos! - ordenou Inês enquanto ainda a segurava pelos cabelos. - E agora sai daqui! - disse ela a arrastando e jogando para fora da sala de Henrique. - Agora Henrique Villar, somos só eu e você!
- Inês, querida, por favor...
- Vista-se e me encare como homem maldito infeliz! - disse ela.
Henrique se veste rápidamente. Jamais vira Inês tão zangada. Ela sempre foi uma mulher gentil, a mais gentil que conhecera. Mas naquele momento, ela o mataria se pudesse, e ele não queria lhe dar motivos para isso.
Inês se aproxima dele e lhe dá dois tabefes.
- Isso é ainda é pouco perto do que você merece, seu canalha!... Eu te dei quinze anos da minha vida, seu desgraçado! Quinze anos!... E você me faz isso, Henrique?!
- Inês, por favor, deixe-me explicar. As coisas não são como você está pensando...
- Eu não estou pensando, Henrique! Eu vi! - grita ela. - Olha, se você vier com essa conversa de "não é nada disso que você está pensando" eu juro que não respondo por mim, Henrique! - ela diz furiosa. - Não tente me fazer de i****a!
- Está bem!... Está bem. Eu admito. Eu fui um fraco, me deixei levar...
- Não! Você foi covarde, desonesto e um calhorda! E eu pensando que você era o melhor homem do mundo, quando na verdade, era o pior! Como pôde?! E às vésperas das nossas bodas! Você não presta! - disse ela lhe dando outro tabefe.
- Inês, por favor, eu te amo. - disse Henrique se aproximando de Inês.
- Não se aproxime! Vá pro inferno com esse seu amor! Pois um amor como o seu eu não preciso!... Escute bem, Henrique Villar, eu nunca mais quero ver você enquanto eu viver! - disse ela já deixando cair algumas lágrimas. - E saiba que eu nunca vou esquecer o que você me fez! Jamais! - disse ela saindo.
Mas antes que pegasse o elevador, ela ainda se aproxima da secretária e lhe desfere um tapa que a faz a mesma cair no chão.
- Eu não poderia ir embora sem lhe dar a sua parte!... E quer saber? Pode ficar com ele pra você!
Inês sai sem olhar para trás.
***
Ao chegar em casa, Inês estava tão alterada, tão desnorteada, que começou a quebrar tudo o que vira em sua frente.
- Desgraçado! - disse ela quebrando um vaso. - Infeliz! - outro vaso. - Como ele se atreveu a me enganar! - outro vaso. - Ah, mas ele me paga!
Inês foi até o quarto do casal, pegou tudo o que era de Henrique e atirou pela janela.
- Aqui nessa casa, aquele pulha não entra mais! Nem pra pegar o que é dele!
***
"Resumo da Ópera": Inês se separou de Henrique, ele pediu perdão, implorou, mas Inês estava irredutível. Já o divórcio, propriamente dito ainda demoraria um pouco mais, mas Inês estava decidida. Afinal, quem é que mudaria de ideia tendo flagrado o marido como ela flagrou?!... Porém, depois da zanga, da raiva, veio a mágoa, o sofrimento, o choro.
***
Casa de Inês.
Inês estava desabafando com Macarena ao mesmo tempo que se entupia de sorvete.
- Por que eu fui tão boba, Macarena? - dizia ela chorando. - Por que eu fui acreditar naquele safado?!
- Ô minha amiga!... Não se martirize por isso. Você acreditou nele porque o amava. - disse Macarena.
- Mas ele não me amava!... Ou amava? Você acha que ele me amava? - pergunta Inês.
- Quem ama não faz o que ele te fez, Inês. Ele foi um pilantra, safado e sem vergonha! Ele não merece uma lágrima sua. Não fique assim. - disse Macarena.
- Se ele é tudo isso, por que... - disse Inês com a voz embargada. - Por que... Por que eu sinto que vou morrer sem ele?! - ela chora que acaba deitando no colo da amiga.
- Ô Inês!... Por Deus!... Reage, mulher! Voce não pode se deixar abater assim! - disse Macarena consolando a amiga.
Mas sabem aquele momento em que só o que você quer é chorar até que toda a dor saia de dentro de você?... Inês estava passando por esse momento.
***
Seis meses depois.
Clínica Veterinária.
Macarena estava ao telefone.
- Mas, tia Rosa, eu não posso sair daqui agora. O trabalho aqui na clínica não pára. ... Eu sei, mas... Eu sei que o Dr. Contreras precisa tirar essa licença, que ele já está muito cansado. Mas eu não sou a pessoa mais indicada pra substituí-lo. Por quê?... Ora, tia, eu não tenho experiência com cavalos! E só o que tem por aí são cavalos!... Diga a ele que não posso, infelizmente.
Nesse momento, entra Inês.
- Bom dia.
- Ah... Bom dia, Inês ... Não tia, eu falei com a Inês, minha sócia e também veterinária.
Foi quando Macarena teve um estalo!
- Espera, tia. Acho que encontrei a pessoa certa pra "quebrar o galho" do Dr. Contreras. Te ligo depois, tchau! - ela desliga o telefone.
- Quem era, Macarena? - pergunta Inês.
- Era a minha tia Rosa. Inês?
- Sim?
- O que acha de tirar uma férias? - pergunta Macarena.
- Férias?!