LÁGRIMAS DE FERRO

CAPÍTULO 3/AS FILHAS!

NADINE PARISI (FILHA ADOTIVA DE DARLA MARIA, E NORBERTO):

Eu cresci em um lar de muito amor, e respeito. A minha infância foi incrível, e quando se trata de coisas materiais, eu sempre tive tudo o que eu queria nas mãos, porém o grande sonho da minha vida sempre foi trabalhar nas minas, ao lado de papai.

Quando conheci um grande homem, um lapidador amigo da família então, eu tive a certeza do que queria para a minha vida e futura carreira. Se dependesse de mim, eu seria uma garimpeira igual aos peões que trabalham na mina, mas como não seria possível por puro impedimento dos meus pais, eu decidi optar pelo curso de Design de jóias, após terminar os meus estudos.

O meu pai, é o homem da minha vida, o dono de toda a minha admiração, e a minha maior inspiração. O que eu mais amo, é quando ele me chama para falar coisas, me ensinar novas coisas, ou me apresentar grandes profissionais do ramo.

O único defeito dele, é achar que a mulher é o sexo frágil, e que eu não sou capaz de "pôr a mão na massa", e ser tão boa nos negócios da nossa família, quanto qualquer homem que trabalha com ele. Eu não tenho medo de trabalho, e aquelas minas são a minha paixão.

Lamentável, eu ter que me contentar em ser apenas uma designer de jóias, e receber a matéria prima para trabalhar, sem puder eu mesma, fazer parte desta busca. Bom, deixe - me eu me apresentar! Me chamo Nadine Parisi,tenho 17 anos, e sou filha do dono da maior empresa do ramo de mineração e jóias preciosas, do país!

Pela manhã, eu estudo, e no restante do meu tempo livre, quando não estou atrás de papai insistindo para acompanhá-lo até o garimpo, nas viagens para conhecer novos possíveis locais de exploração, eu faço natação, muai thai, boxe,musculação, ou qualquer outra coisa que me tire do tédio.

Ao contrário da minha irmã Noemí, eu nunca fui ambiciosa, nem liguei muito para luxos, e status de rica. Eu gosto da praticidade, do simples! Nós somos o oposto em exatamente tudo! Nas amizades,no modo de agir, nos planos de vida,nos locais em que frequentamos, nos relacionamentos, inclusive os namorados dela são sempre muito insuportáveis, dentre mil outras pequenas coisas do dia a dia. Às vezes, chego até a achar que não somos irmãs de verdade, de tão diferentes que somos!Mas, apesar de todas as nossas diferenças, nós nos amamos mais que tudo, e ainda assim, conseguimos ser próximas.

Quanto á minha vida amorosa, conheci o meu primeiro namorado no início do ano, exatamente no dia em que fiz 17 anos. Sempre fui muito desligada, e nunca me interessei por nenhum garoto. Por vezes, cheguei a duvidar da minha sexualidade.

Mas na hora certa, no dia do meu aniversário, os meus amigos e amigas da academia haviam feito uma festa surpresa para mim, e nós nos conhecemos neste dia épico.

Desde então, eu gostei muito da simplicidade daquele lutador de boxe, e as coisas fluiram tão naturalmente, que eu até me assustei! Nunca fui a garota que vivia procurando ou almejando um relacionamento, e com o Darío foi totalmente o contrário. Com ele, eu dei o meu primeiro beijo, e quando fui pedida em namoro, eu sentia que não estava perdendo tempo, igual a minha irmã que trocava de namorado toda semana.

Temos ao todo, 8 meses de relacionamento, e Darío foi o único a aceitar a minha baixa frequência afetiva, no sentido de não ligar, mandar mensagens a toda hora, ou não querer vê - lo todos os dias. Eu gosto da minha individualidade, de ficar sozinha às vezes, e apesar de muitas vezes me cobrar carinho e atenção, dizer que estava carente, que não estou sendo tão companheira quanto ele gostaria, eu gosto muito dele, e Darío consegue como ninguém, me fazer muito feliz.

Apresentei Darío para a minha família no dia do aniversário de 18 anos da Noemí, e foi ridícula a forma como os meus pais o trataram ao saber que ele não era um cara riquinho, e sim um rapaz da periferia, professor de boxe, trabalhando em uma academia para buscar o seu sustento.

Para o meu pai, todo namorado que eu ou a minha irmã tivéssemos, seriam golpistas em potencial, para roubar as nossas riquezas.

Como nunca namorei antes, a pressão era algo decorrente apenas com a Noemí. Mas depois de Darío entrar na minha vida, passei a receber o mesmo tipo de pressão psicológica.

Neste dia, ele quis terminar o nosso namoro,e foi nesse dia em que eu chorei por um homem pela primeira vez na vida.

Insisti,conversei com ele, e o convenci de que independente do que os dois achassem, de nós dois, só nós sabíamos.

Afinal, o nosso relacionamento se tratava de um namoro, e não casamento. Foi péssimo, pensar na possibilidade de perder a única pessoa com que eu me conectei verdadeiramente.

NOEMÍ PARISI (FILHA BIOLÓGICA DE DARLA MARIA E NORBERTO) :

Eu sou rica, muito rica e é isso que importa! O meu pai é bilionário no ramo de jóias, e eu fui criada em um verdadeiro berço de ouro, como os antigos costumam dizer. Tive uma infância muito divertida, com viagens mágicas para a Disney, e para muitos outros países ao lado de meus pais e da minha irmã.

Falando em irmã, Nadine é a pessoa mais esquisita que eu conheço! Vive enchendo a cabeça do nosso pai para trabalhar ao lado dele quando fizer 18 anos, e o papai óbvio negando sempre. Não sei qual é a graça em ficar debaixo da terra ao lado do bocado de homens suados, com mau odor, sem educação nenhuma,e ainda por cima correndo grandes riscos, com o manejo de explosivos.

Enquanto Nadine quer ser uma simples garimpeira, lapidadora ou design de jóias, eu quero ir muito além! Já sou famosa na internet, com mais de um milhão de seguidores que consegui ao mostrar a minha vida luxuosa, e já ganho um bom dinheiro com isso, das parcerias com as melhores empresas que claro, me contratam para que eu indique os seus produtos para as minhas lindezas (seguidoras).

Nunca tive grandes planos de me matar de estudar para ter uma profissão, mas os meus pais exigem a qualquer custo, que eu tenha ao menos um diploma de faculdade,e eu prometi que iria fazer algum teste vocacional para descobrir qual seria a minha área de atuação, o que eu mais me identificaria.

Eu tive que contratar uma pessoa para me ajudar a escolher uma profissão que mais se encaixasse para mim, e só de pensar em estudar, já me cansa! Após alguns testes, e levando em consideração o meu trabalho para a Internet, decidi cursar bacharelado em MODA! Além de ser "a minha cara", eu também poderia atuar na fotografia, design, consultoria, modelagem e produção. Fiquei extremamente feliz, animada e satisfeita com a escolha!

-Moda? Era só o que me faltava! Já não basta a Nadine com essa idéia fixa de ser design de jóias e lapidadora, aí me vem você com essa história de moda, Noemí? Que decepção! - Papai bufou.

- Mas, pai! É o que eu me identifico! Eu já trabalho com isso de certa forma, vai ser ótimo! - Argumentei.

- Não tem essa de vocação! Você contratou aquela desocupada para te fazer uma lavagem cerebral, e agora está com essa idéia s*******o? Você, vai cursar ENGENHARIA CIVIL! Ouviu? Você vai ser uma engenheira, vai ter a sua própria construtora com a minha ajuda, e ponto final! Você tem tudo nas mãos, Noemí!! Não ouse desperdiçar o meu dinheiro com futilidades! Já não basta viver se expondo na Internet? Já chega! - Ele gritou ainda mais raivoso.

Papai era sempre um poço de rigidez, mas de mim eu sentia que ele sempre exigia bem mais! Talvez por ser a filha mais velha.

Maldita hora que a mamãe não deu o filho tal Nathan que ele tanto queria! Talvez, se esse garoto existisse, eu não precisaria viver sempre em constante pressão.

Se eu não conhecesse o pai que tenho, iria achar que ele alivia mais as coisas para a Nadine por ela sempre viver no pé dele, do que pra mim. Porém, o meu pai era a grosseria em forma de gente, até para a mamãe, que demonstra ser uma esposa exemplar e muito amorosa.

Quando eu finalmente completei os meus 18 anos, e atingi a tão desejada maioridade, no dia da minha festa de aniversário (uma balada bem jovem para a família e amigos, sem breguice nenhuma), o meu presente foi um carro zero quilômetro, vermelho, belíssimo do jeito que sempre sonhei, e para completar surpresa ,recebi a minha inscrição para tirar a carteira de motorista. Foi uma surpresa maravilhosa, e tudo graças ao dinheiro! Se não fosse o dinheiro, nada disso seria possível.

Quanto a minha vida amorosa, tornou - se um verdadeiro Carnaval! Um entra e sai de pessoas todas as semanas, e confesso que é cansativo. E meus relacionamentos não dão certo, não por eu não querer, mas por serem sempre pessoas imperfeitas demais! Alguns por puro interesse (até entendo a preocupação dos meus pais nesse quesito), outros muito ciumentos, possessivos, outros tão vazios sem conteúdo algum, que eu não suporto de forma alguma! E assim, eu vou levando esse desastre.

A Nadine que teve sorte, e conseguiu um boxeador muito charmoso até, mas não faz o meu tipo, e mesmo que fizesse, eu não roubo namorado da minha irmã. Não sou escrota a esse ponto! Até porquê, odeio homem pobre e grosseiro. E aquele, era a versão masculina da minha irmã.

Papai e mamãe que me aguardassem, que eu não iria desistir da moda, já que eles queriam tanto que eu fizesse mesmo uma faculdade, eu faria a que eu bem quisesse.

Após as minhas aulas da auto escola, fui para a faculdade e mandei mensagens e fotos dos dois, dizendo que eu estava fazendo a minha matrícula no curso de engenharia civil.

Fiz? Óbvio que não! Me matriculei na faculdade de moda, e após tirar o comprovante, escaneei e manipulei as informações para que acreditassem que eu seria mesmo a mais nova estudante de engenharia civil da família.

Para comemorar, papai mandou fazer um jantar em casa, chamou os meus avós maternos, e paternos também, e anunciou para todos com muito orgulho que eu seria a engenheira da família, e que teríamos no futuro, uma grande construtora.

O jantar, era apenas para família, mas eu não resisti, e quis chamar a SAVANNAH.

Savannah, é simplesmente a minha melhor amiga, e cúmplice em vários momentos, inclusive ela era a única que sabia de todos os meus gostos, e que sabia que eu não faria o curso que os meus pais queriam,e sim o que EU queria.

Savannah é uma das pessoas mais preciosas que tenho em minha vida, e que me ajudava a sair das situações mais embaraçosas possíveis, inclusive quando se tratava de garotos.

Eu não poderia deixá-la de fora de nada, e a chamei para o jantar. Ela chegou em minha casa morrendo de vergonha, e antes de entrar pediu para falar comigo.

- Amiga, me desculpa! Eu tive que trazer o meu pai. Mamãe viajou para cuidar da minha avó, e eu fiquei com dó de deixá-lo sozinho em casa, tadinho! - Ela explicou, e eu disse que tudo bem, que não havia problema nenhum.

Vendo a minha amiga falando assim, jurei que o pai dela era algum velho caquético, mas tomei um verdadeiro susto ao ver aquele homem!

Estava explicado de onde vinha tanta beleza, de Savannah! O pai dela era um verdadeiro Deus grego! Um dos homens mais bonitos, que os meus olhos já tiveram o prazer de ver. Claro, que ele tinha idade para ser meu pai também, porém não deixava de ser um homem muito atraente.

Alto, grisalho, corpo definido, dentes perfeitos, olhos azul anil, um verdadeiro gato! Durante todo o jantar, eu não conseguia disfarçar os meus olhares. Eu sempre fiquei com garotos da minha idade, ou mais velhos pouca coisa, mas ao conhecer o pai da minha melhor amiga, confesso que fiquei com uma vontade imensa de experimentar novas coisas, homens 30 anos mais velhos, quem sabe? Ele e o meu pai se deram muito bem, e eu torci muito para que aquilo se tornasse uma bela amizade, e que houvessem mais encontros.

Eu sempre consigo tudo o que quero, e o meu próximo alvo, é o Senhor, Salomão Montalvani! Doa, a quem doer, esse homem vai ser meu!