CAPÍTULO 4/COMO IRMÃS?

1870 Palavras
AMELIE: Eu JURO, que quando conheci o meu marido e soube que ele tinha uma irmã, achei que seríamos também como irmãs, melhores amigas, e que eu poderia contar com ela pra tudo. Porém, com a Antonela é impossível! Aquela menina é tão insuportável, e tira tanto o Hernan de casa, que isso é o principal motivo para as nossas brigas. Além, de que ela sempre tá sugando dinheiro dele de alguma forma. A gota d'água, foi quando o Hernan comprou um apartamento para a "nojentinha" morar sozinha! -Se queria tanto morar sozinha, porque ela mesma não comprou o próprio apartamento? Porque tem que ter dedo seu em tudo? Esse dinheiro todo que você gastou, pode nos fazer falta futuramente, sabia? - Falei para Hernan, depois de chegarmos em casa, após mais uma briga minha com a naja da sua irmã. - Meu amor, eu trabalho, ganho muito bem, e esse dinheiro que investi, e dei esse presente para a Antonela, será recuperado em poucos meses!! Não esquenta com isso, eu fico muito chateado em saber que vocês se odeiam a este ponto! Vocês deveriam ser como unha e carne, ainda mais você que não tem irmãos, meu amor! Você não viu a cara dela ao assinar o contrato? O quanto ela ficou feliz em ter o seu próprio cantinho! - Hernan argumentou. - Sim, não tenho irmãos, sinto muita falta, mas você não precisa ficar me lembrando disso o tempo todo, a fim de que eu aceite os abusos da boa vontade, que a tua irmã Comete todos os dias! Quer saber? É inútil falar disso com você, eu estou cansada! - Fui para o quarto muito zangada, e bati a porta com força. Aquilo tudo já havia se tornado um grande e cansativo, ciclo vicioso do m*l. Era sempre assim! Antonela aprontava, sugava dinheiro, tirava o irmão de casa para "socorrê-la" às vezes nas coisas que ela poderia muito bem resolver sozinha, e assim a minha opinião, a minha irritação nunca era levada em consideração no meio disso tudo. HERNAN : Após toda a confusão de Amelie quando comprei um apartamento para a minha irmã, eu precisava trabalhar arduamente, para o mais rápido possível, ela ver a mesma quantia em nossa conta conjunta novamente. Eu não tinha filhos, e se dependesse de Amelie, não os teria nunca. Então, "adotei" Antonela desde sempre, e tudo o que acontecia com ela, passava por mim antes, ou quando ela estava em apuros, precisando, sempre me chamava e eu ia correndo. A minha irmã era uma espécie de filha para mim, e eu me sentia responsável por ela, mesmo ela sendo uma adulta de quase 30 anos, e dona de si, sempre seria a minha menina. A única coisa irritante nisso tudo, sem dúvidas eram as brigas constantes e birras de Amelie. Muito difícil conviver em meio a esta guerra delas duas, mas eu sempre me manti neutro para elas não acharem que eu pudesse estar punindo por alguma das duas. Após o jantar muito agradável com o Norberto e a sua esposa, a nossa relação que já era boa, ficou ainda mais. Passei a ser convidado a participar de reuniões importantes que antes eu não era incluído, a conhecer de perto os investidores e sócios da empresa, ainda mais por ser gerente, naturalmente aquilo ocorreria, porém eu já era acostumado com tão pouco, que estar em um patamar um pouco mais elevado, me deslumbrava um pouco. -Então, vamos nos encontrar hoje com as nossas esposas novamente? Que tal uma social na minha casa? - Norberto convidou-me. - Perfeito! Vai ser bom para relaxar! A minha esposa está um pouco estressada hoje, esse encontro vai deixar as coisas mais leves. - Falei sorrindo. - Às 20 horas então! Aguardo vocês, com uma boa bebida, e um jantar de primeira! Nós merecemos, após um dia exaustivo de trabalho. - Norberto disse sorrindo, apertamos as mãos, cada um foi para o seu lado, e voltamos a trabalhar normalmente. DARLA MARIA : Ser uma mulher rica, e madura (não me sinto velha, porém já não sou mais nenhuma mocinha, não é mesmo? ) já me custou muitas coisas, como amizades por exemplo. Ao longo dos anos, eu tive muitas amizades que jurei que eram verdadeiras, que durariam para sempre, porém quebrei a cara em todas as vezes. Muitas pessoas oportunistas que me roubavam, ou apareciam quando queriam pegar uma roupa ou sapato emprestado, e até mesmo aquelas que estavam todos os dias em minha casa para comer, ou pegar carona no salão de beleza, no shopping, já que sabiam que eu pagava mesmo. Deixei de ser tão boba, e vi que estava sendo muito usada! As pessoas me queriam por perto, apenas quando precisavam de algo que o meu dinheiro pudesse proporcionar, e não por gostarem de mim, ou da minha companhia. Quando eu precisava de apoio psicológico, só conseguia com a minha psicóloga! Pois as minhas "amigas", sempre me diziam que eu era rica,que tenho a vida perfeita, e que não tenho motivos para ficar deprimida. Me afastei de todas as amizades aproveitadoras,e todas as semanas eu visito alguma instituição de caridade, pois sei que são pessoas que realmente precisam! Porém, é impossível não sentir solidão! Às vezes acho que se eu tivesse irmãos, não sentiria esse vazio tão grande. Já tentei ser amiga das esposas dos homens de negócios que trabalham ao lado de Norberto, mas também não tenho paciência, muito menos estômago para mulheres fúteis, que só sabem disputar quem tem o melhor carro, as roupas e sapatos mais caros, as melhores jóias... Eu gostaria muito, que Norberto conseguisse suprir esta carência que sinto, porém acho que o nosso casamento ficou um pouco saturado com o passar de tantos anos. Ele já não é mais o mesmo homem carinhoso, atencioso, está quase sempre cansado, o nosso sexo caiu na mesmice, e isso foi me deprimindo pouco a pouco, até chegar a um nível insuportável. - Querida! Temos visitas hoje! Encomendei um jantarzinho muito especial, pois a noite será agradável, e leve ! - Norberto disse animado, ao chegar da empresa, no final da tarde. - Hum, sério? Quem é? - Perguntei desanimada. - Hernan e Amelie. Quero que você fique bem linda, mais do que já é, para nós recebermos os nossos novos amigos aqui em casa. - Ele disse beijando a minha testa, e eu baixei a cabeça em afirmação. - E as meninas, onde estão? - Ele perguntou. - Noemí foi fazer presença vip na inauguração de um hotel, e a Nadine está na casa do Darío. - Respondi. - Hum, qual o motivo dessa carinha triste? Percebo que você está assim, e não é de hoje. - Ele disse, muito atencioso, o que me deixou um pouco intrigada, já que geralmente ele quase não estava conversando comigo. - Me sinto sozinha. E você está distante, frio... Você tem outra? - Perguntei desconfiada. - Meu amor,que idéia! Nesses mais de 30 anos de casados, eu nunca te traí! Sempre te respeitei, você é a mulher da minha vida! E como eu te disse, com o Hernan na direção da empresa, a minha vida vai ficar um pouco mais flexível, e nós iremos aproveitar muito juntos! Já estou até planejando uma segunda lua de mel! - Ele disse me beijando, e eu fiquei muito animada. Talvez, aquele fosse o ânimo que eu precisava. Os meus dias eram monótonos, sempre em casa sem fazer nada, talvez o que me faltava era um trabalho. Não pelo dinheiro, pois isso não me faltava, mas para ter uma ocupação. Eu e Norberto ficamos juntinhos como não fazíamos a muito tempo, e se dependesse de mim, nem receberíamos ninguém em casa. Fizemos muitos planos, nos beijamos (algo que era raro de acontecer ultimamente), e ele me disse que queria reacender a chama do nosso casamento. Fizemos um sexo quente, e depois de um banho de banheira relaxante juntos, nos vestimos, recebemos o jantar, e às 20 horas o casal chegou em nossa residência. Hernan por ser jovem, ele trazia um astral todo especial para as nossas conversas, e Amelie sempre muito simpática, doce, trazia a leveza. Após o jantar, os dois homens ficaram falando sobre futebol, esportes, carros, assuntos que definitivamente não me atraíam, então chamei Amelie para irmos conversar na sala. Diferente das amigas que já tive, Amelie me passava uma naturalidade muito grande. Ela não parecia deslumbrada com o que via, e demonstrava uma humildade que me era agradável. - Você tem irmãos? - Perguntei entregando uma taça de vinho para ela. - Não... Como eu queria ter uma irmã, ou até um irmão mesmo! O meu marido, é o irmão que qualquer pessoa gostaria de ter, e se eu tivesse um igual, seria ainda mais feliz do que já sou! Mas não tenho, sou filha única! Eu acho que seria muito bacana. - Ela disse com um pouco de pesar nas palavras. - Nossa, que coincidência! Também sou filha única, e penso o mesmo que você! As coisas seriam melhores, se eu tivesse uma irmã! Eu teria uma amiga, uma confidente,teria a casa de alguém pra frequentar aos finais de semana, teria sobrinhos, cunhado, enfim... - Falei um pouco sentimental. Ao final da conversa, nós duas já estávamos chorando, e vi que eu poderia me conectar com aquela garota! Mesmo sendo mais jovem que eu, ela era uma pessoa centrada, e por ser uma psicóloga prestes a se formar, parecia que ela sabia exatamente onde doía em mim, e tinha as melhores coisas para me dizer. Amelie além de uma excelente conselheira, era ótima ouvinte também, e senti que poderíamos alimenta uma amizade verdadeira e sem nenhum interesse ou maldade. - Sei que nós estamos nos conhecendo agora, mas quem sabe daqui a algum tempo,nós duas sejamos para a outra, a irmã que nunca tivemos? - Ela disse com um sorriso lindo no rosto, e nós nos abraçamos. AMELIE : Era como se eu tivesse encontrado a minha irmã de alma, em tão pouco tempo! Darla Maria, aparentemente era a pessoa que eu sempre esperei no quesito de amizade. Ela me entendia como ninguém! Ela, com a diferença de 10 anos a mais que eu, tinha a experiência por já ter passado por muitas coisas, e eu com o meu conhecimento na área da psicologia, conseguia entender os seus conflitos internos, e isso já me deixava muito feliz e orgulhosa, com a certeza de que eu faria um ótimo trabalho quando estivesse trabalhando de fato. Acho que finalmente, encontrei alguém não para ser uma amiga qualquer, mas como uma irmã. Ser filha única é muito r**m, e em todas as minhas amizades fui muito machucada e decepcionada. Mas com a Darla Maria, eu sentia que poderia confiar de olhos fechados. Ela não era como algumas mulheres ricas que só falavam sobre futilidades,pois por ter vindo de uma família humilde, ela tinha os pés no chão, e uma simplicidade admirável. E o jantar que era pra ser apenas uma social entre casais e novos amigos, foi uma verdadeira sessão de terapia para nós duas. Muita conversa, descontração, alegria, tudo o que eu precisava para esquecer todos os aborrecimentos que tive com a minha cunhada.
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