A noite chegou mais rápido do que imaginei, e sem ter que ir pegar o Jony , não peguei o ônibus da escola. Eu precisava pensar, fazer um caminho diferente, era isso que precisava fazer. Saí em direção a estação de metrô perto da escola, eu adorava o fato de ser um metrô subterrâneo. Peguei o metrô sem demora e segui meu caminho, no que eu poderia pensar, sozinha.
-Pensando em muitas coisas? – meu coração acelerou por pelo menos dez segundos. Olhei para o meu lado e ele estava com um sorriso no canto da boca.
-Você não sabe chegar como uma pessoa normal?
-Não sou uma pessoa normal.
-Percebe-se. Porque você sempre aparece do nada? Alias, eu não sei seu nome. Pode me dizer ou é mais um dos seus segredos?
-Meu nome é Fascínio. – ele esticou sua mão. – Muito prazer em te conhecer Isabelle.
-Fascínio? Você realmente não é uma pessoa normal. – me levantei e o vi fazer o mesmo. A porta abriu e saímos. Caminhei na frente e ele logo atrás de mim. Andávamos em passos lentos, eu sentia que ele queria me dizer alguma coisa. –Então, o que tem pra me dizer? Você só costuma aparecer para me deixar mais confusa.
-Bem. Fiquei sabendo que você teve uma ajuda externa hoje. – parei , não tinha como ele saber disso.
-Uma o que?- o olhei fixamente – Não tem como você saber disso, não há menor possibilidade.
-No nosso mundo, sempre há uma maneira de descobrir as coisas. – ele andou na minha frente e tive que acelerar meus passos para chegar junto a ele.
-Que história é essa de nosso mundo? Não está na hora de você me contar tudo sobre isso?
-Ainda não pequena sacerdotisa.
-Não gosto quando você me chama assim. – fiz cara f**a e ao perceber, já estávamos na rua da minha casa.
-Se me permite, quero sugeri-la de conversar um pouco com a Melissa. Ela irá precisar de sua ajuda.
-Melissa? Você mandou a Luna me procurar também não foi? Como você acha que posso ajudar essas garotas? Eu nem sei o que está acontecendo.
-Você é boa com intuições. Siga-a. – a minha casa estava há apenas alguns quilômetros. Percebi o borrão do meu lado e o vento frio indo embora. – Tchau para você também. – Vi que o tal Fascínio, havia ido embora. Comecei a pensar comigo mesmo. Melissa. Eu m*l sabia da existência dessa garota, como poderia ajudá-la, ou até mesmo falar com ela. Luna. Ela era uma seguidora de Luna. Ao chegar em casa, tudo estava em seu normal estado. Subi para meu quarto, antes passando por Jony e lhe dando um beijo. Eu não tinha tempo para conversar naquele momento, então fui direto para meu quarto e liguei meu computador. Poderia haver alguma rede social na qual eu e Luna fazíamos parte. Sem êxito. Tinha outra maneira, porém, mais difícil e com perguntas.
-Se eu te pedir uma coisa, você promete que me ajuda sem fazer muitas perguntas? – Lucas estava do outro lado da linha telefônica.
-Depende Isa. Se for uma coisa na qual acho que é encrenca, terei que me intrometer. – a doçura em sua voz me deixava tranquila.
-Eu preciso que você entre no sistema da escola, e consiga o numero da Luna para mim.
-Isso só pode ser brincadeira. – escutei a respiração pesada dele. – Pra que você o quer?
-Por favor Lucas. Preciso falar com a Melissa.
-Não pode esperar até amanha na escola? Tenho certeza que é algo que pode esperar.
-Não, não pode. Por favor, você é o único que me entende nessa loucura toda. – ouvi uma pausa – Lucas!!!
-Tudo bem, tudo bem. Me dá uns minutos. – a forma rápida que ele digitava me fazia esperançosa. – Você sabe o sobrenome da Luna?
-Não, mas provavelmente não há mais de uma Luna. Não podemos nem com ela, duas dela seria impossível. – a risada serviu para descontrair.
-Achei. Anota ai. – ele foi falando o numero e fui anotando no pequeno quadro que tinha em uma das paredes do meu quarto. – Você é realmente um grande amigo, e é por isso que é o melhor. Te devo uma.
-Vamos dizer que estamos quites pelo que você fez hoje mais cedo, na hora do almoço.
-Feito. Tenho que ir. Me deseje sorte.
-Boa sorte! –desligamos os celulares. Digitei o numero de Luna e respirei fundo antes de colocar o celular no ouvido. Chamou. Chamou mais uma vez. – Luna? Preciso falar com você sobre a Melissa.
-Isabelle? Como você conseguiu meu numero?– fiquei até surpresa por ela me atender com gentileza. Estava esperando um leve xingamento.
-Longa história. Preciso saber tudo que você acha relevante sobre a Melissa. – fui direto ao ponto.
-Melissa? – a voz dela parecia surpresa. – Não sei o que posso te contar. Ela sempre foi muito calada e me obedece muito bem até hoje. O que exatamente você quer saber?
-Ela sabe sobre você ser , hum, como posso dizer, diferente?
-Não seja trouxa! Claro que ela não sabe. – a Luna que eu conhecia havia aparecido.
-Então, eu acho bom você falar. Talvez ela também esteja envolvida nisso tudo. Antes que você pergunte como eu sei, o mesmo cara que foi atrás de você, veio atrás de mim outra vez. E ele disse que era para ficar de olho nela, e nada melhor do que a amiga dela para fazer isso. – ao perceber que Luna não falava nada, continuei. – E essa é sua parte do trabalho. Vocês são do mesmo bando, fale com ela.
-Não dá, Melissa sempre foi muito fechada.
-Isso não é problema meu. Tente mudar isso, tente ajudá-la, eu sei que dentro de você existe uma boa alma. – desliguei o telefone antes dela poder rebater qualquer palavra que tinha dito.