Rosa narrando
A cara tiro que eu ouvia meu coração ficava cada vez mais apertado, eu estava senta encolhida no canto chorando, e as emoções dessa manhã estavam demais pra mim, eu nem sabia mais do porque estava chorando, se era pelo tiroteio ou se era pela traição daqueles dois.
Maria: Calma minha filha , logo vai ficar tudo bem e o Pedro vai aparecer.
Apenas assenti com a cabeça e limpei meu rosto.
Ingrid: ah patricinha não estar acostuma com tiroteio na favela né- ela ironizou, mais eu ignorei -
Tina: Rosa deixa eu falar com você rapidinho - ela se aproximou de mim-
Rosa: Não tô afim Valentina, me deixa quieta
Tina: Eu só quero explicar , que não aconteceu...
Rosa: Não quero saber garota, me deixe quieta. - ela cruzou os braços se afastou -
A agatha se abaixou ficando de frente pra mim, tentando me acalmar.
Agatha: Amiga, que aconteceu, porque tratou a Tina desse jeito.
Rosa: Eu peguei Agatha - falei chorando - eu vi eles dois juntos na kitnet
Agatha: Não acredito, amigaaa- ela me abraçou-
Já tinha passado horas e nada daquele tiroteio acabar, depois de algum tempo não ouvíamos mais nada, ouvimos um barulho na porta se abrindo , ficamos em silêncio e quando entrou era o Vitin. Agatha correu pra abraçar ele, mais logo soltou quando notou sua mãe, que ainda não sabia deles dois.
Maria: Meu neto, cadê?
Vitin: Tá no postinho dona Maria, Rosa você pode vim comigo?
Maria : como assim no postinho? Oque aconteceu com meu menino ? - ela já estava desesperada -
Vitin: Nada dona Maria, tá tudo bem com o JP, tem nem um arranhão
Rosa: então pra que você quer me levar no postinho ?
Vitin: Rosa é o DL..
Rosa: oque aconteceu com o meu irmão? - voltei a chorar aos prantos -
Vitin: ele foi baleado, JP levou ele pra lá e pediu pra quando tivesse tudo bem te buscar.
Rosa: vamos, vamos agora - eu já estava desesperada-
Agatha: Eu vou com vocês- saímos os três-
Entramos no carro do Vitin e eu fui morrendo de chorar, quando chegamos no posto, logo na frente estava o JP sentado em um banco que tinha ali, eu corri na sua direção.
Rosa: Meu irmão, cadê o meu irmão? Diz que ele tá bem por favor- eu o abracei -
JP: Eu não sei ainda Rosa, mais fica calma , farei o que precisar pro seu irmão sair dessa.
Eu estava aos prantos sem notícia, pronta pra explodir a qualquer momento Até que o médico geral apareceu por ali , me adiantei até a ele
Rosa: Diz que meu irmão estar bem por favor
Doutor: O estado dele não é nada bom, mais a gente fez o que pode , ele precisa ser transferido pra um hospital com mais recursos pra ele, já estamos preparando a ambulância vocês tem que decidir pra onde levar.
Rosa: Meu Deus não sei oque vou fazer , preciso avisar minha mãe- chorando muito -
JP: Doutor, manda ele de transferência pro hospital que minha família vai, eu vou pagar tudo.
Ele encostou minha cabeça sobre seu peito me consolando e a Agatha fazia carinho sobre meus cabelos.
JP: Rosa você vai ter que ser forte, até porque a sua mãe vai ter que saber sobre.
Rosa: Sim - concordei-
Resolvemos toda papelada da transferência, eu fui com a ambulância e todos os outros ficaram, mandei uma mensagem no caminho pra minha mãe avisando pra me encontrar lar, eu estava tentando imaginar oque dizer pra ela , como dizer, logo que chegamos entraram com ele pra cirurgia e eu fiquei na sala de esperar, minutos depois minha mãe entrou pela porta
Rita: Cadê meu bebê, cadê meu filho - ela já estava aos prantos -
Rosa: Mãe calma, vai da tudo certo - eu a abracei -
Rita: oque aconteceu com meu menino , me conta Rosa.
Eu a sentei , dei um copo de água pra ela tentando acalma pra começar a contar, resolvi então contar tudo de uma vez, que eu conheci o JP que é sub dono do morro, logo depois descobrir que o Danilo estava traficando e tudo mais ...
Ela ficou horrorizada na verdade não estava querendo nem falar comigo.
Rita: Me deixe quieta um pouco Rosa, só quero que meu filho fique bem agr - eu apenas assenti com a cabeça ficando em silêncio-
Ficamos cerca de 1hora e meia ali em silêncio até o doutor aparecer.
Doutor: Boa tarde, familiares do Danilo Queiroz?
Rita: Sim, sou mãe dele - ela levantou em um pulo -
Doutor: então, a bala ficou alojada no pulmão, fizemos a cirurgia retirando a mesma, mais o paciente ainda estar em coma sem nenhuma reação.
Rita: Naaaao - chorando -
Rosa: Calma mãe, ele ainda pode acordar.
Doutor: Sim , pode sim, agora é só questão de aguardar e do corpo dele responder , ele é um rapaz forte tenho certeza que irá responder, preciso me retirar agora. - Doutor saiu -
Eu fiquei mais um tempo ali com a minha mãe , a noite eu resolvi ir em casa, ela não quis , pediu pra que eu buscasse as coisas pra ela passar a noite lá, o médico permitiu um acompanhante e ela insistiu pra que fosse ela, então eu fui pra casa de uber, chegando eu sentei no sofá pra descansar um pouco, ainda estava com o uniforme da faculdade, tirei apenas a blusa ficando apenas de sutiã a parte de cima, peguei meu telefone pra mandar mensagem pra Agatha.
Mensagem
Rosa: Amiga estou em casa, vim buscar algumas coisas pra minha mãe passar a noite lá.
Agatha: Vou aí ti ver, tenho coisas pra te contar
Rosa: Ok, te espero.
Fim de mensagem
Levantei fui para o banho , tomei um banho demorado, depois que sai vesti uma roupa leve, e fui ajeitar a bolsa que levaria pro hospital, escutei o barulho de alguém batendo na porta e fui atender, estava a Agatha e o JP
Rosa: Sério isso amiga ?
Agatha: Rosa você precisar ouvir ele, só um pouco amiga.
Rosa: Não tô pro clima disso agora JP
JP: só me escuta, depois eu vou embora se quiser.
Apenas abrir a porta dando passagem pra eles entrarem
Agatha: Eu vou aguarda vocês no carro, o Vitor veio também e não quero deixar ele lá fora sozinho.
Rosa: Claro que não entre os dois, vai chamar ele.
JP entrou e Agatha foi chamar o Vitin que entraram logo depois, pedir eles pra se sentarem mais o JP olhou pro Vitin como se estivessem coversando com os olhos .
Vitin: Rosa não comeu nada ainda né? Acho melhor fazermos alguma pra ela comer né? - ele falou com a Agatha, que logo percebeu a intenção-
Agatha: Sim, acho melhor, vou invadir sua cozinha amiga.
Rosa: Fica a vontade- falei enquanto sentava no sofá ao lado do JP - Pode falar.
JP: Rosa você precisar acreditar em mim, eu não fiquei com aquela garota.
Rosa: e como vc pode me provar isso? No telefone dela tinha seus contatos e você ligou pra ela pq eu vi, peguei vocês sozinhos fora da quadra, e mais essa hoje.
JP: tudo tem uma explicação Rosa e vc nem me deixou explicar
Rosa: Não tem oque explicar, é sua vida, sua onda, a vida que você quer , isso não é pra mim tá legal.
JP: p***a você não tá deixando eu explicar- ele já estava ficando nervoso -
Rosa: então explica Pedro- cruzei os braços-
JP: essa maluca tava querendo me dar de qualquer jeito, ela arrumou meu telefone, encheu ele de mensagens - ele me entregou o telefone na conversa dela -
Eu peguei li, fiquei horrorizada, e até então realmente ele estava falando a verdade, mais não mudava o fato de ter visto ela lá na kitnet dele praticamente nua.
Rosa: E o fato dela estar na sua kitnet quase nua?
JP: ela estava bêbada cara, Agatha o Vitin pode confirmar, ela disse que não podia ir pra casa, cedi dela dormir lá, foi só isso.
Rosa: Não me convenceu JP.
JP: Rosa acredita em mim, você é minha dama, minha vida, eu não faria nada pra magoar você
Rosa: Tudo bem JP, só me dá um tempo , eu preciso disso, eu não estou com cabeça pra pensar nisso agora.
JP: Me deixa ficar do seu lado enquanto você precisar. - apenas assenti com a cabeça confirmando- só não força.
Na verdade eu não estava com vontade de perder ninguém naquele momento estava bem difícil pra mim com o meu irmão naquele lugar, depois de conversamos, comemos, eu ja estava pronta pra levar as coisas da minha mãe pro hospital.
JP: A gente vai te levar lá, eu tenho que acerta as contas do hospital lá.
Rosa: Não é perigoso pra você lá?
JP: Não, o pessoal do Hospital já conhece a gente, todos que precisa de recursos melhores vai pra lá , o dono do hospital era amigo do meu pai.
Rosa: ah, então vamos.
Entramos no carro com Vitin dirigindo , não demorou muito chegamos no hospital, o carro entrou pelo portão de cargas , provavelmente pra ficar bem escondido , descemos os quatro do carro, Vitin levando minha bolsa, e com outro braço sobre a Agatha, eles foram mais a frente, eu dei passos distantes do JP, mais ele segurou meu braço.
JP: Dormi lá em casa hoje .
Rosa: JP, não força- abaixei a cabeça-
JP: Rosa, apenas dormir, você não vai ficar legal naquela casa sozinha, só quero cuidar de você, minha vó vai tá, e se você quiser eu durmo na sala, ou no chão.
Rosa: - eu pensei- Tá ok. - ele sorriu de lado -
Seguimos dentro do Hospital, até o andar em que o Danilo estava, quando chegamos JP foi direto pra recepção , eu , Agatha e Vitin fomos até a minha mãe que ainda estava sentada no mesmo lugar que eu a deixei.
Rosa: Mãe- abracei -
Rita: Trouxe tudo direitinho ?
Rosa: Trouxe sim , tá aqui com meu amigo.
Vitin se aproximou , colocou a bolsa sobre uma das cadeiras.
Vitin: Tá aqui dona
Rita: obrigada, vocês são de onde ? - perguntou pra Agatha e pro Vitin-
Rosa: Mãe essa aqui é a Agatha, minha melhor amiga e enfermeira chefe de onde fiz o estágio- apontei pra Agatha- Esse é o Vitin namorado dela e amigo meu e do Danilo tbm - apontei pra ele -
Rita: Amigo do tráfico? - Vi quando Vitin coçou a cabeça sem graça- bom não me importa agora.
Rosa: Sim, porque não estar lá dentro com o Dan ainda ?
Rita: A mulher falou que eu tinha que esperar , pra terminar de acerta tudo com o quarto dele, quero ver de onde vou tirar dinheiro pra pagar... - interrompi -
Rosa: Não se preocupa com isso mãe o JP tá resolvendo.
Rita: o seu namorado ?
Rosa: Sim- assenti com a cabeça-
Ficamos conversando quando o JP se aproximou junto com a recepcionista.
Xx: A senhora pode preencher esse papel aqui pra mim e depois tá liberada pra entrar. - ela entregou uma prancheta na mão da minha mãe-
JP: Tá tudo em ordem Rosa, Danilo vai ficar sobre os cuidados aqui e vocês não precisam se preocupar com nada.
Rosa: Ok, mãe esse aqui é o João Pedro- Os apresentei -
JP: prazer dona - ele esticou a mão pra comprimenta-la -
Rita: Não sei se posso dizer o mesmo - ela apertou a mao dele - mais prazer.
JP: entendo. - ele se afastou um pouco.
Rita: Bom, acho que é melhor vocês irem pra casa, eu vou ficar aqui com meu filho.
Rosa: qualquer coisa você me liga mãe por favor
Rita: Tá ok- ela se virou e foi -
Rosa: Me desculpem por isso, ela tá processando tudo que soube ainda.
JP: Não se preocupe com isso, vamos ?
Vitin: Rosa, te deixo em casa?
JP: Não mano, vai geral pro morro. - Vitin apenas assentiu com a cabeça-
Saímos os quatro, entramos no carro, dessa vez a Agatha foi atrás comigo.
Agatha: Vocês se entenderam ? - ela praticamente sussurrou-
Rosa: Não exatamente amiga, vc descobriu alguma coisa com o Vitin? - respondi sussurrando tbm-
Agatha: Sim, ele me contou tudo , disse que ela tava jogando na cara dele e ele não queria.
Rosa: e a ligação Agatha?
Agatha: Ele ligou pra mandar ela parar de perturbar.
Percebemos que o Vitin tentava presta atenção pelo retrovisor e paramos de falar, fui muda todo o resto do caminho, Vitin deixou a gente na porta da casa do JP e seguiu com a Agatha