James.
Depois de pagar Ryan e pegar minha mala, eu e vovô caminhamos em direção a sua casa. Enquanto ele me enche de perguntas.
- como vai os estudos?- diz, me dando um sorriso caloroso.
- bem. Agora só falta um ano para eu finalmente me livrar da hybrid academy.- respondo, demostrando todo o que interesse naquela escola, que é...zero.
- já aprendeu à controlar seu dom?- diz, abrindo a porta de vidro da casa e sinalizando para que eu entre.
- errr... Mais ou menos.- o que na verdade quer dizer “não” já que a única coisa que eu consigo fazer direito é acender um vela ou uma fogueira, e se, não tiver nada perto.
- Thomas não estava te ensinando?
- sim, mas digamos que eu não seja um bom aluno.- lanço pra ele um sorriso travesso.
- aposto que não.- diz, antes de soltar um gargalhada e me abraçar novamente.
- senti saudades.- sussurra no meu ouvido, enquanto dá tapinhas no meu ombro.
- também senti, Vô.
- e seus pais, como estão?
- bem. Eles queriam vir visita-lo, mas estão muito ocupados esses dias.- decido deixar de falar da sessão de amassos que eu tenho que aturar todo dia.
- e aquele meu genro, está cuidando os meus bebês direitinho?- diz, se referindo à meu pai Aaron.
- claro Vô. O trabalho dele é nos proteger. Literalmente.- acrescento.
- ótimo, senão eu mesmo ia lá dar uma surra nele.- diz, embora seu tom seja brincalhão. Mesmo sem que ele diga, sei que ele ama meu pai Aaron como um filho.
- agora vamos lá na cozinha. Eu estava preparando uma lasanha muito especial para você!- chama ele, me fazendo colocar a mala em cima do sofá e tirar a cochila das costas e colocar lá também.
- sua comida é a melhor Vô.- elogio, fazendo ele estufar o peito de orgulho.
- agora vamos. E é melhor você comer pelo menos metade. Tá muito magrinho pro meu gosto!- fala, antes de me puxar pelo braço e começar andar pela sala em direção à cozinha.
Antes mesmo de chegar lá, o cheiro bom da lasanha entra pelas minhas narinas e faz minha boca encher d’água.
A sua cozinha é super organizada e limpa. A lasanha descansa em cima do balcão de mármore.
Meu Vô fala alguma coisa, mas eu não dou ouvidos. Estou totalmente concentrado na lasanha, no cheiro, no vapor que sai dela... m***a, Estou abanando a cauda como um cachorrinho!!
- o-oque você disse mesmo Vô?- falo, enquanto caminho para mais perto daquela maravilha.
- perguntei se você quer um suco.- responde ele, enquanto abre o armário e pega um prato de porcelana para mim.
- não precisa.
- mas se quiser, tem na geladeira.- informa, antes de colocar o prato no balcão, me pegar pela cintura e me colocar sentado ao lado da lasanha, como se eu fosse uma criança. Mas eu não me importo com isso.
- e você Vô? Como tem passado?- pergunto, vendo ele cortar a lasanha a colocar um pedaço super grande na prato, antes de entrega-lo para mim e se virar para pegar um garfo do armário.
- ah. Eu estou bem, só fico um pouco solitário as vezes.- ele me entrega o garfo e senta ao meu lado.
- você não ficaria solitário se fosse morar com a gente.- digo, mesmo sabendo que é inútil tentar convence-lo. Meus pais tentam à anos, mas ele é cabeça dura e sempre recusou.
- eu gosto daqui.- diz pensativo.
- ou você poderia arranjar uma namorada. Qual é Vô, o senhor só tem uns 120 anos.- sugiro, encarando seus olhos castanhos.
Embora ele tenha essa idade, sua aparecia é de um homem com menos de 30 anos.
- não quero uma namorada.
- então arrume um namorado.- falo, antes de enfiar uma farfada enorme da lasanha na boca. Ele solta uma gargalhada antes de responder.
- também não quero um namorado. Só queria que vocês viessem morar comigo.
- você pode ir morar com a gente...
- não assim Jamie. Eu queria vocês aqui, não eu lá.- diz, o que quase faz questionar se não é a mesma coisa. Sei que ele ama muito essa casa, que gosta de cuidar do pomar que meu pai fez pra ele em segundos (papai sempre contou essa história, o que fazia eu ficar fascinado pelo lindo pomar que tem atrás da casa todas as vezes que venho aqui. Nunca descobri se isso é verdade, mas eles afirmam que sim.)
- okay, okay.- desisto de tentar convence-lo.
- mas e você? Tem namorada?
-não!- respondo urgente ainda com a boca cheia.
- namorado?
- também não vô!!- acredite ou não, discutir isso com minha família não é algo que eu gosto.
- ficou nervosinho foi?- murmura sorrindo, antes de começar à fazer cócegas em mim, fazendo gargalhadas escaparem da minha garganta e eu precisar de todo autocontrole para não derrubar o prato.
- p-para... Por favor!!- imploro, o que ele atente só depois de alguns instantes, o que me quase me fez fazer xixi nas calças.
- okay okay. Agora termina logo de comer, a gente ainda tem muito que conversar.- ele bagunça meus cabelos, fazendo-os cair sobre meus olhos.
- o senhor ainda tem aquele baralho que usávamos?- digo, antes de encher a boca de lasanha. O gosto é tão bom...
- claro! Está lá no seu quarto. Você pode ir buscar depois que terminar de comer, para a gente jogar um partida.
- okay. Mas fique sabendo que o senhor já perdeu.- falo convencido, dando-lhe um sorriso torto.
- haha. Vai sonhando, raposinho.
(****)
Depois de comer e conversar mais alguns minutos com meu avô, pego minha mala e mochila e subo as escadas, indo em direção ao meu quarto. Na verdade... O quarto é do meu pai Thomas, ou melhor, era.
Escolhi esse quarto porquê ele ainda tem todas as coisas do meu pai, de quando ele adolescente, o que me faz lembrar de casa.
Abro a porta do quarto e sou recebido pela luz que entra pela janela de vidro. O edredom azul claro está super organizado sobre a cama, o tapete felpudo aos pés dela me fazem lembrar do dia que eu quase incendiei a casa, tirando um sorriso involuntário de mim.
Deixo as bolsas sobre a cama e caminho até ficar de frente para a janela, recebendo a luz quente reconfortante banhar meu rosto.
A luz não machuca meus olhos, possl ficar olhando o dia todo para aquele sol brilhante e imponente, que me faz querer toca-lo... Acho que isso é um bônus por poder controlar o fogo. Ele não me causa nada, posso colocar a mão sobre uma fogueira, e não sentir nada, só o fogo quente e reconfortante envolver meus dedos, mas sem nenhuma dor. E isso sem precisar de um pingo de concentração, ao contrário do meu pai Thomas, que tem que se concentrar bastante antes de fazer algo assim.
Viro a cabeça para o lado, desviando o olhar. Encaro a escrivaninha de madeira, onde há uma pilha de livros, que parecem ser mais antigos que meu avô. Vou até lá e pego um livro fino e estranho, que estava embaixo de todos os outros.
O livro é velho e desgastado, mas consigo ler o título, embora tenha um pouco de dificuldade.
“ Alice no país das maravilhas”
Que livro é esse? Folheio as páginas velhas com cuidado, tentando achar alguma coisa sobre o híbrido que escreveu ou algo assim. Não encontro nada.
Graças à meu pai, que despertou o interesse da leitura em mim, já li tantos livros que é quase impossível conta-los. E mesmo assim, nunca ouvi falar desse aqui.
Frustrado. Deixo o livro ali na escrivaninha, pego o baralho na gaveta e caminho para fora do quarto.
À noite, eu posso tentar ler esse livro.
- VÔÔÔ! Achei o baralho, Vamos jogar.- grito, enquanto desço as escadas.
- pronto pra perder Jamie?- diz, já sentado no tapete vermelho e felpudo que fica no meio da sala de estar.
- vai sonhando, coroa.