capítulo 20

1170 Palavras

Meus olhos ainda grudados no retrovisor. No fundo, o morro me encarava como espelho rachado. Mostrando quem eu era antes. E quem eu virei depois. Respirei fundo. O volante suando na minha mão. A Glock ainda quente no meu sangue. — “Mudei…” — falei. Voz sem pressa. Sem freio. Sem filtro. — “…no dia que eu tive que enterrar a mulher que mataram na minha frente.” Helena me olhou. Olho cheio. Alma cheia. — “Mudei… quando eu precisei carregar no colo a única pessoa que me fazia querer viver.” A garganta apertou, mas continuei. Porque quem sangra demais, aprende a falar do sangue como se fosse rotina. — “Mudei… quando olhei pro corpo da Luísa e percebi que o futuro que eu sonhei tinha sido enterrado com ela.” Engoli o resto. Ou tentei. — “Agora… só sobrou isso aqui.” — bati no peit

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